As expectativas para a temporada do Manchester United eram enormes. O clube atravessava um momento conturbado pela temporada anterior ter sido decepcionante - a pior em décadas. Por esse motivo, o investimento foi pesado, e a equipe sofreu importantes alterações. No começo do campeonato, os diabos vermelhos sofreram com a falta de entrosamento e de adaptação de suas contratações, mas a equipe foi evoluindo com naturalidade, porém o futebol ainda não agradava.

Na segunda metade do campeonato, Louis van Gaal parece ter encontrado sua formação ideal, e os resultados chegaram acompanhados de um bom futebol, mas já era tarde demais para buscar algo além da classificação para a Champions League. A equipe confirmou a classificação pelo quarto lugar e já mira a próxima temporada, prometendo chegar forte na briga por todos os títulos que disputará.

Grandes expectativas antes do início

Havia muita expectativa - tanto por parte da torcida dos diabos vermelhos quanto por parte dos rivais - sobre como seria a temporada 2014-15 do Manchester United. Muitos motivos disso foram devido a temporada anterior do clube inglês, quando David Moyes recebeu a difícil missão de comandar o clube após a aposentadoria do eterno Sir Alex Ferguson, e, como muitos previam, não conseguiu dar conta do trabalho, e o Manchester United, que havia sido campeão inglês com quatro rodadas de antecedência no campeonato anterior, terminou a temporada como sétimo colocado - ficando de fora de todas as competições européias pela primeira vez desde a temporada de 1980-81 - e com seu técnico demetido já no fim da 35° rodada.

A temporada trágica e decepcionante após a aposentadoria do maior técnico de sua história, fez com que os red devils sofressem muita pressão para a temporada seguinte. Devido a essa pressão e ao desejo de reconquistar o seu lugar entre os mais fortes da Inglaterra e da Europa, o clube investiu bastante nos reforços, principalmente na parte ofensiva.

Entre as novas contratações, estava o argentino Angel Di Maria, um dos principais jogadores do Real Madrid na campanha do título da Champions League. O meia foi anunciado no mesmo dia em que o time sofreu um dos maiores vexames de seus últimos anos, sendo eliminado da Copa da Liga Inglesa pelo modesto Milton Keynes, da Terceira Divisão, por nada menos que 4 a 0. O atual camisa sete dos diabos vermelhos chegou na Inglaterra com preço recorde, se tornando a contratação mais cara na história feita por um clube inglês e com a promessa de ser um dos destaques do campeonato.

Outra contratação que gerou bastante expectativa foi a do treinador da equipe, que sucederia o contestado David Moyes. Louis van Gaal chegou ao clube após comandar a seleção da Holanda na Copa do Mundo no Brasil, onde foi pra muitos o melhor treinador do torneio, com suas alterações pontuais e a rotação no elenco da Laranja Mecânica. Van Gaal já chegou agradando os torcedores pela sua experiência e seu currículo vencedor, tendo mais semelhanças com Alex Ferguson que com David Moyes. O holandês chegou na Inglaterra já tendo conquistado 12 títulos na Holanda - incluindo uma Champions League pelo Ajax e um campeonato holandês pelo AZ Alkmaar - quatro títulos pelo Barcelona e mais três pelo Bayern de Munique.

Além do craque argentino que atravessava grande fase e do vitorioso treinador holandês, o Manchester United ainda investiu em mais um grande nome do futebol mundial. Falcão Garcia chegou ao clube por empréstimo. O jogador do Mônaco chegou pra coroar a promissora lista de contratações quando ninguém esperava. Falcão passou boa parte da janela sendo sondado por diversas potências da Europa, mas no último dia foi o Manchester United que anunciou a chegada do colombiano por empréstimo, e com preferência de compra no fim da temporada.

Outro grande fator que contribuia diretamente para a alta expectativa da torcida sobre a temporada de seu time era justamente o fato do Manchester United não ter se classificado para nenhuma competição européia na temporada anterior. Dessa forma, Louis van Gaal teria bastante tempo para encontrar sua formação ideal e tirar o máximo de sua equipe, focando somente nas competições nacionais.

Início de contestações

Pela forte expectativa e grandes mudanças no time, seria difícil imaginar um início de temporada da equipe de Louis van Gaal que agradece a todos os torcedores do diabos vermelhos. E dessa forma, o treinador não fugiu do previsível e teve que aguentar fortes críticas durante o seu começo conturbado. Com a equipe inicial e sua formação ainda indefinida, os resultados iniciais foram decepcionantes.

Além de buscar uma reação, o treinador holandês tinha a difícil missão de fazer com que os reforços justificassem seus investimentos. Além dos badalados Di Maria e Falcão Garcia, o clube inglês trouxe os defensores Blind, Rojo e Shaw, e o volante Herrera. O preço dos reforços foram muito contestados e com isso a pressão para a demonstração dos resultados por parte deles foi cada vez maior.

