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Mundial 2014: Paulo Bento e os 23 escolhidos

À medida que nos aproximamos daquele que é o maior evento futebolístico do planeta, o Mundial, em 2014 disputado no Brasil, as grandes selecções vão começando a revelar um pouco dos jogadores que fazem parte das suas convocatórias finais. A VAVEL Portugal ajudará neste artigo a entender quem está em melhor posição e quais são as surpresas que se podem esperar do seleccionador nacional Paulo Bento.

Mundial 2014: Paulo Bento e os 23 escolhidos
Paulo Bento (Foto: AP).
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Por Tiago Labreca

A pouco menos de 15 dias da esperada convocatória final divulgada por Paulo Bento para o Mundial 2014, começaram a surgir no seio dos meios de comunicação vários nomes que podem integrar facilmente a lista final da selecção portuguesa. Contudo, é de salientar que estes primeiros nomes revelados fazem parte de uma possível pré-convocatória elaborada por Paulo Bento, constituída por cerca de 40 jogadores que o selcionador nacional acompanhou e analisou durante toda a época desportiva.

É sabido que o núcleo duro já está praticamente definido, com cerca de 13 a 15 jogadores que Paulo Bento considera indispensáveis e que acompanharam o percurso do seleccionador durante toda a qualificação para o Mundial. Entre eles contam-se jogadores como Cristiano Ronaldo, Rui Patrício, Pepe, Bruno Alves, João Pereira, Fábio Coentrão, o "tridente M" do meio campo, Meireles, Miguel Veloso e Moutinho, e também Hélder Postiga, entre alguns outros sobre quem ainda pairam dúvidas.

Analisando posição a posição os possíveis convocados, existem contudo algumas ressalvas perante certos jogadores que poderão entrar na convocatória pela regularidade exibicional que apresentaram, em detrimento de outros como Nani, que poucas partidas realizou na presente temporada.

Rui Patrício, Beto e ... a dúvida mantém-se

A posição de guarda redes não parece levantar grandes preocupações para Paulo Bento e não se esperam grandes surpresas nos três convocados para esta zona do terreno.

Anthony Lopes parece estar na frente da luta.

Rui Patrício é o inevitável guardião da selecção nacional e Paulo Bento mantém a confiança no jovem desde os tempos em que o selecionador treinava o Sporting. Com um nível exibicional elevado ao serviço do clube de Alvalade, não parece haver qualquer tipo de dúvida no que respeita ao melhor guarda-redes português da actualidade. O segundo guarda-redes também não oferece dúvidas: Beto, o salvador de Sevilha em tantas ocasiões, que cada vez mais se impõe na equipa espanhola como uma das suas principais figuras, terá o lugar na selecção garantido.

A dúvida parece residir apenas na escolha do terceiro guarda-redes. Anthony Lopes, o guarda-redes titular do Lyon, com 23 anos, parece estar na frente da luta por este último posto. Bastante jovem, tem sido aposta nas convocatórias de Paulo Bento. No "rasto" do jovem do Lyon, segue Eduardo, experiente guardião do Braga que tem progressivamente perdido o lugar na seleção. Desde titular a não convocado, a má época do Braga poderá ser uma das razões para Eduardo acabar fora do lote que viajará para o Brasil.

Por último, e já oficialmente pré-convocado, está Ricardo, que defende as redes da Académica e que tem sido muito elogiado pelas grandes exibições que teve em Coimbra. Ainda que a opinião pública o coloque em vantagem sobre Anthony Lopes e Eduardo, a verdade é que não conta com nenhuma chamada por parte de Paulo Bento, pelo que não deverá ser um dos 23 nomes finais.

7 defesas por escolher, 4 do núcleo duro, 3 muito prováveis

Entre centrais e laterais, as contas serão forçosamente diferentes. De facto, desde que Paulo Bento comanda a selecção nacional, toda a linha defensiva titular esteve sempre muito definida e regular. O seleccionador tem depositado a sua confiança em João Pereira, Pepe, Bruno Alves e Fábio Coentrão, que, sem lesões a lamentar, serão os mais certos quer nos 23 convocados quer no onze titular, visto que nenhum nome novo deverá ameaçar o lugar destes quatro jogadores. Titulares nos seus respectivos clubes (inclusive Coentrão, mais recentemente), apontando exibições regulares e de qualidade em provas nacionais e internacionais e com um entrosamento assinalável, mais do que provavelmente marcarão presença no Brasil.

Foto: Getty Images

Os outros três defesas serão de mais difícil previsão, mas a direcção seguida por Paulo Bento durante a fase de qualificação poderá deixar algumas pistas. Neto, o jovem defesa central do Zenit, não teve uma época muito regular: desde titular a suplente e com culpas na eliminação na Champions a novamente titular com a chegada de André Villas Boas ao clube russo. Será, no entanto, de prever a sua chamada à equipa dos Navegadores, tal como acontece com Ricardo Costa, o capitão e líder do Valência, que parece estar na frente da corrida para os 23, dada a sua grande polivalência.

