De volta à Copa do Mundo, Rússia estreia diante da Coreia do Sul

Desde 2002 de fora do maior torneio de futebol da Terra, a Seleção russa estreia contra a já figurinha carimbada, Coreia do Sul, com uma Seleção inteiramente atuando no país; já os asiáticos, buscam repetir a campanha de 12 anos atrás

De volta à Copa do Mundo, Rússia estreia diante da Coreia do Sul
Foto: AFP
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Por Matheus Pereira

Sede da Copa do Mundo de 2018, a Rússia não disputava a maior competição do futebol Mundial desde 2002. Conseguiu a classificação para a Copa do Mundo de 2014, doze anos mais tarde, e estreará nesta terça-feira (17), na Arena Pantanal, diante da Coreia do Sul. As duas últimas esquadras a entrar em campo pela primeira vez no certame. Invencível há dez partidas, a Seleção russa enfrentará os sul-coreanos, presença constante no Mundial, mas em baixa: nas últimas seis partidas, quatro derrotas, duas delas pelo placar de 4 a 0.

Sob a batuta do experiente Kerzhakov e o comando do caro e eficiente Fabio Capello, os garotos russos são oriundos de clubes de dentro do próprio país. E se a responsabilidade recai para o centroavante, seu companheiro de ataque é uma das principais esperanças de bom futebol. O atacante Kokorin, jogador do Dinamo Moscow de apenas 23 anos, é visto como uma das joias russas, tanto para 2014 quanto para o futuro. E a espera de mais de dez anos até voltar a disputar uma Copa é um incômodo que foi deixado para trás com uma campanha irretocável nas Eliminatórias Europeias, onde a Rússia ficou em primeiro lugar do grupo, obrigando Portugal de Cristiano Ronaldo a disputar a repescagem.

Já a Coreia do Sul, quer repetir o feito de 2002, quando, jogando em casa, conseguiu conquistar um honroso quarto lugar. Para isso, a Seleção conta com um elenco renovado, a começar pelo seu craque: Park Ji-Sung, estrela coreana das últimas Copas do Mundo, que anunciou sua aposentadoria do elenco nacional este ano, segundo ele "para dar chance aos novos jogadores". Além de Ji-Sung, o atacante Ahn Jung-Hwan, que também esteve presente em 2002, 2006 e 2010, não está na esquadra coreana para o Mundial. Com isso, a responsabilidade recai para Son Heung-Min, de apenas 21 anos, que joga no Bayer Leverkusen, da Alemanha. Ele é o principal jogador num elenco de quinze estreantes.

Pessimismo da própria torcida é o principal inimigo russo, enquanto os jogadores creem no título

Fabio Capello é o comandante que tentará surpreender com a Rússia (Foto: DT Rusia)

O atacante Kerzhakov, em entrevista, se disse surpreso com a falta de crença em uma boa campanha no Brasil, que sua própria torcida apresenta.

"Eu gostaria de ter visto mais entusiasmo depois da classificação e do primeiro lugar do grupo. Havia um certo pessimismo, não de todo mundo, mas de parte da torcida, e isso nos surpreendeu um pouco. Esperávamos que mais pessoas fossem ver as nossas partidas na Rússia antes de viajarmos para a Copa do Mundo, mas o que se pode fazer? Vamos tentar deixá-las felizes com as nossas atuações no Brasil", lamentou o atacante.

A Seleção russa contou com uma baixa pouco antes do início do Mundial. O meia Shirokov, capitão da equipe, se lesionou e teve de ser cortado. Em seu lugar, foi chamado Mogilevets, de apenas 21 anos. Embora conte com tal desfalque, as expectativas dos atletas russos são altas.

"Estamos nos preparando para ganhar esse torneio. Todos os nossos jogadores atuam na própria Rússia e as pessoas de fora do país não nos conhecem. O importante é que o nosso técnico Fabio Capello nos conhece e conhece os nossos pontos fortes. Sabemos do que somos capazes, e se cada um conseguir jogar o máximo do que sabe, teremos sucesso", finalizou Kerzhakov.