Já na sua estréia, Louis van Gaal viu que sua tarefa na Inglaterra não seria nada fácil. Os diabos vermelhos começaram o campeonato com uma derrota para o Swansea. Jogando em casa e com o time ainda sem entrosamento, o United perdeu por 2x1, com gols de Kim e Sirgurdson para os visitantes e Wayne Rooney, que seria o artilheiro da equipe no campeonato, fazendo o primeiro gol da equipe na temporada.

Na segunda rodada, a equipe de Van Gaal visitou o Sunderland e conquistou o seu primeiro ponto. O empate não foi bem visto, mas ainda assim o holandês decidiu poupar o time contra o Milton Keynes pela Copa da Liga, colocando os reservas. Assim, surgiu um dos maiores vexames do clube nos últimos anos. O Mancehster United foi goleado pelo time da Terceira Divisão por 4x0, e deixou a competição de forma precoce e vergonhosa. A primeira vitória dos red devils só foi chegar na quarta rodada do campeonato inglês, quando a equipe derrotou com facilidade o time do QPR. A equipe mudou sua formação e foi as redes com Di Maria, Herrera, Rooney e Mata, devolvendo o otimismo para os seus torcedores.

A goleada diante do Queens Park Rangers não foi suficiente e o time não embalou. Na décima rodada, os diabos vermelhos só haviam conquistado três vitórias no campeonato, já tendo perdido pontos importantes diante de Chelsea e de seu rival Manchester City. Pressionado, o técnico Van Gaal garantiu que sua equipe iria reagir, e afirmou que precisava de tempo para se adaptar e realizar o seu trabalho.

Começo da definição do time e auge da comparações com David Moyes

Com a metade do campeonato se aproximando e o entrosamento dos jogadores aumentando, os resultados também foram progredindo, mas ainda estava longe de algo que deixasse os torcedores satisfeitos. Apesar de conquistar algumas vitórias animadoras, como nos confrontos contra Arsenal e Southampton fora de casa e Liverpool no Old Trafford, respectivamente por 2x1, 2x1 e 3x0, dentro de uma sequência de 10 jogos de invencibilidade, o futebol apresentado no geral, ainda não era agradável.

A sequência de seis vitórias seguidas e de 10 jogos invictos foi muito importante para recuperar os pontos perdidos no início do campeonato e se firmar na briga pela parte de cima da tabela. A briga pelo título já parecia distante, já que o Chelsea, último time a perder a invencibilidade no campeonato, só havia perdido duas partidas naquela altura, e já se acomodava no topo da tabela.

Mesmo com o progresso da equipe em termos de resultado, a posição e os pontos somados não eram muito diferente da equipe comandada por David Moyes na mesma altura do campeonato. As comparações de posição na tabela, pontos somados e até gols prós e contras apareciam em quase toda rodada. Junto com as comparações, vieram as preocupações, já que o progresso em relação a temporada anterior ainda não era notório e o investimento havia sido muito superior.

Apesar dos resultados positivos, ainda existiam muitas críticas em relação ao futebol apresentado. Outras críticas preocupantes eram em relação aos principais nomes do time, tanto dos reforços quanto dos ''veteranos''. Falcão Garcia não convenceu, e com uma média de gols e assistências precárias, já se previa que sua contratação no fim do ano difícilmente seria confirmada. Di Maria havia feito bons jogos no início do campeonato, mas a queda de produção já era evidente e seu nome entre os 11 iniciais já não era mais certeza.

O promissor lateral Luke Shaw, que o United havia investido bastante dinheiro para um jogador inexeperiente, também não convencia e perdia cada vez mais espaço, chegando a ter até problemas para se manter em forma. Até Wayne Rooney, simbolo do time, chegou a ser criticado em uma parte do campeonato, quando a sua média de gols e assistências não justificava o seu alto salário. O holandês Robin van Persie, acostumado a disputar a artilharia na terra da rainha, vinha sofrendo muito com lesões e também não conseguia emplacar uma boa sequência.

Por outro lado, Blind e Herrera, nomes mais modestos que se juntaram ao time na temporada, demonstravam bastante regularidade e versatilidade, ganhando bastante destaque no time. Além dos recém contratados, a equipe de Van Gaal começou a ''revelar'' jogadores que já faziam parte do elenco, mas que não eram muito utlizados. Mata passou a ter mais importância no meio de campo, e Fellaini se mostrou capaz de realizar diversas funções, desde meio campo pelas laterais até a centroavante nos momentos de desespero. Ashley Young que era muito criticado nas temporadas anteriores, começou a ganhar espaço e já comçava a tirar a vaga de Di Maria, a grande contratação do time.

Mas o grande destaque da equipe já era o goleiro De Gea. O espanhol já vinha atuando em alto nível em temporadas anteriores, mas nesse campeonato vinha sendo o principal jogador da equipe e o grande goleiro do campeonato. De Gea foi diversas vezes considerado o melhor jogador da partida, até mesmo quando o United venceu o seu rival Liverpool por 3x0. Mesmo com uma vitória dessa proporção, o camisa um foi considerado o destaque do jogo, com defesas espetaculares, sendo fundamental na construção do resultado.


