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Felipe Massa & Williams: o renascimento

Duas histórias similares que este ano se uniram para se tornarem num caso de sucesso.

Felipe Massa & Williams: o renascimento
Uma boa época de estreia na Williams para o brasileiro ( foto: f1fanatic.co.uk)
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Por Fábio Mendes

Foi uma das movimentações sonantes do final de 2013. Depois de 7 anos ao serviço da Ferrari, Felipe Massa abandonava a Scuderia (que tinha optado por fazer regressar Kimi Räikkönen), para se juntar à histórica Williams. Muitos olharam para este passo com desconfiança, outros aplaudiram a coragem. Mas no final quem sorriu foi Massa, por ter feito a opção correcta.

Uma carreira de altos e baixos

Felipe Massa está na F1 desde 2002. Nos primeiros anos de carreira foi piloto Sauber, acumulando a função de piloto de testes Ferrari.

Foi com a saída do seu compatriota Barrichello em 2006 que a vaga na Scuderia se abriu para Massa. Passou a ser companheiro de equipa do “Barão Vermelho”, Michael Schumacher. O início foi prometedor ficando em 3º lugar no final do campeonato. Uma época de estreia muito positiva com duas vitórias (Turquia e Brasil).

2007 não foi tão positivo como o ano anterior, com o seu colega de equipa Kimi Raikkonen a vencer o campeonato pela Scuderia, enquanto que o brasileiro se quedou pela 4ª posição no final do campeonato.

2008 foi o seu melhor ano na F1. Lutou até a última corrida pelo campeonato. A jogar em casa, Massa fez o que lhe competia e venceu a corrida, mas Hamilton na última curva subiu o lugar que precisava para se tornar campeão. Terá sido provavelmente a vitória mais agridoce que Massa teve e foi também a última vez que subiu ao lugar mais alto do pódio.

Em 2009 sofreu um grave acidente na Hungria. Uma mola do Brawn de Barrichello soltou-se e atingiu a cabeça de Massa com violência. Ficou inconsciente com o impacto. O brasileiro correu risco de vida mas recuperou rapidamente e voltou às pistas no ano seguinte.

Mas desde o acidente que o desempenho de Massa foi caindo. Fez 6º lugar em 2010 e 2011, 7º em 2012. Acumulou alguns pódios, mas a irregularidade passou a ser a imagem de marca do brasileiro. Alternou boas corridas com desempenhos medíocres. A equipa sempre beneficiou o colega de equipa, o espanhol Fernando Alonso, mas a verdade é que Massa nunca conseguiu impor-se na equipa, nunca passando de um bom 2º piloto.

Massa precisava de um novo desafio. A carreira precisava de um novo impulso. E esse impulso foi dado pela Ferrari. Com Räikkönen livre para assinar contrato, depois de um desentendimento com a Lotus, o lugar de Massa ficou em risco. O brasileiro tinha várias opções na mesa e escolheu uma das mais arriscadas mas também a mais aliciante.

A revolução da Williams

A Williams vinha de um período negro da sua história. Desde 2004 que a equipa ficava de fora do top 3 de construtores e as épocas de 2011, 2012 e 2013 marcaram uma fase complicada para a equipa. Em 2011 e 2013 a equipa apenas fez 5 pontos, o que denota bem a pobreza desta fase.

Em 2013 deu-se a revolução na equipa. Frank Williams abriu a porta à sua filha Claire, que desde 2002 foi subindo gradualmente na estrutura, e agora é directora da equipa. Ao mesmo tempo, Pat Symonds foi contratado para director técnico da equipa.

O engenheiro britânico ficou conhecido por estar envolvido no “Crashgate” em 2008, quando Pique Jr. forçou um acidente para beneficiar o colega de equipa. Antes disso tinha pertencido a Toleman que passou a ser Benetton, sendo engenheiro de corrida de Schumacher. Manteve-se na estrutura quando a Benetton passou a ser Renault e ai se manteve até 2008.

Depois da polémica de 2008, Symonds tornou-se consultor da Marussia até 2013, ano em que recebeu o convite para chefiar o departamento técnico da Williams, já a meio da época. Pouco pode fazer para melhorar o fraco FW35 mas a sua entrada trouxe mais clarividência à equipa.

Embora 2013 tenha sido um ano mau, o final trazia algum optimismo para 2014. O projecto do FW36 já tinha 2 anos de desenvolvimento e a equipa estava optimista em relação ao futuro.

2014 o inicio de uma nova era

Em 2014 entraram mais duas peças fundamentais. Felipe Massa e Rob Smedley, ambos vindos da Ferrari. De Massa esperava-se que a experiência e a vontade de provar que ainda é de topo, elevasse a equipa, e de Smedley, esperava-se que a experiência adquirida na Scuderia trouxesse frutos para a equipa.

Tudo isto a juntar a uma remodelação profunda dos quadros técnicos, com muitas entradas de engenheiros, levou a que 2014 fosse um ano de renascimento. Desde o início que se percebeu que o carro tinha muito potencial. Além disso, um golpe de marketing espectacular com o regresso da Martini, fez suspirar de alegria os mais saudosistas. Todos os ingredientes estavam reunidos para uma boa época.

E o decorrer da época comprovou isso mesmo. Se no início a equipa pagou caro erros infantis, que custaram pontos fáceis, desde o GP da Áustria a equipa “fartou-se de facturar”. Para este ano ser perfeito só faltou a vitória. Ficou no ar a sensação de que se a equipa tem errado menos no inicio e não tivesse tanto azar, talvez conseguisse desafiar a Red Bull pelo 2º lugar final. Mas ainda assim 3º lugar e 8 pódios não é nada mau para uma equipa que vinha de uma época tão má. Os 320 pontos conquistados em 2014 superam em muito o que a equipa fez nos últimos 4 anos.

Embora com um início difícil, tudo se conjugou para uma excelente época. O carro muito bem desenhado e com o melhor motor do grid, mostrando que a mudança para a Mercedes foi a melhor opção, um Bottas a mostrar qualidade de campeão e um Massa a mostrar que ainda tem fibra e que podem contar com ele para o futuro.

A época de Massa foi um pouco à semelhança da Williams. Um começo tímido, com erros à mistura e muitos azares. Lembrar os acidentes no Canadá e na Alemanha ainda causa arrepios mas o brasileiro não se atemorizou e foi sempre à luta. Não terá muitos mais anos de F1 pela frente, mas o passo que deu ao mudar-se para a Williams foi o mais certo. Com ele a equipa ressurgiu, e com isso ele também pôde voltar a brilhar. Já era tempo de Massa voltar a mostrar o que pode e deve fazer. Não será o melhor piloto da sua geração, é certo, mas tem muito mais qualidade do que a que mostrou nos últimos anos da Ferrari. Este Massa versão Williams é muito mais próximo da realidade. E é este Massa que pode voltar a sonhar com uma vitória, ou mais até. O papel de 2º piloto na Ferrari fazia lhe mal. Este ano, embora recheado de azares, voltou a sorrir. Voltou a ser o “Felipe Baby” que Smedley gostava. Foi um dos bons regressos de 2014. Ainda está muito a tempo de melhorar os números do seu currículo. 7º lugar foi pouco. Para o ano pode e deve fazer melhor.

Nºs de Massa

210 GP

11 vitórias

16 poles

39 pódios