Após ótimo ano em 2013, o Goiás Esporte Clube perdeu suas principais peças e virou uma incógnita para 2014. O treinador Claudinei Oliveira foi a aposta da diretoria para comandar o processo de reformulação do elenco. No entanto, o técnico que veio do Santos não resistiu à derrota para o Botafogo-PB na primeira fase da Copa do Brasil e à perda do tricampeonato goiano para o Atlético, sendo demitido com apenas quatro meses de trabalho.

Ricardo Drubscky foi o encarregado de dar sequência à temporada do Esmeraldino e obteve sucesso em seu trabalho. As expectativas da torcida do Verdão estavam voltadas para uma campanha sem sustos no Brasileirão e uma possível surpresa na Copa Sul-Americana, sendo correspondidas pela equipe. O time goiano livrou-se do rebaixamento sem grandes sustos e parou na disputa de pênaltis nas oitavas de final da competição continental. Veja como foi o ano de 2014 para o Goiás.

Debandada geral e aposta na base

Como reflexo da ótima campanha em 2013, o Goiás pagou por não possuir suporte financeiro para manter seus principais jogadores. Rodrigo, Ernando, William Matheus, Hugo, Renan Oliveira, Eduardo Sasha e Walter, todos titulares em boa parte da temporada, deixaram o clube e forçaram a reformulação em 2014. Como já se tornou costume nos últimos anos, a diretoria alviverde não fez nenhuma loucura para contratar grandes jogadores e recorreu a contratações pontuais e baratas para suprir as carências do elenco.

Por empréstimo, chegaram o lateral-direito Moisés, o lateral-esquerdo Lima e o meia Tiago Real, de Grêmio, Botafogo e Palmeiras, respectivamente. Além deles, chegaram o zagueiro Alex Alves, vindo do Paraná, e o experiente meia Carlos Alberto. Com exceção de Carlos Alberto, que decepcionou, todos foram opções recorrentes ao longo da temporada. Esse grupo de jogadores juntou-se aos remanescentes Renan, Amaral, David e Thiago Mendes para compor o novo Esmeraldino.

Tricampeonato estadual escapa nos acréscimos

O regulamento do Campeonato Goiano foi alterado para 2014, passando a contar com dois grupos de cinco equipes. A primeira fase previa três turnos, sendo os dois primeiros com cruzamento das chaves, ao passo que o terceiro contaria com os times do próprio grupo jogando entre si. Como de costume, o Goiás foi soberano e chegou às finais com enorme facilidade. O ótimo retrospecto da equipe na primeira fase contou com dez vitórias e quatro empates, marcando vinte e nove gols e sofrendo apenas oito.

O adversário na semifinal foi o Goianésia, que deteve a quarta melhor campanha na fase prévia. O time do interior goiano ofereceu resistência jogando em casa e chegou a abrir o placar no primeiro jogo, mas David empatou o duelo e deu ao Esmeraldino a possibilidade de jogar por um empate no Serra Dourada para chegar à final. Apesar da vantagem, o Goiás não tomou conhecimento e aplicou 3 a 0 sobre o Goianésia na volta, com gols de Erik, Ramon e Araújo, artilheiro da competição.

Na decisão, confronto com o rival Atlético Goianiense, no qual o Goiás jogava por dois resultados iguais por ter feito melhor campanha na fase inicial. Após empate em 0 a 0 no jogo de ida, tudo ficou para o segundo embate. Os 23.197 torcedores que foram ao Serra Dourada viram um duelo truncado, com o Goiás administrando a igualdade que lhe daria o tricampeonato goiano de forma invicta. No entanto, o irretocável desempenho ruiu aos 49 minutos do segundo tempo, quando Lino fez o gol que deu o décimo terceiro título estadual ao Atlético, culminando na demissão do então treinador alviverde Claudinei Oliveira.

As eliminações: vexame na Copa do Brasil e derrota nos pênaltis na Sul-Americana

O sorteio da primeira fase da Copa do Brasil colocou o Botafogo-PB, então campeão da Série D do Brasileirão, no caminho do Goiás. O que era pra ser mera formalidade virou drama para o Esmeraldino. No primeiro jogo, realizado no Almeidão, o veterano centroavante argentino Frontini marcou os dois gols do clube nordestino na vitória de 2 a 0, complicando - e muito - o destino alviverde na competição nacional. Já com o novo técnico Ricardo Drubscky, na volta, o Verdão não foi capaz de superar a defesa adversária e empatou em 0 a 0, sendo precocemente eliminado da Copa do Brasil.

