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Demissão de Alexandre Mattos: qual o legado do diretor?

Poucos dias se passaram após a demissão de Alexandre Mattos do Vasco da Gama. Como analisar a passagem de exatos 100 dias do diretor pelo clube?

Demissão de Alexandre Mattos: qual o legado do diretor?
Reprodução/VascoTV
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Por Eduardo Alves

Na última quinta-feira (21), o diretor executivo Alexandre Mattos foi demitido do Vasco da Gama. No dia em que completava 100 dias ocupando o cargo, o dirigente teve seu vínculo com o clube encerrado.

Dentre os motivos para isso, estavam a exposição de informações para jornalistas (vide um vazamento dessas conversas, junto ao jornalista Lucas Pedrosa, do SBT Sports). Além disso, também se reportou, por parte do CEO do Vasco, uma distinção de planos entre o profissional e o clube.

A demissão foi comunicada de forma oficial por meio de uma entrevista coletiva, que foi cedida no hotel HIlton Barra, no Rio de Janeiro. Jornalistas presentes (incluindo a reportagem da VAVEL Brasil) estiveram presentes e puderam questionar acerca da temática ao comandante da parte executiva da SAF do Vasco.

Leandro Amorim/Vasco
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100 dias de casa

Alexandre Mattos foi contratado pelo Vasco em 11 de dezembro de 2023. O diretor chegava após a recente demissão de Paulo Bracks, que esteve ocupando o cargo pelo Vasco durante todo o ano de 2023.

A responsabilidade de Mattos era bem clara: arrumar a casa. Era de encargo dele resolver todas as pendências que haviam sido criadas pelos erros durante a gestão de Bracks, em especial, na montagem do elenco.

A princípio, isso vinha sendo sanado. Mattos logo tratou de acertar renovações de contratos importantes, como de Maicon e Paulo Henrique, além de promover a extensão contratual da comissão técnica do Vasco, com Ramón e Emiliano Díaz.

Também foi de autoria de Mattos a renovação contratual com Bruno Praxedes, muito criticada pelos torcedores, mas reportadamente um desejo da comissão técnica do clube.

Além disso, também foi quem estendeu por mais dois anos o contrato do volante Zé Gabriel, titular da equipe de Ramón Díaz durante o segundo semestre de 2023.

Leandro Amorim/Vasco
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Um toque pessoal

Após resolver as pendências principais, Mattos passou a trabalhar no mercado para trazer mais nomes para o cruzmaltino. A sua primeira aquisição foi o zagueiro João Victor, que chegou do Benfica, de Portugal, a um custo de 32 milhões de reais.

Também foi de responsabilidade de Mattos a vinda do zagueiro Robert Rojas, que chegou por empréstimo junto ao River Plate. Em seguida, Mattos viabilizou a vinda de David, atacante do Internacional, também por empréstimo.

A sua próxima aquisição confirmada foi a vinda de Adson, que chegou do Nantes, da França, a um custo de 26 milhões de reais, aproximadamente. Em seguida, iniciou os trâmites para a vinda de Juan Sforza, do Newell's Old Boys, transferência essa que demoraria mais de um mês a ser selada.

Leandro Amorim/Vasco
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Nos dias seguintes, Mattos garantiu a vinda de três nomes: Pablo Galdames, Victor Luís e Keiller. No caso de Galdames, o chileno veio a um custo inferior a um milhão de reais pela transferência. No caso de Victor Luís, o lateral-esquerdo veio a custo zero de transferência e no caso de Keiller, o goleiro veio por empréstimo até o final do ano, junto ao Internacional.

Após isso, enfim selou-se a vinda de Juan Sforza, pelo qual o Vasco pagou aproximadamente 24 milhões de reais. 

Por fim, foi promovida a vinda de Clayton Silva, que chegou do Casa Pia, de Portugal, em um empréstimo até o final do ano, pelo qual o Vasco desembolsou aproximadamente três milhões de reais.