José Fonte, um dos pilares do surpreendente Southampton.

Por outro lado, existem "outsiders" que poderão ter ainda uma palavra a dizer. São os casos do jovem do Vitória de Guimarães, Paulo Oliveira, que impressiona pela sua maturidade e consistência numa equipa onde falta voz de liderança. Titular nos sub-21, está pré-convocado por Paulo Bento, podendo ser uma surpresa e uma estreia na selecção das Quinas. Nesta corrida aparece ainda Rolando, que tem ganhado nova vida no Inter, onde tem sido um central goleador, e José Fonte, um dos pilares do surpreendente Southampton, que tem deslumbrado qualquer apreciador de bom futebol, e ainda, embora menos provável, Nuno André Coelho, jogador do Sporting de Braga que figura tambén na lista dos pré-convocados.

Para uma última vaga nas laterais, o suposto suplente de Coentrão e João Pereira, Paulo Bento parece querer apostar num polivalente. Sílvio era a solução mais óbvia, mas lesionou-se com gravidade ao serviço do Benfica e falhará o Mundial. A equação pode passar agora pela convocatória de André Almeida, que tanto joga à direita como à esquerda da defesa e tem conquistado mais espaço no clube da Luz. Se o jogador do Benfica pode "vencer" pela sua polivalência, a verdade é que Cédric, Diogo Figueiras ou mesmo Antunes podem superiorizar-se devido ao maior número de jogos que têm nas pernas, visto que são titulares nas respectivas equipas, tendo aqui o jovem lateral direito do Sporting, Cédric, vantagem.

Foto: Getty Images

Manter ou renovar, eis a questão para o meio campo

O centro do terreno é fulcral em qualquer equipa, mas na selecção portuguesa a sua importância e capacidade produtiva determinante. Trabalhadores, rápidos na recuperação, coesos e com uma qualidade de passaa assinalável, esta é a receita para o sucesso do jogo de Paulo Bento. Até agora a aposta tem sido sólida, com os três "M"s queconquistaram e deram boa resposta no Euro 2012: Meireles, Miguel Veloso e Moutinho, que consituem o tridente que pôs em sentido, na meia final do último Euro, a poderosa Espanha de Xavi, Iniesta e Fabregas.

Foto: AFP

Estes três jogadores da confiança de Paulo Bento deverão ter lugar assegurado no lote final. No entanto, as idades dos jogadores não perdoam e vão pesando: Raul Meireles passou muito tempo lesionado durante a época, apesar de ter sido importante na conquista do campeonato por parte do Fenerbahçe; Miguel Veloso não é titular indiscutível no Dinamo de Kiev e não se encontra no auge da sua forma física; e Moutinho, apesar de ser uma pedra basilar no Mónaco, não tem tido capacidade para apontar exibições de encher o olho dos tubarões europeus, com a falta de golos a agravar a questão.

Assim, apesar de serem presenças quase garantidas no Mundial, será preciso que os outros três ou quatro médios seleccionados forneçam algo de novo ao meio- campo de Portugal. Dois ingredientes são necessários: polivalência e juventude.

O grupo de jovens é desde logo liderado por um jogador que promete ser um dos pilares da selecção. William Carvalho, um dos melhores jogadores do campeonato português, fez renascer o Sporting e é cobiçado pelos maiores clubes da Europa. Ao desempenhar a posição de 6, como fez contra a Suécia no playoff de apuramento, pode tirar o lugar que até aqui foi de Veloso devido à capacidade de recuperação de bola que tem. Fora William, neste grupo de jovens a incerteza é muita. Adrien e André Martins fizeram uma grande época no Sporting, desempenhando um papel fundamental na obtenção do 2º lugar pelos leões, mas Paulo Bento não tem contado com nenhum dos dois. Josué e Rafa, pela irreverência e pela magia que podem entregar, e por serem "10", podem ser utilizados como supresa do selecionador nacional, sendo que Rafa parece neste particular ter mais hipóteses. Por último, neste grupo, poderão figurar André Gomes, João Mário ou Bruno Fernandes, três titulares nos sub-21 lusos e que podem entregar frescura a esta selecção. João Mário está pré-convocado e jogou com regularidade no Vitória de Setúbal. Dos três, será quem parte com mais hipóteses.

Não dão aquilo que Paulo Bento procura.

