A McLaren está num processo de mudança. E essa mudança poderá trazer muita gente nova à equipa o que implicará muitas saídas. Uma das possíveis saídas é a de Jenson Button, piloto que este ano tem estado um pouco abaixo do espectável. Ron Dennis hoje enviou-lhe publicamente um aviso de que teria de melhorar o seu desempenho em pista e que terá de fazer melhor que Magnussen.

A pressão está do lado de Button. Com 34 anos, ainda está mais que apto para competir, mas as portas parecem começar a fechar-se para o britânico, campeão do mundo em 2009. O seu contrato acaba no final deste ano e a McLaren quer apostar num line up de luxo o que poderá dificultar a sua renovação, uma vez que Magnussen é para manter. Qual será o futuro do mais experiente piloto do grid? É difícil de prever. Mais fácil é relembrar o passado de Button.

Jenson Button, nascido a 19 de Janeiro de 1980, em Frome

A história de Button nas corridas motorizadas começa em 1988 quando o pai lhe comprou um kart. No ano a seguir ficou em primeiro no British Super Prix.1991 conseguiu o seu primeiro titulo de campeão no British Cadet Kart Championship vencendo todas as 34 corridas. O sucesso seria uma constante, havendo como nota de destaque ter sido o piloto mais novo a conquistar a European Super A Championship.

Aos 18 anos mudou-se para os monolugares, onde ganhou a British Formula Ford Championship. Em 1998 ganhou o McLaren Autosport BRDC Young Driver Award, tendo como prémio um teste num F1 McLaren. Participou também no British Formula Three Championship onde terminou em 3º, como melhor rookie. Fez 5º lugar no Marlboro Masters e 2º no GP de Macau ficando a 0.035 seg. de Darren Manning.

A entrada na F1

1999 marca a sua entrada na F1. Depois de fazer testes pela McLaren e pela Prost Team, assegurou um lugar na Williams devido a saída de Zanardi da equipa, tornando-se no mais novo piloto britânico a fazer entrada na F1. Gerhard Berger descreveu-o como um “fenómeno”. A sua estreia oficial seria em 2000, na Austrália.

2001 entrou na Benetton fazendo dupla com Fisichella, mas as fracas prestações, aliadas ao pobre rendimento do carro, fizeram crescer o tom das críticas, especialmente por parte do director da equipa (Briatore) que o apelidou de “playboy”. A verdade é que o seu estilo de vida dava azo a esse tipo de comentário.

Em 2002 a Benetton passou a ser designada Renault e Button passou a contar com um novo companheiro de equipa (Trulli). Começou a trabalhar mais afincadamente com os engenheiros, ficando a ideia que estava mais dedicado e com vontade de mostrar as suas capacidades. Mas os seus dias na equipa estavam contados pois nesse ano iria ser substituído por um tal de Fernando Alonso que tinha feito testes e impressionado.

A dificil convivência com Villeneuve

De 2003 a 2005 pertenceu aos quadros da BAR. O início foi complicado, com o companheiro de equipa Villeneuve a ser muito crítico em relação ao britânico, acusando de ter sido contratado apenas para fins publicitários. A relação entre os dois pilotos começou a degradar-se cada vez mais, mas Button continuava a ser melhor que Villenueve em pista, conseguindo melhores resultado. O canadiano acabaria por ser substituído por Takuma Sato. Nota de destaque em 2003 o grave acidente em Mónaco que o deixou inconsciente não correndo nesse fim de semana por precaução contra a sua vontade.

O primeiro pódio e a primeira vitória

2004 trazia consigo o seu primeiro pódio (Malásia). Consegue nesse ano 10 pódios em 18 corridas num ano notável para Jenson fazendo o 3º lugar no campeonato.

2005 Começava mal com a performance do carro a não ser a melhor, mas evoluindo até ao final da época onde nas ultimas corridas fez mais pontos do que qualquer outro piloto, não sendo no entanto suficiente para chegar aos lugares de topo como pretendia.

