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Real Madrid conquista «La Décima»

Depois de 120 minutos disputados naquela que foi a segunda final da Champions em Lisboa, no Estádio da Luz, o Real Madrid conseguiu dar a volta ao marcador e triunfar numa final que foi marcada pela rivalidade. A partida terminou 4-1, com Ronaldo, Sérgio Ramos, Bale e Marcelo a marcarem a favor do clube "merengue" e o Godín para os "colchoneros".

Real Madrid conquista «La Décima»
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Por Beatriz Gonçalves

Naquela que foi a primeira final entre duas equipas da mesma cidade numa final da Champions, o Atlético de Madrid e o Real Madrid voaram até Lisboa para disputar o último jogo da época no Estádio da Luz. Um Atlético recentemente campeão trazia uma imensa motivação para conseguir mais um histórico troféu, enquanto que um Real Madrid que nada ganhou encontrava a sua última hipótese de fazer história na presente época. Contavam as estatísticas que o Real não vencia uma equipa espanhola na competição há já 3 jogos consecutivos, enquanto que o Atlético não perdia há 8, pelo que ambas as equipas inverteram a sua situação naquele que foi um resultado inesperado, mas claramente justo.

Numa partida marcada pelo domínio do Real, mas também uma excelente exibição do Atlético, as duas equipas disputaram o jogo número 195 uma frente à outra, às quais os merengues juntaram a sua centésima terceira vitória, face a 46 dos colchoneros. Aos 90 minutos, tudo indicava que seria o Atlético a mudar positivamente as estatísticas, mas um golo de Sérgio Ramos a um minuto e meio do fim ditou que mais meia hora de jogo deveria ser disputada. Com o cansaço físico de uma época intensa acumulada, a equipa do Atlético não foi capaz de aguentar um Real Madrid que, apesar do desgaste físico, continuava forte e evasivo, atitude que resultou em mais 3 golos em tempo de compensação. Se o segundo do Real, marcado por Bale, já evidenciava a vitória, os golos de Marcelo e Cristiano Ronaldo não deixaram margem para qualquer dúvida. Um resultado justo, mas que não expressa por completo o que se passou - ainda que o Real tenha sido superior, os colchoneros foram um adversário à altura, que certamente não merecia ser derrotado por tão grande diferença.

Primeiro bloco com falsas esperanças

Bjorn Kuipers apitava para a final da prova mais seguida a nível europeu e a bola saía do Real Madrid, que iniciou um jogo equilibrado sem grande destaque das duas equipas nos minutos iniciais, mas bastante acelerado com a tensão a sentir-se desde cedo. Não demorou muito, contudo, até que o Real assumisse os comandos - a equipa de Cristiano Ronaldo foi a primeira a criar algum perigo, ainda que sem abalar muito um Courtois que se mostrou seguro ao longo dos 90 minutos. Eram uns minutos iniciais com muita circulação de bola e alguma ansiedade presente, criando um ritmo de jogo que Diego Costa não foi capaz de suportar - o brasileiro demonstrou estar longe da recuperação total da sua lesão, ficando àquem das suas capacidades nos 9 minutos que jogou.

Era, então, a oportunidade de Adrían Lopez, que entrava para substituir o avançado e se impunha fortemente no jogo, sendo uma das figuras cruciais para a sua equipa. Na primeira metade verificou-se, assim, alguma inércia, sem que alguma das equipas se destacasse fortemente face à outra ou se verificasse uma emoção extrema de jogo. Ainda assim, o Real realizava esforços mais notórios, detendo a maioria da posse de bola, mas um Atlético seguro não se deixava pressionar em demasia, operando essencialmente numa lógica de contra-ataque. Contudo, e como foi usual ao longo da época, a equipa de Simeone realizava um jogo fisicamente invasor - vários jogadores realizaram duras entradas sobre jogadores do Real Madrid, como Di María e Cristiano Ronaldo, sendo o árbitro demasiado benevolente nas sanções que aplicou - é o caso de Raúl Garcia que, aos 27 minutos, ficava a pedir vermelho após uma duríssima entrada sobre Di María à boca da área, que resultou no amarelo para o tecnicista e também para Sérgio Ramos, por protestos.

Casillas no momento do golo atlético. Foto: Getty Images

Jogo físico à parte, destaque para um guarda-redes do Atlético com um papel fulcral, destacando-se em diferentes lances. O mérito, contudo, não era só de Courtois, visto que os próprios jogadores adversários falhavam lances flagrantes, como foi o caso de Bale aos 32 minutos - após um passe falhado de Tiago, Bale furou a área e teve tudo ao seu dispor para marcar, mas foi ao lado. Destaque para o seu grande arranque, grande jogada, mas desperdiçando uma oportunidade excelente e escandalosa, nem assustando verdadeiramente o guarda-redes belga.

