O Bayern foi ontem atropelado pelo Barcelona nos últimos 20 minutos da partida da primeira mão da meia-final da Liga dos Campeões, mas desde os minutos iniciais do duelo que os bávaros não demonstraram capacidade técnico-táctica para abafar o domínio catalão - o tridente goleador Messi/Suárez/Neymar obrigou o Bayern a recuar no terreno, adquirindo  o colectivo de Pep Guardiola uma postura mais conservadora, e, por vezes, de descoordenação na zona defensiva.

Manuel Neuer foi um autêntico muro erguido em frente às redes bávaras, impedindo uma entrada aniquiladora do Barcelona: o gigante internacional alemão defendeu, aos 12 minutos, o remate do isolado Luis Suárez,  esticando o pé e bloqueando o remate cruzado do uruguaio; poucos minutos depois, voltou a encher a baliza e negou o golo a Daniel Alves, qual muralha salva-vidas. O Bayern conseguiria equilibrar a partida no arranque da segunda parte, mas a tirada final, sacada da cartola por Messi, revelaria as fragilidades do campeão da Bundesliga.

A derrota por 3-0 precede outra derrota (por números similares) diante do FC Porto, num jogo também disputado longe do Allianz Arena, onde a equipa bávara parece sentir-se mais confiante e tranquila. Na verdade, contabilizando, nesta edição da Liga dos Campeões, as partidas europeias disputadas fora de casa, o Bayern tem um saldo de três derrotas em seis jogos, números que revelam a dificuldade em actuar fora de portas - não obstante uma das goleadas mais marcantes ter acontecido em território italiano (1-7 frente à AS Roma).

Com este saldo de 50% de derrotas em jogos disputados fora de casa, o Bayern demonstra claramente a faceta do desconforto de quem se sente como peixe fora de água a jogar fora de casa. À derrota por 3-0 registada ainda na fase de grupos (diante do Manchester City) adiciona-se o empate a zeros diante do Shakhtar e a derrota frente ao FC Porto. Se no Allianz Arena o Bayern faz questão de exibir o seu poderio técnico, baseado numa circulação de bola vertiginosa, fora de portas, o vacilo defensivo toma conta da actuação da equipa (recorde o jogo no Dragão).

Será capaz a equipa alemã de corrigir a falsa entrada na eliminatória, à semelhança do que já fez contra Shakhtar e FC Porto? Certamente tentará impôr o seu domínio habitual, buscando um golo madrugador que possa enervar o Barcelona. Ainda assim, a tarefa está longe de se assemelhar à remontada da eliminatória passada - o avassalador Barcelona, com três golos de vantagem, afigura-se um osso quase impossível de roer...