Melhor momento da temporada e fim das comparações com Moyes

Na segunda metade do campeonato, o Manchester United viveu o seu melhor momento em toda a temporada. Mas antes de emplacar a sequência de vitórias que daria ânimo para os torcedores dos diabos vermelhos, o time de Louis van Gaal ainda sofreu a segunda eliminação de uma competição nacional no ano. O clube recebeu o Arsenal em jogo válido pelas Quartas de Finais da FA Cup, e foi derrotado por 2x1, dando adeus da competição e podendo focar somente no campeonato inglês, visando a classificação para a Champions League.

O grande momento da equipe veio quando Louis van Gaal encontrou sua formação ideal. Ashley Young confirmou seu espaço no lugar de Di Maria e foi importante na conquista de diversos pontos para o time. Fellaini também confirmou o seu espaço na equipe, e o futebol de Rooney progrediu quando Van Gaal optou escalá-lo em uma posição mais ofensiva. O inglês se adaptou rápido e logo tomou a frente da artilharia da equipe, mantendo o topo até o fim do campeonato. Ainda assim, De Gea seguiu sendo o grande destaque, crescendo em grandes partidas e surpreendendo a todos com suas defesas milagrosas.

Após a eliminação para os londrinos, o Manchester United foi com tudo pra cima do Tottenham, e, demonstrando um futebol convincente, conquistou a vitória por 3x0, podendo ir motivado para Anfield, onde enfrentaria o rival Liverpool, que vinha embalado por uma sequência invicta que já durava 13 jogos no campeonato. A última vez que os Reds haviam perdido um jogo na Premier League, havia sido justamente contra o Manchester United, no primeiro turno em Old Trafford, por 3x0.

Assim como o Manchester, o Liverpool também visava uma classificação para a Champions League, aumentando ainda mais a importância do jogo. A sequência invicta dos Reds incluiam vitórias sobre o Manchester City, Tottenham e Southampton, e o fato de terem sido goleado em Old Trafford aumentava ainda mais a motivação do time de Brandan Rodgers. Ainda assim, a motivação não foi o suficiente, e o United jogou muito bem novamente e chegou a vitória por 2x1, com dois gols de Mata, sendo um deles eleito o mais bonito do campeonato. Wayne Rooney ainda desperdiçou um pênalti no fim do jogo.

A boa sequência dos diabos vermelhos não parou por aí, e o time ainda venceu o Aston Villa e o rival Manchester City, por 3x1 e 4x2 respectivamente, ficando em situação confortável na briga pela classificação para maior competição de clubes do planeta. A vitória contra os azuis de Manchester teve gosto especial, pois quebrou uma sequência de quatro jogos de vitórias do City contra seu rival. Ainda assim, veio pra coroar uma sequência de triunfos contra equipes fortes como o próprio City, Liverpool e Tottenham, e além dos resultados, o futebol também agradou aos torcedores.

Essa sequência também foi importante para acabar de vez com as comparações em relação ao time de David Moyes. A essa altura, os números de Van Gaal já eram bem superiores aos do ex-treinador da equipe. Isso contribuiu ainda mais para a torcida abraçar de vez o time e ficar ainda mais confiante para um retorno a Uefa Champions League.


Confirmação para a Champions e a espera de um futuro melhor

A forte sequência do clube de Manchester só foi ser quebrada na 33° rodada, quando a equipe viajou até Londres para enfrentar o líder Chelsea, no Stamford Bridge. Em jogo disputado, os comandados de Mourinho obtivera os três pontos ao confirmar a vitória por 1x0, com gol do belga Hazard.

A derrota para o líder pareceu ter abalado os diabos vermelhos, que foram derrotados logo em seguida por Everton fora de casa e West Bromwich no Old Trafford, por 3x0 e 1x0 respectivamente. Ainda assim, a classificação para a Champions League estava caminhada e muitos já viam como questão de tempo. Restou a equipe a disputa pelo terceiro lugar contra o Arsenal, para conseguir a classificação direta para a fase de grupos, mas a equipe de Londres não decepcionou e confirmou a terceira colocação, obrigando o Manchester United a se contentar com o 4° lugar e disputar a Pré-Champions League para chegar a fase de grupos da maior competição de clubes do planeta.

Ao terminar a temporada, o discurso foi de que a equipe não fez mais do que a obrigação em retornar a Uefa Champions League, e Louis van Gaal garantiu que seu time irá vir mais forte para a próxima temporada, quando ele já estará mais adaptado, com uma equipe mais definida e mais entrosada. De Gea confirmou o título de melhor jogador do time, enquanto Falcão Garcia, que fez apenas quatro gols em 26 jogos, teve a sua não-contratação confirmada.

Os principais objetivos para a próxima temporada são chegar forte na briga pelos títulos de todas as competições que a equipe irá jogar, tanto em cenários nacionais quanto continentais. Para isso, a equipe já contratou o grande destaque do campeão alemão PSV, o jovem Memphis Depay, que já trabalhou recentemente com Robin van Persie e Louis van Gaal, pela seleção da Holanda. Outro grande ''reforço'' que o clube tenta conquistar é a permanência de seu camisa um. A grande temporada de De Gea despertou interesse do gigante espanhol Real Madrid, que tem sondado o goleiro desde o final da temporada.