Pressão: seleção olímpica absorve críticas e soube crescer no momento certo

Seleção Sub-20 de Micale absorve melhor às críticas e em como lidar com a pressão

Pressão: seleção olímpica absorve críticas e soube crescer no momento certo
Fator casa: (deixo o título pra galera aí que vai publicar)
jvianaa
Por João Viana

Saiu Dunga por maus resultados, entrou Tite como técnico e Micale para comandar a Seleção na Olimpíada. Brasil muito criticado por seguidas vergonhas. Primeira chance para reverter a história: amistoso contra o Japão. Vitória por 2 a 0 e boa atuação. Seria a volta dos bons tempos? Passou nem perto. Começa a Olimpíada, primeiro jogo: empate contra a África do Sul. Segunda rodada: "Agora vai, é contra o Iraque", não foi. Outro empate e nitidamente um time que estava no salto alto e fazendo corpo mole para jogar. Voltam as críticas, dessa vez muito mais duras, principalmente direcionadas ao 'menino Neymar'. Silêncio dos jogadores. Já se falava em eliminação precoce. Dinamarca pela frente. Agora é tudo ou nada. Goleada e ótima atuação do quarteto ofensivo: Neymar, Luan, Gabriel Jesus e Gabigol. Classificados. Agora é pegar um adversário mais complicado: Colômbia. Mais uma vitória com bom desempenho. Semifinal contra Honduras. Jogo fácil? Facílimo. Goleada por 6 a 0 fora o baile. Estamos na final contra a Alemanha. Ah! A Alemanha de novo. Alemanha que fez o Brasil passar pela maior vergonha mundial? Sim, a Alemanha. Agora é teste para cardíaco, como diz um narrador famoso.

Pois é, mais uma vez os alemães na frente. O que poderia ser diferente dessa vez? Em 2014 existia um desiquilíbrio emocional muito grande entre os jogadores, mesmo com toda a experiência que muitos ali tinham. Isso ficou nítido depois do jogo contra a Colômbia, quando os vencemos por 2 a 1, e ainda perdemos o nosso principal jogador: Neymar. Fomos à semifinal tendo que encarar a Alemanha. Tudo bem, era uma equipe forte, mas não um bicho de sete cabeças. Realmente não era um monstro, mas, pela falta de equilíbrio, se tornou. Com um placar, que nem mesmo o mais pessimista dos torcedores imaginaria, fomos para a disputa do terceiro colocado. Goleada de 7 a 1 dentro de casa. A maior vergonha do futebol mundial.

O adversário foi à final contra a Argentina e se sagrou tetracampeão do mundo. “Agora ninguém bate a Alemanha. Melhor seleção do mundo”, diziam uns. “Melhor elenco, o Brasil não tinha chance alguma contra eles” diziam outros. Realmente é uma seleção muito boa, mas não a melhor. Pode ser a mais organizada, tanto que no amistoso pós Copa do Mundo enfrentaram a Argentina e perderam por 4 a 2 dentro de casa. E ainda foram eliminados para a França na Eurocopa.

Mas o que tem de diferente entre essas seleções e o Brasil? Nada. São ótimas equipes com excelentes jogadores. Em 2014, fomos atrapalhados por nós mesmos. Tínhamos elenco para fazer um jogo de igual para igual contra eles, mas por não saber lidar com a pressão de estar atuando em casa, custou muito caro.

(Foto: Getty Images)

Talvez esteja se perguntando: “e o que tem de diferente agora para vencermos? É um time de sub-20 ”. A diferença é essa. O que podemos observar nesse elenco, são jogadores que conseguiram absorver bem as críticas pesadas que estavam sofrendo. Na primeira partida contra a África do Sul criamos, mas não marcamos, contudo, ainda assim, se notava uma falta de vontade dos atletas. Contra o Iraque foi ainda pior, porque nem criamos e não existia vontade. Os julgamentos que fizeram a esses garotos foram pesados, por estarem jogando em casa, e mesmo assim conseguiram tomar lições a respeito e ‘resolveram jogar bola’.

O adversário da final fez uma ótima campanha. Goleou Fiji por 10 a 0 dentro do Mineirão, e ainda venceram Portugal, que era tratado como favorito ao pódio, por 4 a 0. Todos são garotos, com exceção de alguns acima dos 23 anos, e estão apresentando um bom futebol.

Para deixar claro, caso o Brasil vença, mesmo que por goleada, não apagara o ocorrido de 2014. A Seleção de Micale tem totais condições para sair vitoriosa. Vai ser um ótimo teste para essa nova geração, que viu o que aconteceu naquele 8 de julho de 2014.

(Foto: Getty Images)