Em 2006 a equipa BAR passava a ser controlada a 100% pela Honda. Embora essa época tenha sido de altos e baixos (mais baixos que altos) foi com a Honda que Button ganhou o seu 1º GP (Hungria) começando do 14º e acabando por vencer numa corrida muito atribulada.

2007 e 2008 são anos para esquecer. O carro, muito fraco, não permite boas prestações e as críticas voltam a surgir.

A fantástica Brawn GP

Em 2009 a Honda sai da F1 por motivos financeiros. Button e Barrichello ficam sem equipa e correndo o risco de não competir nesse ano. Mas Ross Brawn comprou a equipa e criou a Brawn GP. Aproveitando a vantagem do novo difusor que a equipa criou, Button vence 6 das 7 primeiras corridas. Quando as outras equipas começaram a usar os mesmos difusores, a vantagem esfumou-se. Até ao final da época Button geriu a vantagem e acabaria mesmo por se sagrar campeão do mundo na pista de Interlagos.

E finalmente... a McLaren

Com a Mercedes a comprar a Brawn GP, Button saiu para a McLaren em 2010. Nessa altura muitos pensaram que seria um passo em falso, pois o nº1 da equipa era Hamilton e nunca teria hipóteses contra ele. Mas Jenson, fruto da sua dedicação, trabalho e experiência, conquistou aos poucos a equipa conseguindo, no geral, desempenhos superiores aos de Hamilton.

Quando Hamilton saiu para a Mercedes, Button ficou claramente com o rotulo de nº1. A chegada de Perez não ameaçou esse estatuto pois a equipa atravessou um mau momento e o mexicano não se conseguiu impor.

Este ano com Magnussen as coisas são diferentes. O carro continua muito fraco mas o dinamarquês tem o apoio da equipa, uma vez que vem do programa de jovens pilotos da McLaren. Os desempenhos de Magnussen não tem sido superiores aos de Button, mas as declarações de Dennis podem mostrar que o futuro de Button já não passa na McLaren.

Que Futuro?

Até agora Button tem sido a cara da equipa. E sempre teve bons desempenhos. Não tem o talento de outros é certo mas é um excelente piloto e quando lutou com Hamilton com o mesmo carro saiu por cima, algo que muitos tendem a esquecer. A experiência, a elegância e a inteligência em pista são os pontos fortes de Button. Não tem a velocidade de Hamilton, ou a capacidade de adaptação de Alonso, mas esquecer o talento de Button é claramente injusto. Ele que em condições normais é excelente a gerir a corrida, a poupar pneus e em chuva costuma ser um osso muito duro de roer (algo que este ano ainda não se viu). Além disso é o "good guy" do paddock. Com um humor tipicamente britânico, tem postura de gentleman e não entra em grande confusões. Um Damon Hill versão 2.0. Button já enfrentou muitos desafios, o último dos quais e aquele que provavelmente o deverá afectar ainda, a morte do seu pai, que sempre o apoiou e acompanhou na sua carreira. Esse farol que agora falta, poderá ser um dos motivos pelos quais JB não se mostrou ainda a 100%.

Julgar Jenson pelo que fez este ano será claramente injusto. Mas como vimos, já foi capaz de passar por cima de muitos preconceitos e vencer. Qual será a futura equipa de Button? Não se sabe, mas seria justo uma equipa que lhe concedesse a ultima oportunidade e um carro para lutar pelo titulo uma última vez.

Jenson Button em números:

255 GP

15 épocas

15 vitórias

8 poles

50 pódios

2000- 8º

2001- 17º

2002- 7º

2003 - 9º

2004 - 3º

2005 - 9º

2006 - 6º

2007 - 15º

2008 - 18º

2009 - 1º

2010 - 5º

2011 - 2º

2012 - 5º

2013 – 9º