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FC Porto x Paços de Ferreira : Vitória sem sabor

O FC Porto recebeu e venceu esta tarde o Paços de Ferreira por 4-1. 3 pontos garantidos, ainda que, com um sabor amargo.

FC Porto x Paços de Ferreira : Vitória sem sabor
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Por José Machado

Em fim-de-semana de vitória nacional na Eurovisão, visita papal e celebração do tetra benfiquista, o reino do Dragão, aos olhos do país, pareceu como que meio esquecido.

Já cheira a fim de época e depois de mais um ano miserável a nível de títulos, é provável que algumas cabeças rolem para os lados da invicta, com Nuno Espírito Santo na linha da frente. Segundo o ainda timoneiro dos dragões, a equipa fechara-se numa cápsula relativamente ao ruído externo.

Dentro dessa cápsula há a noção de que há jogos para vencer e calendário para cumprir e, com algum esforço, lá se conseguem arranjar alguns objetivos a perseguir: manter a fortaleza do Dragão inviolável (o FC Porto podia terminar a época sem derrotas em casa para o campeonato) e lutar por ser a melhor defesa e o melhor ataque do campeonato. 

Para o último jogo diante dos seus adeptos, Nuno montou uma equipa que, no papel, parecia um pouco desequilibrada no meio campo: pela primeira vez esta época, o FC Porto apresentou-se de início sem um trinco de raiz, nem Danilo nem Rúben Neves começaram o jogo. Em vez disso, os dragões jogaram com Otávio nas costas de Soares, Brahimi e Corona nas alas (foi a primeira vez que os três criativos coincidiram num onze), protegidos por um duplo pivot composto por André André e o redescoberto Herrera. Nota ainda, para a presença de Boly no onze devido ao castigo de Felipe.

Do lado do Paços de Ferreira, não havia grandes surpresas. O ataque era composto pelos reforços de Inverno decisivos Diego Medeiros e Luiz Phellype, acompanhados pelo extremo Ricardo Valente. Nota ainda para Christian, o criativo médio esquerdino que, com Vasco Seabra, tem sido adaptado a defesa esquerdo face às ausências dos castores. As despesas ofensivas do meio campo dos pacenses estavam entregues a Andrezinho, que estava protegido por um duplo pivot de combate: Vasco Rocha e Felipe Melo (grande impacto na equipa desde a sua contratação).

Apesar de arredado do título, o FC Porto começou o jogo razoavelmente personalizado. Não tem sido frequente ver os dragões entrarem bem nas partidas, mas hoje conseguiram nos primeiros minutos instalar-se no meio-campo do Paços de Ferreira com uma circulação rápida e eficaz. O primeiro sinal de perigo foi dado por Corona logo aos 7 minutos na sequência de uma jogada de insistência depois de um canto curto.

Sol de pouca dura

O golo não surgia e a intranquilidade de uma equipa ferida veio ao de cima. O golo do Paços esteve muitíssimo perto de surgir em duas ocasiões quase seguidas: por duas vezes Luiz Phellype causou calafrios imensos aos adeptos portistas, primeiro num cabeceamento na sequência de um canto e depois numa jogada em que foi gritante a passividade da defesa portista. Perda de bola a meio campo e um espaço gigante entre os médios e a defesa aproveitado por Andrezinho que, à entrada da área, serve Luiz Phellype. O avançado fica a centímetros do golo.

Assobios num Dragão  despido de público

O jogo dos dragões era desgarrado e descaraterizado. Muita posse de bola, mas muita pressa no último terço. Os minutos iam passando com Brahimi a tentar levar a equipa para a frente (imagem repetida ao longo da época), mas com Corona e Otávio em sub rendimento. à meia hora de jogo acontece o que já se estava a ver. Contra ataque do Paços de Ferreira, meio campo dos dragões inexistente Andrezinho recebe a bola sozinho à entrada da área e faz um remate que desvia em Luiz Phellype e trai Iker Casillas: a fortaleza fora tomada. FC Porto - 0, Paços de Ferreira -1.

Herrera marcou o 1º de 4 golos do FC Porto
Herrera marcou o 1º de 4 golos do FC Porto

Exigia-se uma resposta ao FC Porto. A invencibilidade caseira, objetivo que restava aos azuis e brancos, estava em risco e a verdade é que 5 minutos após o golo do Paços de Ferreira, Herrera (um dos melhores do lado do FC Porto), num movimento muito caraterístico seu (capacidade de queimar linhas com bola em progressão) combinou com Corona e apareceu na área a concluir de cabeça um bom cruzamento do extremo mexicano.

Mote para a recuperação.

O Paços de Ferreira ainda não se tinha refeito do golo do empate quando Bruno Santos, no entender do árbitro, derrubou Brahimi dentro da área (lance algo duvidoso). Encarregue da marcação, o argelino, com alguma sorte, fez o 2-1 e o FC Porto estava na frente do marcador.

Foi um turbilhão de emoções a primeira parte. O FC Porto, diante dos seus adeptos mostrou uma fibra que faltou noutros jogos e, depois de estar a perder, conseguiu levantar-se apesar do estado de espírito desolado de uma equipa que acaba de perder o campeonato.

André Silva marcou o último golo desta temporada no Estádio do Dragão
André Silva marcou o último golo desta temporada no Estádio do Dragão

Até ao final da partida, ainda houve tempo para mais dois golos: logo ao início da segunda parte foi a vez de voltar a ver Diogo Jota marcar pelos Dragões. Depois do passe de Herrera, a nova estrela portista só teve de encostar para fazer o 3-1 e já perto do fechar o pano foi a vez de André Silva marcar também. De grande penalidade, o internacional português voltou a bater certeiro sem qualquer hipótese de defesa para a baliza pacense.