Uma rivalidade centenária é marcada por altos e baixos dos dois lados. Com 106 anos, a história do Gre-Nal não é diferente. Na década de 90, enquanto o Grêmio vivia uma de suas mais gloriosas épocas, o Internacional amargava anos à sombra do rival, sem aparecer com destaque no cenário nacional.

Mesmo tendo sido rebaixado em 1991, o Tricolor sagrou-se campeão da Copa do Brasil em 1994 e 1997, da Libertadores em 1995 e do Brasileirão em 1996. O Colorado, contraditoriamente, conquistou seu último caneco nacional justamente nesta década: a Copa do Brasil de 1992. Apesar do vexame azul e do título vermelho, os anos 90 sempre serão marcados como uma era gremista, onde o Tricolor foi um dos principais clubes do país.

No começo de 1997, o Rio Grande do Sul ainda tinha o Campeonato Brasileiro de 96 fresco na memória. O Grêmio foi campeão nacional no dia 14 de dezembro e, com um elenco recheado de jogadores renomados, era o grande favorito para conquistar novamente o estado, repetindo os dois anos anteriores. Sob o comando de Evaristo de Macedo, que substituía Luiz Felipe Scolari, o Tricolor ainda contava com Danrlei, Arce, Roger, Emerson, Carlos Miguel e Paulo Nunes.

Sem recursos para realizar grandes investimentos, o Inter apostava em jogadores jovens, como André, Fabiano e Christian, além dos já veteranos Fernando e Gamarra. O técnico, até então desconhecido, se tornaria um personagem mítico no futebol gaúcho anos depois: Celso Roth.

Em 1997, como de costume, Grêmio e Internacional chegaram a final do Campeonato Gaúcho. Contudo, as partidas de semifinal foram diferentes para cada um deles: o Tricolor, em meio às disputas da Copa do Brasil (foi campeão) e da Libertadores, só eliminou o Brasil de Pelotas nos pênaltis; o Colorado passou com facilidade pelo Veranópolis, fazendo 3 a 0 no jogo de volta.

Primeira batalha empatada, mas com superioridade colorada

Na partida de ida da decisão, o estádio Olímpico recebeu um público de mais de 30 mil pessoas. Logo aos 3 minutos de bola rolando, o zagueiro Wágner Fernandes abriu o placar para o Grêmio. O empate colorado veio com 39 minutos, em um gol anotado por Christian. Durante a segunda etapa, o Internacional atacou e foi superior ao rival, mas não conseguiu converter o volume de jogo em bola na rede.

Apesar de terem saído do Olímpico sem a vitória, os alvirrubros estavam confiantes para, finalmente, erguerem um caneco sobre o maior rival. A chance era única, e tudo conspirava a favor de uma quebra de jejum. O Inter decidiria em casa o título gaúcho e já havia mostrado que era capaz de triunfar sobre o Tricolor.

''Uh, Fabiano!'': vitória e taça no armário colorado

No derradeiro duelo de volta, em 2 de julho, a torcida do Inter lotou o Beira-Rio, sem pensar na possibilidade de sair do Gigante de mãos abanando. O Grêmio vinha desgastado pela sequência de jogos e foi batido pelo rival, mesmo após um primeiro tempo equilibrado.

O lance que decidiu o campeonato aconteceu aos 4 minutos da etapa final: após roubada de bola, Enciso lançou Fabiano, que, em uma arrancada fulminante, recebeu, avançou sobre a defesa gremista e fuzilou Danrlei. Era o gol do alívio colorado, que voltava a conquistar um estadual após três anos, justamente após ver o Grêmio levantar Libertadores e Brasileirão nos dois anos que sucederam o urro vermelho de redenção.

O título gaúcho refletiu na campanha do Internacional no Brasileirão daquele ano: após ótima campanha na primeira fase, onde terminou em 2º lugar, o Colorado foi eliminado em um dos dois quadrangulares que decidiram os finalistas (apenas o líder de cada quadrangular ia à final).

Depois de 1997, os vermelhos só voltariam a ganhar uma taça cinco anos depois, em 2002 - novamente o título gaúcho -. A partir daí, foram cinco canecos estaduais seguidos e se iniciou a maior fase da história do clube, com as conquistas da América e do mundo.

Confira, no vídeo abaixo, o gol de Fabiano, que deu a vitória e o título ao Inter na final do Gauchão de 1997: