O começo de ano sempre traz a tradicional premiação dos melhores jogadores do mundo. Em Zurique, na Suíça, mais uma vez a temporada será coroada com o Bola de Ouro da Fifa.

Lionel Messi e Cristiano Ronaldo novamente são presenças certas na disputa. Mas, pela primeira vez, Neymar chega para colocar a bandeira e a qualidade brasileira no trio dos melhores, algo que não acontecia desde 2007, quando Kaka venceu, sendo o último fora da dupla Messi/CR. 

Fatalmente melhor do mundo no futuro, Neymar traz uma carreira meteórica, vitoriosa, jovem e com um potencial para entrar na história do futebol. A VAVEL Brasil traz um resumo da joia nacional, concorrente no prêmio máximo da entidade que cuida do maior esporte mundial, com todos os detalhes à partir da 16h, horário brasileiro de verão.

Criança com futebol de gente grande

A fama do bom futebol de Neymar surgiu ainda quando o jovem tinha seus 11 anos. Desde pequeno nas categorias de base do Santos, sempre foi tratado como uma estrela em potencial. Habilidoso, rápido e artilheiro na época de futsal, deu sua primeira demonstração num amistoso beneficente, esbanjando frieza e muita classe. 

Naquela tarde, já com seus 14 anos de idade, uma promessa surgia também na mídia brasileira. Tímido, mas com traços e jeitos de menino que já sabia o seu futuro, a joia foi crescendo, quieto e com sua qualidade na mesma proporção. A mídia foi acompanhando seus passos, assim como a diretoria do Santos, que tratou de blindar o ainda menino, com altos salários para o padrão e promessas de carreira vitoriosa no futuro.

Isso tudo porque o menino foi fazer um teste no Real Madrid e passou. Vendo a iminente chance de saída, o Peixe desembolsou 1 milhão de reais, garantindo a permanência do seu futuro astro.

Copa São Paulo e a certeza do futuro 

Ainda com seus 16 anos, Neymar foi dar seus primeiros passos em uma competição de peso. A tradicional Copa São Paulo de Futebol Júnior teve mais uma revelação que disputou seus jogos. Em 2009, um time que contavam com nomes como Ganso, Allan Patrick e André, não chegou a ser campeão, mas desenvolveu grandes nomes.

Surpreendetemente, a maior estrela santista era reserva nesse time. Com pouco tempo, mas enorme talento, logo foi levado para o time principal, assim que completou 17 anos. Era o início de uma era.

As glórias santistas

Era enorme a expectativa criada sobre Neymar. Ainda com muito a aprender, disputou logo nos primeiros meses, sua primeira final. No Paulistão de 2009, foi vice-campeão após ver um de seus ídolos, Ronaldo Fenômeno, acabar com sua equipe. Mesmo sem a taça, Ney foi sagrado como revelação do torneio, dando o pontapé para uma caminhada gigante.

Um ano de aprendizado, com críticas, como de Vanderley Luxemburgo, que o definiu como "filé de borboleta", pelo corpo magro. Sem muito destaque e ajuda do time, passou o ano crescendo como jogador. E a explosão não demorou a surgir.

Logo no ano seguinte, o jovem teve um importante mentor. Era Robinho, maior ídolo da infância de Neymar e que estava ao seu lado, num ataque que ainda tinha Ganso, Wesley e Allan Patrick. O futebol ofensivo, alegre e sem medo, fez do Santos campeão Paulista de 2010, após batalha contra o Santo André. Ainda sob a sombra de Paulo Henrique Ganso, o camisa 11 ficava quieto, na sua, sabendo que a hora iria aparecer. E veio, quando foi protagonista no inédito título da Copa do Brasil, pra cima do Vitória. Nessa competição, goleadas, como 10 a 0, marcaram o torneio.

Com a vaga na Libertadores, Neymar alcançava voos maiores, como a Seleção e especulações. Seu futebol era ofensivo, alegre, com lances plásticos e objetivos. O Brasil passou a se encantar com os "Meninos da Vila". Era mais uma geração que o Santos tirava de sua base com enormes jogadores. E o resultado disso foram os títulos paulista e da Libertadores, acabando com enorme jejum. O tri do torneio internacional, colocou Neymar de vez no cenário mundial. Era uma enorme celebridade. Só que no fim do ano, na busca do Mundial, um Barcelona quase perfeito não deu chances para o Santos, massacrando por 4 a 0, fora o baile.

A tristeza era ofuscada pela nova chance de vencer a Libertadores. O tricampeonato Paulista, alegrou os santistas, mas a obsessão era a Copa. Mas na semifinal, contra um inspirado Corinthans, o Peixe deu adeus, com atuações fracas de seu maior astro.

Cada vez mais sabedor de sua qualidade, Neymar era um gênio em formação. Atuações de gala, dribles, jogadas, passes, arranques, passes, golaços... Era um repertório vasto, coroada com o gol mais bonito, em 2011, quando driblou toda defesa flamenguista e balançou as redes. Foi ali, que a Fifa o conheçou e entregou o Prêmio Puskas.

Já beirando o impossível, mais um ano chegava para o garoto, que estava grande e importante. Pela Seleção, se tornou jogador fundamental, o principal de sua equipe. No seu último semestre no Brasil, mais uma final de Paulista, mas o Corinthians soube neutralizar e se tornou campeão. Até sua partida final, quando encarou o Flamengo, no Mané Garrincha lotado. A despedida foi sem gols, mas as lágrimas do adeus, mexeu com todos.

Um novo capítulo foi começando e Neymar estava na Espanha, após enorme enrosco de sua contratação. O Barcelona investiu um preço razoável e obteve o futuro do esporte.

Era Barcelona I

A conturbada chegada de Neymar ao Camp Nou rendeu muito, após uma compra antecipada, feito pelo Barcelona e recebendo acusação de seu ex-time e presidente. Sem querer saber de nada, o camisa 11 já começou bem, marcando no título da Recopa espanhola. O poder de decisão começava a aparecer ainda mais.

Primeiramente ao lado de Messi e Sanchez, o seu primeiro foi de adaptação. Com Tata Martino no comando, o time era engessado e por muitas vezes sobrava para o brasileiro esquentar banco para Pedro, seu reserva. Uma contusão também o tirou de ação por um tempo, mas havia um Atlético de Madrid para bater de frente rivalizar.

Foi nessa que o time colchonero se deu bem e conquistou a Liga da Espanha. Já em sua primeira Champions League, novamente sobrou para a equipe de Madrid eliminar o Barcelona, com golaços de Diego nas quartas de final. A temporada se encerrava e Luis Enrique assumia o clube, trazendo Neymar novamente para a ponta esquerda.

Trio MSN

Logo após a Copa do Mundo, o time do Barcelona abriu os cofres e trouxe Luis Suarez para ser o camisa 9. Ao lado de Messi, o trio fez um sucesso gigante e logo foi batizado de MSN. A partir daí, o Barça dominou, ganhando tudo que podia, massacrando os rivais. Foram mais de 118 gols, se tornando o melhor ataque da história da Espanha. Um absurdo, onde Messi seguia sobrando, mas já percebia que Neymar seria um rival brevemente.

Cada vez mais experiente, Neymar foi se tornando fatal, objetivo e coletivo. Um dos poucos que já marcaram em finais de Libertadores e Champions League, terminou o ano com o prêmio de Tricampeão Mundial, conquistado contra o River Plate.  Ídolo da torcida, tem tido a cada dia, um dos melhores do mundo, ainda mais após a grave contusão de Messi, o parando por quase três meses. A bucha, nas mãos de Neymar e Suarez, foi resolvida e o time segue na briga pelo topo. 

Seleção Brasileira

A falta de craques e gênio do futebol brasileiro obrigou Neymar à extremos, vestindo a camisa amarela. Isso porque o jogador foi logo chamado por Mano Menezes, logo após a Copa de 2010, na África do Sul. Logo em seu primeiro jogo, deu show em vitoria contra os EUA. A empolgação tomou conta e suas chamadas seguiam, até a primeira oportunidade num torneio oficial. Na Argentina, a Copa América de 2011 não traz boas lembranças, já que ele teve fracas atuações, chegou a ser vaiado e se viu eliminado após péssimas batidas de pênaltis para o Paraguai.

No ano seguinte, ainda com idade olímpica, conduziu o time à decisão contra o México pela medalha de ouro. Mas uma atuação abaixo do normal, não ajudou a Seleção no seu único torneio sem título. A busca pela medalha de ouro seguirá em 2016. Já em 2013, sem eliminatórias, com Felipão e amistosos fracos, Neymar se destacava e cansava de decidir partidas. A preparação para Copa do Mundo em casa era alta, mas uma queda impediu tudo.

A pressão para um elenco atuar numa Copa do Mundo é diferente e imagine isso quando se joga em sua casa. Foi o acontecido com o Brasil. Sem grandes partidas individuais e coletivas, Neymar era esperança pelo hexa, mas um lance feio com Zuñiga, o tirou da Copa, após lesão nas costelas. Por sua sorte, não esteve no vexatório 7 a 1 para a Alemanha, na semifinal, e nem nos 3 a 0 para a Holanda, na vaga de terceiro lugar.

Mais maduro, teve mais um torneio para mostrar seu valor. Na Copa América, no Chile, Neymar começou arrebentando e decidiu a vitória contra o Peru, na estreia. Mas o segundo jogo novamente mostrou o lado esquentado do camisa 11. Após confusão com a justiça brasileira, o atacante foi para campo pressionado e não respondeu bem, muito pelo contrário. Derrotado pelo placar mínimo contra a Colômbia, o jogador se envolveu em encrenca pesada, ameaçando a arbitragem e sendo suspenso por quatro jogos pela Conmebol. Novamente o Brasil foi eliminado nos pênaltis e novamente contra o Paraguai. 

O seu retorno foi logo contra a Argentina, em Buenos Aires, pela terceira rodada das Eliminatórias. Desde então, Neymar tem variado entre boas e más partidas. Ainda lhe falta maior regularidade. Mas o potencial é enorme e tempo terá de sobra.

Ficha técnica:

Nome: Neymar da Silva Santos Júnior
Idade: 23 anos (05/02/1992)
Altura: 1.74cm
Clubes: Santos (2003/2013), Barcelona (2013/ ), Seleção Brasileira (2010/ )
Títulos: Paulista (3), Libertadores, Recopa, Copa do Brasil, Trofeu Joan Gamper (3), Liga Espanhola, Copa do Rei, Champions League, Mundial de Clubes, SuperCopa, Copa das Confederações, SuperClássico das Américas (3), Prata Olimpíadas, Sul-Americano