Dentro do confronto que vale não só a velha rivalidade pela supremacia em Lisboa e por todo o País e ao mesmo tempo a liderança da Liga NOS, o Benfica - Sporting, o sempre apetecível derby da 2ª Circular traz também à vista daqueles que apreciam o encanto da modalidade um duelo muito particular na zona na qual normalmente se decidem os desafios - no meio-campo, onde os criativos imperam e a inteligência praticamente sempre faz a diferença.

Tanto águias como leões têm ‘aquele’ jogador cujas características correspondem aos atributos acima descritos. O Benfica, tricampeão nacional em título, apresenta Pizzi como dinamizador da sua intermediária, devendo envolver-se numa verdadeira ‘batalha naval’, física e estratégica, com o capitão sportinguista, Adrien Silva. Analisando mesmo o momento actual das duas equipas, a importância destes dois jogadores é tão grande que extravasa mesmo as quatro linhas e se estende mesmo ao balneário e ao carácter motivacional.

Começando por Adrien, este será dos futebolistas que mais de perto têm convivido com a frustração de nos últimos anos se terem visto afastados do título nacional, servindo como símbolo para companheiros que eventualmente não estejam identificados com a importância transcendental que um Clássico sempre representa.

Adrien será determinante na manobra leonina, inclusivamente a defender

Mais experiente do que os seus 27 anos farão parecer, o médio leonino assumirá a demanda pelo restabelecimento da equipa que terá para perceber a enorme diferença entre prosseguir na Liga dos Campeões, ser repescado para a Liga Europa ou ser irremediavelmente afastado das competições europeias como foi o caso para a turma de Alvalade. Não há outra forma de o dizer: o Sporting deixou cair na 4ª feira um dos objectivos da sua época.

Dentro de campo, espera-se que a missão de Adrien tenha agora vitalidade acrescida pois implicará um reforço defensivo no que respeita à compensação das subidas dos laterais, em especial na esquerda, onde o Sporting vem apresentando problemas ao nível da estabilidade. Passa (e muito) pelo rigor táctico de Adrien um eventual sucesso verde-e-branco…

No entanto, também no processo ofensivo o Sporting dependerá da inteligência posicional e na definição de passe que revelam o seu capitão. Principalmente quando em vários posições-chave da equipa a regularidade tem vindo a faltar, desconhecendo-se se para colocar cobro a essa situação não se repita o que com sucesso se fez na temporada passada num outro Clássico como a recepção ao FC Porto na qual surpreendeu tudo e todos a titularidade do jovem Matheus Pereira. Jorge Jesus teve mesmo de ’inovar’.

Para além da qualidade de jogo, Pizzi assumirá um papel relevante a levantar a moral encarnada

Quem sabe se como fez no passado, os leões não apresentam um trunfo inesperado, uma medida que Jorge Jesus usa (e muitos apontam que abusa), e poderá reeditar num confronto no qual será também um ponto em comum entre os dois futebolistas: hoje um dos maiores apreciadores das capacidades de Adrien, o treinador sportinguista foi o primeiro a lançar Pizzi nas funções que actualmente ocupa, sobre o centro do terreno, inovando como poderá vir a fazê-lo este Domingo na Luz.

Caso não existam surpresas, a convicção dos símbolos da equipa terá de ser ainda mais vincada… E será nesse aspecto que Pizzi será fundamental para consumar os anseios do Benfica uma vez que consiste também num dos jogadores mentalmente mais estáveis dentro do grupo, devendo assumir um papel de controlo psicológico perante acusações e críticas que eventualmente possam assolar o grupo de trabalho em seu redor. No que ao relvado diz respeito, será relevante não esquecer que o estratega encarnado é ao mesmo tempo o melhor marcador da equipa.

Convite feito para assistir a este jogo… dentro de outro jogo. Provavelmente os dois melhores estrategas do futebol nacional, ambos portugueses, num confronto para o qual partem em igualdade de circunstâncias. Ficará o espectáculo a ganhar!