A forma como, na Luz, perante o Atlético Madrid, o jovem Renato Sanches agitou o jogo, dando-lhe velocidade de processos, agilidade de pensamento, combatividade nos duelos e versatilidade táctica, deixou antever qual será a importância futura do novato centrocampista na equipa do Benfica: imensa. A de, simplesmente, fazer bater um coração que, desde a saída de Enzo Pérez, estava inerte.

Será, actualmente, pedir demais a um jovem que ainda dá os primeiros passos rumo à maturidade técnico-táctica, mas, em termos de futuro muito próximo, Renato Sanches não fugirá à responsabilidade de ser ele a pulsação de um Benfica renovado. Os sinais, ainda tão precoces, já lá estão, a cada passada, a cada passe, a cada disputa de bola: Sanches tem garra, raça, ímpeto e, a essas qualidade psicológicas, junta-lhes talento técnico e versatilidade no labor.

Essas qualidades, aliadas à essencial capacidade de combinar a proficiência defensiva (leitura do espaço, timing de entrada aos lances, coberturas e capacidade atlética) com a valência ofensiva (ler a movimentação dos colegas e a dos oponentes, circular a bola com precisão, criar jogadas de ruptura e ser dinâmico ao juntar-se aos companheiros de ataque) fazem de Renato Sanches o único candidato a desempenhar o papel de «8», «box-to-box», à imagem de Enzo no 4-2-4 de Jesus.

Todas as outras soluções, testadas até à exaustão, ficam aquém do jovem médio da «cantera» encarnada - Pizzi não tem a combatividade nem a versatilidade de Renato, a Talisca faltam-lhe a resiliência, a leitura táctica e a capacidade defensiva, Samaris não tem o virtuosismo técnico do português e a Fejsa André Almeida faltam-lhes as qualidades ofensivas para poder ser um médio todo-o-terreno. 

Por tudo isto, sim - Renato Sanches é já, aos 18 anos, o coração táctico do Benfica 2015/2016. Seja no 4-4-2, decalcado a partir do modelo de Jesus, seja no 4-2-3-1 imposto por Rui Vitória nos últimos jogos. Porque, simplesmente, não existe, no plantel das Águias, um médio multi-facetado capaz de dar resposta às exigências modernas de um meio-campo combativo que tem de, ao mesmo tempo, saber construir com classe.