Por terminar o Brasileirão de 2013 em sexto lugar e ter sido eliminado em uma das três fases iniciais na Copa do Brasil, o Goiás se credenciou para disputar a Copa Sul-Americana. Pela frente, um velho conhecido: o Fluminense, adversário que o Esmeraldino havia vencido nas oitavas de final da Copa do Brasil 2013. E a história se repetiu.

A primeira partida, no Maracanã, foi dura para o time do Centro-Oeste. O tricolor carioca foi superior em boa parte do jogo e abriu 2 a 0, com dois gols do volante Edson. Contudo, a equipe alviverde se aproveitou da expulsão do goleiro Kléver para crescer no confronto e marcar o gol da esperança, já aos 48 minutos do segundo tempo, com a revelação Erik.

Na volta, no Serra Dourada, o time contou com o apoio da torcida para conseguir a classificação para as oitavas de final. Após primeiro tempo morno, Erik mais uma vez decidiu e foi o autor do tento decisivo, aos 2 minutos da etapa final. O Goiás precisou suportar a pressão carioca por todo o segundo tempo, mas a defesa se postou bem e Renan não comprometeu quando foi exigido, carimbando o avanço goiano.

O Emelec, do Equador, foi o adversário nas oitavas de final da competição continental. O Goiás demonstrou, novamente, fragilidade atuando fora de casa e foi derrotado pelo placar mínimo no estádio George Capwell. Apesar da desvantagem, o time foi valente no Serra Dourada e - sempre ele - Erik anotou o gol que levou o duelo para os pênaltis. Com requintes de crueldade, o Esmeraldino sucumbiu na marca da cal e foi eliminado da Sul-Americana.

Novos reforços e instabilidade: o início no Brasileirão

Como ocorreu em 2013, o Goiás entrou como azarão no Campeonato Brasileiro e surpeendeu quem esperava uma luta acirrada contra o rebaixamento. Ricardo Drubscky contou com a chegada dos atacantes Esquerdinha, destaque do campeão paulista Ituano, Samuel, emprestado pelo Fluminense, e Bruno Mineiro, emprestado pelo Atlético-PR, para aumentar o poder de fogo da equipe na elite nacional.

Nas nove rodadas que antecederam a paralisação para a Copa do Mundo, o Goiás conseguiu ótima performance e obteve quatro vitórias, três empates e duas derrotas, totalizando quinze pontos e alcançando uma surpreendente sexta colocação. Baseado em uma defesa sólida com Renan e Jackson como pilares, o Esmeraldino sofreu apenas cinco gols nas oito primeiras rodadas, sendo o revés de 3 a 0 ante o Coritiba um ponto fora da curva.

A pausa no calendário não foi positiva para o Verdão, que encontrou sérios problemas no retorno ao Brasileirão. Após as saídas de Vítor e Araújo, a equipe somou apenas nove pontos nas dez rodadas finais do primeiro turno e ocupava o décimo terceiro posto da tabela ao término da 19ª rodada. No fim das contas, o turno alviverde não apresentou nada aquém do esperado, cumprindo parcialmente o objetivo traçado.

Campanha semelhante no segundo turno sela colocação no meio da tabela

No returno, o Goiás alcançou uma marca praticamente igual à do primeiro turno, somando 23 pontos e finalizando o certame nacional com 47 pontos. Quem desequilibrou a favor do Esmeraldino foi o atacante Erik. Reserva em boa parte do início do campeonato, o atacante de 20 anos ganhou chance entre os titulares na 18ª rodada e aproveitou da melhor maneira possível, marcando os três gols da vitória por 3 a 1 diante do Atlético-PR e se tornando homem de confiança do treinador Ricardo Drubscky.

A irregularidade seguiu sendo a tônica do time alviverde na competição e o constante perde-ganha impossibilitou que a equipe alçasse voos maiores no Brasileirão. Após começo preocupante, o Goiás venceu duelos importantes contra as equipes da parte de baixo da tabela e impossibilitou qualquer chance de brigar para permanecer na Série A. Com a situação resolvida, o clube entrou na zona de conforto e pouco fez nas rodadas finais, satisfazendo-se com a 12ª posição.

Melhor jogo: Goiás 6 x 0 Palmeiras, 23ª rodada

Neste jogo, o Goiás enfrentou o então lanterna Palmeiras e não teve dó, nem piedade. O Esmeraldinho aproveitou os diversos erros defensivos dos paulistas para passar o trator. Ao fim do primeiro tempo, o marcador já mostrava 4 a 0, com gols de Ramon, Esquerdinha, Erik e David. Na etapa complementar, Thiago Mendes e Welinton Júnior deram números finais à maior goleada do Brasileirão 2014, completando o massacre.

