Um critério com pouco critério, passe-se o pleonasmo: a FIFA tem deliberado penas similares para castigar infracções totalmente díspares. Neste Mundial 2014, vários foram já os exemplos corroborados, todos eles atestando tal dubiedade de critérios punitivos - quer seja uma expulsão por duplo amarelo ou um cartão vermelho directo por dura agressão, o organismo que tutela o futebol mundial apresentou sempre a mesma bitola sancionatória, ou seja, um jogo de suspensão.
Apesar de não terem existido queixas relativamente às deliberações disciplinares da FIFA, a apreensão e incompreensão não deixam de ser reacções totalmente lógicas, já que para infracções diferentes tem-se aplicado castigos que são indiferenciados. Se por um lado, Maxi Pereira, Pepe e Alex Song foram expulsos com vermelho directo, por agressões, Wilson Palacios e Katsouranis foram mais cedo para os balneários depois de verem dois cartões amarelos, por faltas decorridas em disputas de bola. A sanção foi, para todos eles, a mesma: um jogo de suspensão.
Não hierarquizando a gravidade dos comportamentos dos jogadores neste Mundial 2014, a FIFA dá uma péssima lição pedagógica aos amantes do espectáculo futebolístico, além de instalar a vaguidade de critérios e o incumprimento das leis que deveria defender e aplicar. Uma agressão deve, como exigem as leis consagradas, ser alvo de uma sanção adequada e exemplar, ao invés de ser categorizada como qualquer outra falta usual, ocorrida na disputa de bola e sem o intuito de ameaçar, agredir ou comprometer o «fair-play» e a integridade física do adversário.
Comportamentos violentos como aqueles apresentados por Pepe, Maxi e Song são óbvias ameaças à integridade do jogo e devem, indubitavelmente, ser castigadas como as faltas de respeito que são, tanto contra os jogadores como contra os adeptos da modalidade.