Além de Kerzhakov, alguns outros jogadores podem desequilibrar a favor do escrete russo. É o caso de Dzagoev, meio-campista do CSKA Moscow de apenas 23 anos que, juntamente com Kokorin, é uma das joias da Seleção para as próximas Copas do Mundo. Mas, tratado com certa bajulação pelos aficionados, o jogador sofre com a pressão de quem teve uma ascensão rápida no futebol até se tornar o termômetro da seleção com apenas 21 anos. Uma boa campanha também passa pelas atuações do consistente zagueiro Ignashevich.

E antes do confronto que pode determinar quem sairá na frente no Grupo H juntamente à favorita Bélgica, a palavra na Seleção russa foi de respeito ao adversário. Em entrevista, o meia Fayzulin elogiou os 'rápidos e agudos' sul-coreanos.

"Lembro de que gostei do time da Coreia do Sul. Gostei da movimentação e da unidade deles, são jogadores disciplinados. Acho difícil jogar contra eles porque são rápidos, pequenos e agudos", lembrou o jogador, citando o amistoso que as duas equipes fizeram em novembro de 2013, vencido pela Rússia por 1 a 0.

Renovada e em busca da vaga, Coreia do Sul prega concentração para a estreia

Com a Seleção passando por renovação, a Coreia do Sul vai para sua oitava participação seguida em Copas do Mundo. Cheia de estreantes em Copas em seu plantel, a Seleção começa diante da Rússia a caminhada na competição, em busca da vaga para as oitavas-de-final. Embora não seja favorita à classificação como é sua adversária, a Coreia tenta surpreender baseando seu futebol na concentração. É isso que disse o treinador Hong Myung-Bo em entrevista coletiva.

"Eles são mais fortes fisicamente, mas estamos bem preparados. O nível do futebol na Coreia do Sul aumentou significativamente desde 2002. É verdade que a equipe russa é forte física e tecnicamente, mas a nossa equipe vai estar muito concentrada em disciplinada durante o jogo", afirmou o técnico.

E a responsabilidade recai para o atual principal jogador do grupo, Son. O meio-campista, que atua no Bayer Leverkusen, da Alemanha, terá como companhia na titularidade o atacante Park Chu-Young, outro visto como uma das peças primordiais para a equipe. Embora tendo participado poucas vezes de partidas em 2014 no seu clube, o Bolton, da Inglaterra, Park será incumbido de mudar o estigma coreano de fazer poucos gols - foram 15 em 16 partidas desde que o atual treinador assumiu o cargo. Contudo, o atacante não quer ser responsabilizado sozinho.

"Temos todos que trabalhar em conjunto para criar oportunidades, algo que não conseguimos fazer diante de Gana (derrota por 4 a 0). Não quero me limitar a fazer montes de finalizações, pois acho que tenho ajudar a equipe a ser mais produtiva", declarou o atacante.

Aliás, se depender dos resultados dos amistosos, a Coreia tem muito a melhorar. Isso porque, neste ano, a equipe venceu duas de seis partidas disputadas (1 a 0 contra a Costa Rica e 2 a 0 contra a Grécia), tendo perdido todas as outras, para México (4 a 0), Gana (4 a 0), Estados Unidos (2 a 0) e Tunísia - que não participa da Copa do Mundo -, por 1 a 0. A Seleção sul-coreana carimbou o passaporte rumo ao Brasil após ficar na frente do Uzbequistão pelo saldo de gols nas Eliminatórias Asiáticas.

Quem apitará a partida será o argentino Néstor Pitana, de 39 anos, que apitará sua primeira Copa do Mundo na carreira. Foi ele quem comandou a final da Taça Libertadores da América de 2013 e três partidas da Copa do Mundo Sub-17 do mesmo ano.