Pior jogo: Coritiba 3 x 0 Goiás, 9ª rodada

Após ótimo começo, o Goiás estava embalado e lutava por uma vaga no G-4. Para confirmar a boa fase, o time enfrentaria o Coritiba, que não havia vencido nenhuma partida no campeonato. No entanto, tudo deu errado e os goianos foram neutralizados pelo Coxa que, comandado por Alex, construiu a goleada com facilidade e afastou o Esmeraldino das primeiras posições.

Os melhores de 2014

Erik: O principal nome do Goiás na Série A. No clube desde os 11 anos de idade, o atacante foi o grande destaque na campanha do vice-campeonato da Copa São Paulo de Futebol Júnior em 2013, terminando como artilheiro da competição. Promovido aos profissionais, o jovem jogador teve poucas chances com o técnico Enderson Moreira, mas 2014 marcou a carreira do camisa 11. Com ótimas atuações e 12 gols no Brasileirão, o atleta de 20 anos foi premiado como revelação do campeonato.

Renan: No clube desde 2013, o goleiro revelado pelo Internacional fez mais uma boa temporada e foi peça-chave na segura campanha do Goiás no Campeonato Brasileiro de 2014, salvando a equipe em diversas oportunidades e se firmando na meta que foi ocupada por Harlei por mais de uma década.

Thiago Mendes: Mais um importante nome que veio das categorias de base do clube. Nos profissionais desde 2010, o volante manteve a toada de 2013 e foi titular incontestável durante toda a temporada, ditando o ritmo nas jogadas ofensivas e sendo incansável na marcação.

Os piores de 2014

Carlos Alberto: Contratado com pompa de grande reforço da temporada, o meia teve passagem absolutamente lamentável pelo Goiás. Tendo atuado em apenas seis partidas, o camisa 19 não registrou gols nem assistências e o grande destaque - negativo - ficou por conta do número de cartões: quatro amarelos e um vermelho.

Bruno Mineiro: Uma das apostas para o segundo semestre, o rodado centroavante jamais correspondeu às expectativas e não se firmou no Goiás, marcando apenas dois gols na passagem pelo Verdão.

Araújo: Assim como em 2013, o atacante fez bom Campeonato Goiano, mas parou por aí. Titular no começo do Brasileirão, o ídolo esmeraldino partidas ruins com péssimas nas rodadas que antecederam a Copa do Mundo e foi dispensado pela diretoria no meio da temporada.

Saída de titulares e troca de treinador: o planejamento para 2015

O panorama previsto para 2015 é bem semelhante ao que foi visto em 2014. Mais uma vez, o Goiás deverá perder seus principais jogadores e precisará se reinventar para não fazer feio nas principais competições. A grande estrela, Erik, tem seu futuro incerto, mas não deverá permanecer caso chegue alguma boa proposta para a diretoria alviverde.

O Esmeraldino já tem duas grandes perdas confirmadas. São elas as dos volantes Amaral e Thiago Mendes, ambos revelados pelo clube e com grande identificação com a torcida. O primeiro seguirá em um time verde: após dez temporadas no Goiás, se transferiu para o Palmeiras. Já Thiago também atuará no futebol paulista, mas pelo São Paulo.

Além das baixas dos meias, os laterais Moisés e Lima, o meia Tiago Real e o atacante Samuel terão seus empréstimos encerrados na virada do ano e não devem permanecer no Serra Dourada. Por fim, o meia David recebeu sondagens de alguns clubes da primeira divisão e é outro que pode sair.

Quem terá a incumbência de comandar a nova reformulação será Wagner Lopes, treinador contratado após boa campanha com o rival Atlético na Série B e que já está ciente do planejamento: "Nosso objetivo é montar um time competitivo, aproveitando os meninos da base, seguindo os passos da meritocracia", afirmou o novo técnico.

Análise final

Decepcionando no Campeonato Goiano e na Copa do Brasil, o Goiás melhorou após Ricardo Drubscky assumir o comando e correspondeu às expectativas no Brasileirão, contando com a estrela do menino Erik. Agora virá a difícil missão de lidar com a saída dos principais jogadores e saber usar de maneira adequada as revelações vindas da base, grande aposta para 2015. O torcedor ficará feliz com mais uma campanha tranquila na Série A.