Nesse empréstimo ainda é prevista uma opção de compra, que faria o clube desembolsar mais alguns milhões de reais caso exercida.

Leandro Amorim/Vasco
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Reformulação interna

Também foi de responsabilidade de Mattos a vinda de alguns profissionais para outras áreas dentro do Vasco. A primeira delas foi a vinda de Rodrigo Pelaipe, que chegou para o cargo de supervisor de futebol.

Em seguida, foi promovida a vinda de Fernando Leite, responsável por supervisionar a parte estrutural do clube, como estádio e centro de treinamento. Também foi promovida a vinda de Gabriel Bussinger, que chegou para o cargo de coordenador-técnico geral.

Também foi de autoria de Mattos a vinda de Jomar Ottoni, coordenador de performance do clube. Rodrigo Dias também foi outra vinda por influência de Mattos, chegando para trabalhar como gerente executivo das categorias de base.

Sob a tutela de Mattos, porém não por interferência direta dele, foi feita a mudança na comissão técnica do time sub-20 do Vasco, com a saída do multicampeão William Batista e a vinda de Rafael Paiva.

Rodrigo Pelaipe e Jomar Ottoni, apesar de terem chegado há pouco tempo, já não fazem mais parte do Vasco. Pelaipe deixou a equipe após a saída de Mattos, enquanto Ottoni deixou a equipe após o fim do Carioca, já em acordo com a diretoria do clube, por conta de problemas pessoais.

Leandro Amorim/Vasco
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Saldo final

A análise sobre a passagem de Mattos por São Januário é muito mais profunda do que analisar somente os resultados. É necessário entender qual era a expectativa com a vinda do diretor e se ela foi suprida.

Alexandre Mattos é um dos principais nomes para o cargo de diretor esportivo no futebol brasileiro, se analisar os últimos quinze anos. Seus trabalhos são conhecidos e muito respeitados.

Suas conquistas nacionais por Palmeiras e Cruzeiro, sua influência na reformulação do Atlético-MG (que viria a ser bi-campeão nacional futuramente) e sua força na montagem de um Athletico-PR finalista da Libertadores são algumas das credenciais que o fizeram ser adorado pela torcida do Vasco na sua vinda.

O Vasco vivencia apenas seu segundo ano sob o modelo SAF. A venda do clube para a 777 Partners, uma multi-nacional sediada na América do Norte, se deu no meio de 2022. Ainda é uma mudança "recente", mas já gera insatisfação no torcedor em diversos aspectos.

O caótico ano de 2023 vivenciado pelo Vasco, lutando contra a queda para a segunda divisão nacional, caindo precocemente na Copa do Brasil e sendo goleado pelo rival Flamengo nas semifinais estaduais, deu gosto amargo ao coração do adepto cruzmaltino.

Muito por isso, se depositava muita confiança na vinda de Mattos, um profissional comprovadamente campeão e capaz de montar equipes vencedoras.

Leandro Amorim/Vasco
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Sem sombra de dúvidas, fica o ar de decepção pela sua passagem, pois se esperava que, sob a tutela de Mattos, Vasco pudesse se aproximar novamente de vencer títulos e até mesmo conquistá-los.

As suas participações em entrevistas coletivas pelos meios oficiais do clube, sempre falando que o projeto era a médio e longo prazo e que os resultados seriam os melhores possíveis, ajudaram a criar a ilusão no torcedor.

Final trágico para uma passagem que era recheada de expectativa.

Leandro Amorim/Vasco
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Como fica o Vasco?

Com a saída de Alexandre Mattos, o Vasco agora terá uma comissão, montada pelas equipes de scout do Vasco da Gama e da 777 Partners, comandando a direção de futebol da equipe.

Essa será uma formação interina, até que um novo diretor seja contratado de forma definitiva pelo clube. A expectativa é de que um nome de peso seja adquirido.

Leandro Amorim/Vasco
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