Foi só a dez minutos do fim que a emoção surgiu verdadeiramente, naquela que foi uma esperança para os adeptos do campeão espanhol - na sequência de uma bola parada, e consequente erro colossal de Casillas, Godín conseguiu a vantagem para a sua equipa. O guarda-redes do Real viu a bola passar-lhe por cima e ainda tentou desviar a bola, mas esta já estava dentro das redes. A ligeira superioridade do Real não se refletia com este golo, mas o crescimento contínuo do Atlético ao longo do jogo ficava expresso. Destaque para minutos finais intensos, visto que o golo trouxe ânimo à equipa de Simeone, mas que se revelariam extremamente enganadores, visto que a vantagem que o Atlético manteve perdeu-se quando o troféu estava já praticamente ganho.

Sérgio Ramos, de novo o salvador

Para a segunda parte do jogo, o Real voltou em força e com um evidente desejo imenso de vencer. Di María foi quem mais se destacou nos "merengues", realizando um jogo absolutamente faboloso e exemplar, ainda que sem concretização efetiva. Também Ronaldo teve a sua quota parte de destaque - aos 54 minutos marcava um livre perto da área e, como é do conhecimento geral o seu hábito em triunfar neste tipo de lances, o perigo instalou-se. Courtois, contudo, não deixou que o melhor do mundo levasse a melhor, defendendo com perícia e coragem uma bola que ia direitinha às suas redes. Era uma grande ameaça do Real, à qual se seguiriam bastantes que prometiam abalar as redes do belga - com a saída de Khedira e consequente entrada de Isco, os blancos ganhavam mais pujança ofensiva, que se afirmou no restante tempo de jogo.

Um Real mais invasor, ofensivo e perigoso, mas sem finalização, revelava-se, essencialmente na figura de Bale, que muito tentou sem nada conseguir. A não aquisição de resultados, contudo, não desmotivou os blancos, que benificiaram também da entrada de Marcelo, jogador que foi mexer com o jogo e com o ataque da sua equipa, que inclusive ganhou pujança nos minutos finais e fez tremer o adversário com as suas perigosas e consecutivas oportunidades, já em fim de jogo.

O Real ameaçava, o Atlético acreditava, e a festa para os campeões espanhóis demonstrou-se realizada demasiado cedo - contra o esperado, mas de encontro ao jogo realizado, Sérgio Ramos assegurava os 30 minutos de prolongamento, já a compensação contava com 3 minutos e estava incrivelmente perto do fim. Tudo se processou quando, na sequência de um canto marcado por Modric, o espanhol cabeceou para as redes de Courtois, que não encontrou qualquer hipótese de defesa. O jogador repetia o feito que tinha realizado no jogo frente ao Bayern de Munique, uma das muitas equipas que o Real teve de ultrapassar para garantir a sua presença na final, tornando-se o salvador que, sem qualquer dúvida, teve um papel absolutamente fulcral no triunfo da sua equipa. O espanhol, contudo, não foi a única figura de destaque nesta vitória.

Ramos remata para o golo no 93'. Foto: AFP | Getty Images

Bale, Marcelo e Ronaldo asseguraram o triunfo

Depois de uma época intensa e muito disputada, o prolongamento era tudo menos o desejado pelo Atlético de Madrid, que teve a Champions na sua mão e a deixou escapar. Ambas as equipas acusaram o desgaste físico, mas os colchoneros foram sem qualquer dúvida os que mais o evidenciaram. Era perante um Atlético dominado pelo cansaço e inércia que o Real dominava de novo, jogando bastante no meio campo adversário e lutando pela vitória. Só na primeira parte, o Atlético não atacou uma única vez, sendo a equipa de Ronaldo a clara superior. E, se os primeiros minutos do prolongamento eram marcados por este cenário, os quinze seguintes só foram diferentes pela emoção que os blancos trouxeram ao jogo, acrescentando três golos ao marcador.

Bale era o primeiro a realizar essa missão quando, na sequência de uma incrível jogada de Di María, Courtois desviou a bola e Bale apareceu a cabecear, não oferecendo qualquer hipótese de resistência. Pouco depois, era a vez de Marcelo, que após mexer com o jogo de forma inédita, furou a defesa e rematou rasteira, fazendo o terceiro a 3 minutos do fim que não deixava a mínima dúvida relativamente ao vencedor da competição. O jogo, por fim, estava longe de terminar.

Um Atlético completamente desmotivado e dominado sofreu uma última investida quando, em cima do fim, Godín deu um toque na perna do melhor do mundo na grande área. O pénalti era justamente assinalado e o tecnicista levava o segundo amarelo e era expulso, deixando a sua equipa com 10 por um tempo que nem foi relevante o suficiente para fazer diferença. Como era de prever, Ronaldo não ofereceu qualquer tipo de hipótese ao guarda-redes adversário, finalizando a Champions com um record de 17 golos numa mesma edição, feito excecional para o detentor da bola de ouro.

Bale e Ramos, hérois da final. Foto: AFP | Getty Images

A época finalizou-se assim, oficialmente, com um justo vencedor, ainda que não seja um resultado inteiramente justo, visto que o Atlético se destacou e foi um adversário à altura do Real Madrid. Ainda assim, destaque para a forma como os campeões europeus foram capazes de reunir uma mentalidade bastante forte e recuperar, vencendo aquela que foi a 5ª final da prova entre duas equipas do mesmo país, e a primeira entre duas da mesma cidade.

Cristiano com a taça e o resto da equipa. Foto: Getty Images