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Adrien Silva, o Capitão da Armada Leonina

Adrien Silva, capitão leonino e que recentemente prolongou o vínculo que o ligava ao Sporting Clube de Portugal, é hoje aqui destacado, pela sua preponderância no jogo dos pupilos de Jorge Jesus.

Adrien Silva, o Capitão da Armada Leonina
Adrien Silva, o Capitão da Armada Leonina
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Por Pedro Oliveira Duarte

Muito se tem falado esta época das grandes exibições de João Mário, da elegância e do perfume futebolístico de Bryan Ruíz, mas há três anos que vai faltando a Adrien Silva o reconhecimento merecido. Se foi sempre importante na manobra das equipas de Leonardo Jardim e Marco Silva, na «era Jesus», o médio leonino viu essa importância reforçada.

Agressivo, intenso e trabalhador: O «fato-macaco» é de Adrien

Ao longo da época passada, foram inúmeros os comentários que davam conta de Adrien como o novo «saco de pancada» para os lados de Alvalade. Já o havia sido André Martins e, com a perda de titularidade do último, viraram-se atenções para o actual capitão leonino. Muitos dos defensores do actual capitão leonino tentaram encontrar uma explicação plausível para aqueles que criticavam Adrien de forma tão directa, não lhe encontrando qualidades suficientes para fazer parte do plantel do Sporting. Isto, numa fase em que Adrien era titular. Com a chegada de Jorge Jesus a importância do médio ficou ainda mais evidente: a braçadeira de capitão passou a ser sua. Isto tem que ver não só com a capacidade de liderança que há muito se adivinhava no jogador, mas também com a intensidade, garra e trabalho que coloca durante os 90 minutos de jogo.

A isto, acresce-se ainda um voto de confiança e uma demonstração de preponderância no meio-campo do Sporting. Adrien não é um jogador vistoso. As suas funções em campo não lhe pedem que o seja, contudo e se precisar de soltar um momento de maior brilhantismo, ele fá-lo e isso viu-se no belíssimo golo que marcou diante da Académica esta época. Aquilo que Adrien realmente faz é segurar o meio-campo. A sua disponibilidade física e rigor tático fazem com que o camisola 23 seja o esteio do corredor central do Sporting. Desdobra-se pelo campo com enorme facilidade, aparecendo ora em zonas mais subidas, ora em zonas mais recuadas, sempre que o jogo o peça.

Mascára muitas debilidades que William Carvalho tem tido ao longo desta época e deixa a equipa menos exposta ao erro. Põe o meio-campo a funcionar e imprime sempre a sua alta-rotação e intensidade no jogo da equipa. É rápido no momento do desarme e joga sempre com critério no passe, perdendo poucas bolas. Mas um jogador deste tipo vai ser sempre aquele que passa mais despercebido. É ele quem veste o “fato-macaco”, quem corre quilómetros a mais que os colegas durante o jogo para fazer compensações e manter o balanceamento tático, mas não, não é ele que faz o passe de ruptura (ainda que tenha uma boa visão de jogo). Não é isso que Jorge Jesus lhe pede. Jorge Jesus pede-lhe rigor tático, disponibilidade física, comando. O passe de ruptura fica para Ruíz ou João Mário, que tão bem se entendem com o capitão. O que acontece ao meio campo do Sporting sem Adrien? Foi bem visível no jogo desta semana, diante do Bayer Leverkusen. Perde músculo, intensidade e poder de choque. Perde construção de jogo e organização no meio-campo. Em suma, perde muito.

Um dos «meninos queridos» de Jorge Jesus?

Foto: Mário Cruz/Lusa

Jorge Jesus não abdica de Adrien. É um jogador que sente a camisola que veste, que sente o clube onde está e que deixa tudo em campo, seja em que posição for. O médio leonino faz qualquer posição no meio-campo, seja a 6, 8 ou 10, e o técnico verde e branco já deu a entender, mais que uma vez, que o capitão é peça-chave no seu onze. Já por muitas vezes Jesus abdicou de William e não de Adrien, recuando o médio para a posição 6. Aconteceu na larga maioria das vezes em momentos nos quais o Sporting necessitava de marcar, mas a verdade dos factos é que nos últimos dois anos, nem Leonardo Jardim, nem Marco Silva tiveram coragem de abdicar de um jogador com as qualidades e características de William, para atacar um resultado. Contudo, Adrien cumpre funções e cumpre-as com grande acerto. Fez a posição 6 durante grande parte da sua formação em Alcochete e repetiu-o durante algum tempo, aquando da lesão de William Carvalho.

Retomemos agora, o jogo da passada quinta-feira, diante do Bayer Leverkusen. Sabendo que o grande foco desta época é o campeonato, Jorge Jesus promoveu algumas (ainda que poucas) alterações no onze leonino. E fez descansar, para além de Slimani, Adrien. O médio do Sporting ficou no banco para que estivesse com os índices físicos no máximo para o jogo de segunda-feira, diante do Boavista. Ainda assim, teve direito a alguns minutos de jogo e note-se a diferença que fez no jogo leonino. Não que fosse por muito tempo, até porque a expulsão de Rúben Semedo obrigou a um recuo de linhas, mas a entrada de Adrien dá, sem dúvida, outro andamento ao meio-campo do Sporting.

Podemos apenas concluir que Adrien, finalmente, vem começando a ser respeitado por todos e não apenas por alguns. Pode não ser vistoso. Mas é o motor e sem motor, ninguém vai a lado nenhum.