Foi uma verdadeira final que se jogou na Luz (só a vitória importava ao Benfica), numa noite com esférico estrelado. Tudo estava por decidir no grupo B e, não fosse o deslize do Besiktas, o desfecho seria diferente. Certo é que, mesmo perdendo, as águias festejaram, juntamente com os italianos, garantindo a passagem aos oitavos-de-final da Champions.
Rui Vitória só fez uma alteração relativamente ao 11 que perdeu na Madeira: Jiménez voltou à titularidade depois de ter faturado frente ao Moreirense. Já Sarri, privado já há muito tempo do seu ponta-de-lança Milik, apostou na habitual híbrida frente de ataque Callejón - Insigne - Gabbiadini. Contudo, nos italianos estava em destaque Hamsik, o maestro napolitano, que era o elemento que podia desiquilibrar, partindo do meio campo e chegando à zona onde Fejsa o teria de vigiar.
O início de jogo mostrou duas equipas com a intenção de pressionar alto, apesar da derrota ser fatal para qualquer um dos lados. Nos primeiros 15 minutos não se descortinava sinal de domínio, quer de Napoli quer de Benfica. O jogo estava intenso, mas ao mesmo tempo controlado por ambos os lados. A primeira grande oportunidade de golo só surgiu aos 21 minutos por Gonçalo Guedes, na sequência de um erro da defesa napolitana. Já perto da baliza, Guedes não conseguiu faturar.
A partir daqui o jogo soltou-se mais para ambos os lados. Desde remates de fora-da-área de Nélson Semedo a cruzamentos venenosos de Callejón, passando por grandes defesas de Ederson. Ao minuto 36 a parada do brasileiro é soberba, depois de um movimento de rutura de Gabbiadini. Até ao fim da primeira parte não haveria golos e a verdade é que, nessa altura, já só o primeiro lugar do grupo é que se jogava. O Besiktas, reduzido a 10, perdia por 3-0 em Kiev e garantia o apuramento quer para o Benfica, quer para o Napoli.
O Napoli voltou para a segunda parte com a intenção de especular um pouco mais com o jogo, já que o empate beneficiava mais os italianos, e o Benfica aproveitou esta oportunidade para crescer na partida. O jogo encarnado fluía claramente mais rápido, a bola rondava a área napolitana e o Benfica estava a reagir muito mais depressa à perda de bola.
Apesar do domínio encarnado não se materializar em oportunidades, sentia-se que a vantagem podia surgir a qualquer altura. Rui Vitória foi rápido a mexer e aos 57 minutos lançou Rafa no jogo, à procura de ser mais incisivo no espaço entre linhas, fazendo de Guedes o sacrificado. Na mesma altura, Sarri lançou o extremo Mertens para o lugar do ponta-de-lança Gabbiadini, reforçando a intenção de ferir os encarnados no contra-ataque.
A opção surtiu efeito
Aos 60 minutos, numa jogada muito bem desenhada, Callejón isola-se e pica a bola sobre Ederson, inaugurando o marcador. O Benfica ainda não tinha a qualificação em risco, mas estava obrigado a marcar dois golos para garantir o primeiro lugar do grupo. Contrariamente, foi o Napoli que cresceu no jogo após o golo. O jogo dos italianos continuou a ser expectante, mas o Benfica, nos minutos que se seguiram à desvantagem, não conseguia ser tão eficaz como até então, e as precipitações no ataque foram-se seguindo umas às outras.
Sarri voltou a dar um sinal de contenção à equipa já depois do minuto 70, quando substituiu Hamsik por Zielinski, um jogador de caraterísticas mais defensivas. O Napoli estava claramente confortável no jogo. No momento em que Rui Vitória ia arriscar tudo com a entrada de Mitroglou, o Benfica sofreu a segunda facada no jogo. Mais um contra-ataque bem desenhado, grande jogada individual de Mertens e 2-0 para o Napoli à entrada para os últimos 10 minutos de jogo.
As opções de Maurizio Sarri estavam a ser decisivas para o desenrolar da segunda parte, e Rui Vitória foi incapaz de trazer o Benfica de volta ao jogo, sendo que só aos 86 minutos é que o Benfica reentrou na partida, já tardiamente. Jiménez aproveita um erro da defesa do Napoli e, no frente a frente com Reina, não vacilou, reduzindo a desvantagem encarnada.
A Luz acordou, mas o resultado não sofreria mais alterações. O Napoli conquistou uma vitória justa num jogo em que nenhuma das equipas sai verdadeiramente derrotada, já que ambas estarão nos oitavos-de-final da Liga dos Campeões.