Tal como no que diz respeito à qualidade dos intervenientes dentro de campo, também fora dele o duelo entre ‘comandantes’ será intenso, e nesse prisma a experiência internacional poderá ser um atributo a ter em contam e que poderá beneficiar Roy Hodgson, veterano treinador que comandará a Inglaterra, uma das candidatas que ‘corre por fora’ a fim de surpreender neste Euro 2016.

Este é um técnico muito capaz na leitura que faz ao próprio jogo, optando na maior parte das ocasiões pelo conservadorismo ao invés da ousadia que muitas vezes conduz a derrotas… Será muito por isso que celebrou no mês passado quatro anos ininterruptos no cargo.

Contudo, ser conservador não significa falta de aposta em poder de fogo, como se verifica na convocatória que elaborou para o Europeu e ainda no último particular, disputado perante a Selecção Nacional, ao ter lançado sem hesitações uma dupla de goleadores composta pelos dois atacantes que mais se destacaram na última Premer League, Jamie Vardy e Harry Kane - ao que tudo indica, será mesmo esta a dupla escolhida para dar início ao certame.

Não se resumem a Vardy e Kane as possibilidades de garantia de qualidade do ataque inglês, que conta ainda com uma das sensações do futebol internacional que começou a época ao serviço de uma ambiciosa equipa de sub-21 do Manchester United, e terminará a mesma disputando em idade júnior a primeira grande competição continental ao nível sénior. Referimo-nos, é evidente, ao potente Marcus Rashford, uma aposta do seu seleccionador mesmo perante algumas vozes que apontaram uma eventual ‘verdura’ impeditiva de se constituir uma opção a ter em conta para a equipa.

Rashford foi uma aposta do seleccionador que gerou dúvidas, mas compensou // Foto: skysports.com
Rashford foi uma aposta do seleccionador que gerou dúvidas, mas compensou // Foto: skysports.com

Mérito de Hodgson na escolha de líderes para sectores essenciais como a defesa

Rashford representa uma nova geração do futebol inglês que em breve irromperá pela selecção principal - é bom não esquecer a valia, por exemplo, da equipa actualmente sub-21, que ainda há dias conquistou o Torneio de Toulon, e as gerações que fizeram parte dos últimos dois Europeus de sub-17, como até o último no qual Portugal se sagrou justo vencedor. Ao contrário de outros técnicos da sua geração, o experiente inglês já garantiu estar bem atento a esta nova vaga…

É mesmo na defesa, e especialmente a meio-campo, que se descortina com maior facilidade o estilo prático, por vezes pouco espectacular, mas normalmente eficiente de Hodgson. Começando pelo sector defensivo, este é comandado por aquele que neste momento será o melhor defesa central inglês, apesar de pouco ‘publicitado’, como é o caso de Gary Cahill, atleta firme no processo defensivo e implacável no aproveitamento de pontapés de canto em ajuda ofensiva.

A meio-campo, o grande mistério estará na capacidade que a equipa e a astúcia do seu treinador revelarão para suprir a despedida de Steven Gerrard, um dos grandes nomes da geração passada, que abandonou a selecção e se dedica agora à americana MLS. Terá Hodgson escolhido já o seu líder?

Com a saída de Gerrard, fica a questão de quem o seleccionador escolherá para comandar a equipa
Com a saída de Gerrard, fica a questão de quem o seleccionador escolherá para liderar a equipa

Olho clínico do experiente técnico chega até ao Championship, como comprova a chamada de Heaton

Tanto nos sectores defensivo como intermediário, para além do interessante potencial, a palavra de ordem é estabilidade, o que muitas vezes garante uma preciosa vantagem a este conjunto inglês, ainda mais perante rivais com o hábito de operar muitas alterações. Muitas mexidas numa equipa comandada por Hodgson apenas em caso de hecatombe…

Na baliza, anos depois de contar com guarda-redes de valia duvidosa como ‘Calamity’ James, Paul Robinson ou Robert Green, a qualidade parece garantida com Joe Hart - mesmo que Pep Guardiola não o aproveite, a fila de interessados pelos seus serviços será bem longa. Interessante também a chamada de Tom Heaton, demonstrativa de que Hodgson também acompanha, e valoriza, a carreira de quem brilha no altamente competitivo Champanhes (um enganador segundo escalão).

O elevado nível de jogo da Premiership garante valia a esta equipa inglesa, que se veio habituando a disputar pontos semanalmente com vários dos melhores intervenientes internacionais deste jogo. Isto pode representar uma vantagem acrescida e, quem sabe, alterar a famosa frase feita do antigo internacional inglês Gary Lineker.

Como é sabido, o ex-goleador regista que onze contra onze no final ganha a Alemanha”. Desta feita, com Hodgson ao comando, ver-se-á se em França não poderá mesmo dar Inglaterra no que seria um feito inédito para a equipa dos Três Leões, que nunca alcançou um título europeu.