O outro grupo de possíveis convocados é o da polivalência e da experiência. São jogadores que já mereceram a confiança de Paulo Bento anteriormente e que podem também integrar os 23 eleitos. Um deles é indiscutivelmente Ruben Amorim, jogador que joga em quase todas as posições do meio-campo e que dá força a um meio-campo de posse de bola. Muito mais utilizado por Jorge Jesus no Benfica, pode ser uma opção ideal para o selecionador nacional. Ruben Micael e Custódio são outros dois jogadores deste grupo, visto que foram já várias vezes convocados por Paulo Bento, embora ultimamente preteridos por jogadores mais jovens. A época irregular do Braga e, consequentemente, destes dois jogadores, nunca os mais "queridos" da opinião pública quando integram os 23. Por fim, merecem ainda nota Paulo Machado e Manuel Fernandes, titulares tanto no Olympiakos como no Besiktas, mas que não se enquadrarão tão bem nos requisitos e filosofia de Paulo Bento.

É preciso mais do que Ronaldo no ataque

Se no futebol a vitória passa por marcar golos, todas as equipas buscam jogadores atacantes capazes de fazer abanar as redes adversárias e capazes de intimidar com classes as defesas contrárias. Portugal, enquanto país formador de extremos, parece não ter problemas nesta zona do terreno, mas a verdade é que será a que mais problemas trará devido a lesões e faltas de ritmo competitivo. Portugal goza, porém, do privilégio de ter uma das vedetas do Mundial e o eleito melhor jogador do mundo, melhor marcador de sempre da selecção portuguesa, capitão e sem dúvida um líder em campo: Cristiano Ronaldo. Salvador no mítico playoff contra a Suécia, CR7 terá sempre uma marcação apertadíssima ao longo de todos os jogos do Mundial, pelo que será necessário que surjam outros jogadores que ajudem o capitão na frente de ataque.

Nani era este habitual ajudante, desempenhando sempre um papel importante na selecção enquanto titular. A verdade é que não tem sido uma época fácil para o jogador do Manchester United, desde lesões a divergências contratuais, fazendo com que o seu ritmo de jogo seja mínimo e levando Paulo Bento a questiona mesmo a sua convocatória. Na mesma linha se encontra Varela, que, apesar de ser um jogador com uma qualidade inquestionável e de se entregar quando veste a camisola de Portugal, a verdade é que a época foi de altos e baixos para o nem sempre titular do FC Porto. Por último, Bruma poderia ser promissora opção, mas a lesão precoce na temporada deitou por terra as suas aspirações.

Surgem nomes que podem colmatar esta falta de ritmo de certos jogadores.

Com estes problemas acrescidos, Paulo Bento terá de pensar noutros jogadores que possam ter mais ritmo competitivo e qualidade elevada. Potenciais candidatos serão Ricardo Quaresma, que apesar de todos os problemas disciplinares ganhou vida nova desde que ingressou novamente no FC Porto, com o "Mustang" a poder enriquecer o jogo português: criativade, rapidez e genialidade. Danny também pode estar na linha da frente por um lugar na convocatória e até no onze titular. Com uma época de categoria nos russos do Zenit, poderá ser aposta de Paulo Bento, apesar dos supostos conflitos entre ambos. Por último, surge um grupo de jovens liderados por Mané. O jovem do Sporting exibiu-se em grande nível na segunda metade do campeonato e está pré-convocado. Poderá ser uma surpresa, à imagem de Walcott, há uns anos, por Inglaterra. Outros nomes, como Ivan Cavaleiro, Licá, Candeias ou Pizzi parecem não ter tantas hipóteses de voar para o Brasil.

Na frente de ataque, dúvidas recaem sobre os finalizadores, os chamados 9s. Desde Pauleta, Portugal tem tido dificuldade em encontrar alguém que se imponha como um autêntico marcador de golos. Hélder Postiga tem sido a aposta mais forte e na selcção não falha as convocatórias de Paulo Bento, mas a última época não lhe foi favorável. A mudança para Espanha e depois para a Itália não foi positiva, sendo que o ponta-de-lança pouco jogou e apresenta falta de ritmo competitivo. O mesmo se passa com Éder: duas lesões graves durante a época não lhe permitiam jogar com regularidade, ainda que seja um diamante em bruto e que, assim que voltou da lesão, tornou a marcar pelo Braga. Dos três pontas-de-lança Hugo Almeida parece ser o único com lugar quase garantido por ter jogado e marcado regularmente pelo Besiktas. No seguimento dos três habituais convocados, surgem nomes que podem colmatar esta falta de ritmo de certos jogadores, tais como Edinho e Bebé, que, apesar de não terem a mesma qualidade, jogaram mais do que os anteriores na corrente temporada. Por último ainda surge Nelson Oliveira, avançado do Rennes, que foi relegado para a segunda equipa e que por isso muito dificilmente entrará nas contas de Paulo Bento.