Dificilmente o Benfica esperaria ter pela frente numa fase tão importante da temporada um verdadeiro fim-de-semana prolongado de futebol com dois jogos em quatro dias apenas divididos por dois pelo meio e logo frente a dois adversários provenientes do Minho e indubitavelmente exigentes como o Vitória de Guimarães e o Sporting de Braga.
Se na próxima 2ª feira estará agendada, a contar para a meia-final da Taça CTT, a visita dos bracarenses, rivais já bem conhecidos e derrotados por duas ocasiões pela Liga NOS, a situação muda ligeiramente de figura com o Vitória, um rival apenas encontrado na 1ª volta, em Guimarães, e num jogo que se revelaria dos mais difíceis de toda a época com uma vitória alcançada em esforço já no período final, pelo que as dificuldades a ter pela frente mantêm-se envoltas em mistério.
Três dias antes de ter pela frente os comandados de Paulo Fonseca, entre os quais o muito pretendido Rafa, a preocupação nº1 do Benfica terá forçosamente de ser o Vitória num encontro revestido do dobro da importância pelo facto de ser disputado nas vésperas de um Clássico no Dragão entre FC Porto e Sporting cujo epílogo associado a uma vitória neste desafio a disputar na Luz poderá resultar numa eventual preparação de festa.
Mais a mais, o Benfica estará ciente das dificuldades que este oponente é capaz de apresentar, tendo para além da boa réplica deixada no acima comentado encontro referente à 1ª volta também no seu estádio, o D. Afonso Henriques, sido em grande parte superior ao rival directo das águias na luta pelo título, o Sporting, na partida disputada pelos leões em solo vimaranense. Como tal, está exibido o cartão de visita deste Vitória de Guimarães.
Atenção a Sérgio Conceição
Comparativamente com o vizinho e rival Braga, este Vitória tem o mesmo poder histórico mas não possui o mesmo estatuto europeu, não tendo tido a oportunidade de se mostrar além-fronteiras com encontros de Liga Europa frente a adversários poderosos como por exemplo o Fenerbahçe.
Mais: não possui sequer a mesma qualidade individual, ainda que registe efectivas melhoras a nível anímico em relação a um início de época penoso culminado com a eliminação da Taça de Portugal perante o Penafiel, da II Liga.
Pese o claro favoritismo encarnado, o clube de Guimarães possui as suas armas, e a principal deverá inclusivamente ser o próprio treinador, Sérgio Conceição, que ainda na época passada se autocaracterizou como “um treinador diferente dos outros”, timoneiro de um conjunto que já demonstrou ser das equipas que mais capitaliza o erro alheio quando se depara perante um dos ’três grandes’.
Desta forma, para sair vitorioso o Benfica terá de estar preparado para encontrar dois desafios de semelhante grau de dificuldade neste fim-de-semana que se aproxima. Caso consiga aplicar a moralização, atitude e acima de tudo a qualidade futebolística que lhe permitiu discutir o apuramento para as meias-finais da Champions com o todo-poderoso Bayern de Munique, tudo será manifestamente mais fácil.
Neste caso com uma motivação acrescida: caso bata o Vitória e o FC Porto pelo menos ’bata o pé’ ao Sporting, impondo um empate ou mesmo uma derrota aos leões, o clube da Luz poderá ambicionar a celebração da festa do título já no fim-de-semana seguinte, na Madeira.
Saber lidar com a pressão
Isso será do conhecimento de Rui Vitória e seus pares, de quem se espera também um grande equilíbrio emocional não só para preparar a equipa tacticamente como para suportar vários outros tipos de pressões externas.
Com o aproximar do final desta Liga, serão expectáveis novos ‘mind games’ desde o outro lado da 2ª Circular por parte do Sporting, liderados por Jorge Jesus - já o fazia num passado recente quando ainda treinava precisamente o Benfica -, de quem se esperarão comentários com o intuito de incutir ansiedade.
Até porque, tal como fora do campo, no qual se tornou o grande protagonista da discussão referente aos direitos televisivos no futebol português, o Benfica protagoniza as atenções de mais esta Liga que em caso de sucesso poderá ser a terceira consecutiva para o emblema encarnado. Porém, antes de eventualmente confirmar esse marco terá mais três desafios para comprovar se se mantém capaz de suportar tamanha pressão.
Para agravar as dificuldades, a pressão nesta altura é também acima de tudo física numa equipa que vem sofrendo com desgaste como vem sucedendo com Kostas Mitroglou, a referência mais posicional do ataque benfiquista. Será inclusivamente o grego a grande dúvida do alinhamento titular benfiquista, mantendo-se a dúvida sobre a sua continuidade como titular ou se o cansaço que vem evidenciado pode levar à chamada do motivado Raúl Jiménez.