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Suécia x Portugal: Estudo do Meio

É já nesta terça-feira que Suécia e Portugal disputarão a última vaga de acesso ao Campeonato do Mundo de 2014. Terminado o primeiro assalto, e com cada um no respectivo canto, olhemos mais de perto...o meio. Muito do desenlace da partida de Estocolmo passará pelo meio-campo e com certeza que ambos os seleccionadores irão investir uma forte dose de atenção neste sector. Se Paulo Bento tenderá a procurar manter o equilíbrio da equipa e a solidez defensiva, já Erik Hamrén vê-se obrigado a partir para o ataque, em virtude do resultado da primeira mão.

Suécia x Portugal: Estudo do Meio
Suécia e Portugal voltam a enfrentar-se, desta vez em Estocolmo (Foto: FPF | Diogo Pinto)
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Por Francisco Ferreira

Com certeza que o assíduo adepto de futebol já terá compreendido a importância vital que o meio-campo tem na dinâmica de jogo de uma equipa. Com efeito, muita da glória e desgraça num jogo de futebol passa pela zona intermediária, e o encontro desta terça-feira não será excepção.

Meio-campo da Suécia: Rigor e versatilidade

Entrando em campo em situação de desvantagem, é de prever que Erik Hamrén faça alterações no seu meio-campo. Se em Lisboa os nórdicos preocuparam-se em povoar a zona central através da junção de Larsson a Elm e Kallstrom, é de esperar que o técnico sueco aumente o balanceamento ofensivo da sua equipa. Para este efeito, Hamrén conta com o veterano Anders Svensson, um médio mais criativo que, apesar dos seus 37 anos, compensa o peso da idade com a sua capacidade técnica.

Para a entrada de Svensson será necessário prescindir de um dos membros da zona central. Se por um lado Rasmus Elm oferece maior segurança e equilibrio a nível defensivo, já a capacidade de passe de Kim Kallstrom poderá ser uma mais valia para tentar penetrar na defesa portuguesa e alimentar a dupla atacante.

Jogue quem jogar, Erik Hamrén não prescinde do seu meio-campo constituído por quatro homens em linha, colocando habitualmente Larsson e Kacaniklic nos flancos. Ao contrário de Larsson que frequentemente flecte para a zona central, Kacaniklic é um jogador mais vertical, um verdadeiro extremo que alarga o jogo sueco e que frequenta terrenos mais adiantados.

Caso seja necessário, o seleccionador sueco tem como alternativas para o meio-campo jogadores como Wernbloom ou Jimmy Durmaz; o primeiro é um médio de características mais defensivas, enquanto que Durmaz apresenta-se como um extremo altamente ofensivo e sem receio de partir para cima do lateral.

Apesar da ideia generalizada da gravitação do jogo sueco em torno de Ibrahimovic, e apesar de haver uma boa dose de verdade nessa constatação, a verdade é que o meio-campo dos nórdicos apresenta um elevado grau de organização e rigor táctico; um factor que, para além de procurar esconder as evidentes debilidades do sector defensivo, não descura uma oportunidade de avançar no terreno e causar desequilíbrios.

                                                             Larsson em acção frente a Portugal (Foto: FPF | Diogo Pinto)

Meio-campo de Portugal: Um triângulo de trabalho

O resultado obtido no Estádio da Luz deixa Portugal com uma magra vantagem sobre a congénere sueca. Todavia, uma vitória pela margem mínima não será suficiente para que Paulo Bento veja necessidade em alterar a estrutura-base da sua equipa. Assim sendo, é de esperar que o seleccionador português volte a optar pelo triângulo constituído por Miguel Veloso, Raúl Meireles e João Moutinho, sendo este último a principal ligação da zona intermediária com o ataque.

Apesar do evidente pendor ofensivo dos extremos lusos, é de esperar uma maior disponibilidade por parte dos mesmos na execução de tarefas de índole defensiva, de forma a conter o ímpeto ofensivo dos suecos, mormente na parte inicial da partida. Claro que não se pedirá a Nani e Ronaldo que se juntem aos laterais na defesa, porém, a pressão imediata na zona de construção de jogo dos suecos poderá revelar-se essencial para impedir o desenvolvimento do jogo nórdico, visto que o mesmo será diferente daquele apresentado em Lisboa.

Obviamente que as vicissitudes do encontro poderão ditar algumas alterações ao longo do jogo. A manutenção do 0-0 até perto do final poderá levar Paulo Bento a chamar William Carvalho para dar mais poder de choque ao miolo português. O seleccionador nacional poderá também optar pela entrada de Josué em detrimento de um dos extremos, por forma a que o jogador do FC Porto equilibre o corredor central. Já uma eventual posição de desvantagem poderá gerar a inversão do triângulo do meio-campo, ou ainda a destruição deste em nome da abertura da frente de ataque.

Portugal não pode (nem precisa) de se fechar na defesa, muito menos colocar o autocarro à frente de Rui Patrício. Jogar para o empate é um risco demasiado alto num jogo de carácter decisivo; as naturais cautelas defensivas, juntamente com a pressão da Suécia, não deverão tolher a veia ofensiva lusa que sabe que, se marcar primeiro, arruma a questão. Será um jogo de paciência, sofrimento e inteligência, características que o meio-campo português deverá apresentar para que a nossa selecção carimbe o passaporte para o Brasil.

                                                      Veloso e Meireles dominam o meio-campo (Foto: FPF | Diogo Pinto)