Noutros tempos, visitar a Choupana como ‘ressaca’ de um resultado negativo como o foi o empate caseiro frente ao Vitória de Setúbal seria naturalmente significado de perigo latente para o Benfica. Presentemente, em Agosto de 2016, acabou por ser uma visita de retoma para as águias que evidenciaram superioridade mesmo em períodos nos quais faltou o controlo da partida e da própria posse de bola, o que ainda fez o Nacional acreditar que seria possível pontuar.

Existia a dúvida sobre a capacidade de reacção da águia que precisamente uma semana antes havia visto no Vitória uma espécie de FC Porto na época passada num encontro que os dragões venceram por 2-1 em pleno Estádio da Luz; na passada semana, Bruno Varela ‘decidiu’ fazer de Iker Casillas num encontro que em abono da verdade o Benfica não saiu derrotado mas abandonou o terreno de jogo com um sentimento muito próximo do desaire, o que poderia ser tido como uma responsabilidade acrescida para esta deslocação à Madeira.

Se essa responsabilidade existia, acabou por depressa deixar de acontecer quando os encarnados se adiantaram no marcador aos 17 minutos através de um livre lateral cobrado por Pizzi para a pequena área insular onde o guarda-redes Rui Silva abordou mal a saída ao esférico e acabou por permitir que este o ultrapassasse.

Nacional ainda respondeu ao alcançar um golo de proveniências olímpicas

A bola seria ainda desviada pelo defesa central adaptado Aly Ghazal para o fundo da redes, no que seria apenas o início de uma noite de claro infortúnio para o egípcio, a face da infelicidade de um Nacional que se apresentava claramente formatado para o contra-ataque numa primeira metade que não teria mais golos e que seria seguida por uma etapa complementar na qual o Benfica até entrou bem, dispôs de ocasiões para ’fechar’ o resultado mas acabou por não saber definir e com essa indefinição ganhou o conjunto madeirense que passou a acreditar nas suas possibilidades de sucesso.

Numa 2ª parte em que os tricampeões nacionais foram adormecendo em termos de futebol jogado, com excepção de Toto Salvio que ainda procura um parceiro de igual regularidade no flanco contrário, o Nacional restabeleceria a igualdade aos 64 num golo… olímpico, ou não tivesse sido criado por dois futebolistas que recentemente representaram Portugal nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

Golo do Nacional com o inconformado Salvador Agra a apontar o canto e o central Tobias Figueiredo, que será peça fundamental para a equipa madeirense ao longo da época, a surgir de rompante a partir de trás perante uma marcação deficiente movida pela defensiva benfiquista.

Atordoado pelo golo sofrido, o Benfica abdicou de qualquer tentação de resguardar qualquer dos seus elementos mais desgastados, fazendo jus a uma máxima que o seu técnico Rui Vitória várias vezes aplica em conferências de imprensa (“não pensamos em gestão”), recuperando o pulso ao desafio e recuperando a vantagem apenas 5 minutos após o tento do Nacional e através de uma jogada de compêndio iniciada em Raúl Jimenez que com um passe picado desmarcou Salvio que por sua vez se desenvencilhou dos seus marcadores e aplicou um cruzamento rasteiro.

Boa resposta madeirense de nada valeu perante a imediata reacção benfiquista 

Nesse momento, e já depois de ter sido assistido por lesão, Ghazal voltou a ser chamado pelo azar ao ter na tentativa de cortar o passe do novamente capitão encarnado Salvio que atravessava a pequena área falhado a bola e num lance deveras caricato cabeceado… o chão, fazendo com que a bola chegasse até ao recém-entrado André Carrillo que apenas 3 minutos após ter entrado em campo arrancou um bonito pormenor técnico no qual ’sentou’ um defensor do Nacional antes de atirar forte para o 1-2.

Pouco depois, o forte choque de Aly Ghazal com o chão obrigaria mesmo à sua substituição, momento que a juntar ao segundo golo encarnado se tornaria assim o fim do bom trabalho realizado pelo Nacional na segunda parte, concluindo-se ainda com o terceiro golo do Benfica que chegava já aos 92 minutos devido a um flagrante erro de Washington.

Nem mesmo o facto de no momento ser o último homem da defesa aurinegra fez com que o brasileiro tivesse conseguido o discernimento de não perder uma bola… imperdível, e assim falhou o controlo da mesma ao acabar ultrapassado por Jiménez que se isolou com facilidade e não encontrou problemas em garantir o 3-1 final e garantia de que o Clássico de Domingo, aconteça o que acontecer, não trará más notícias ao tricampeão nacional em título.