A Polícia Militar de Alagoas (PM/AL) convocou uma entrevista coletiva à imprensa na manhã desta terça-feira (10), onde deu suas explicações ao episódio de pancadaria após a decisão do Campeonato Alagoano 2016, o qual o CRB conquistou o bicampeonato sobre o CSA no Estádio Rei Pelé. A confusão envolveu torcedores no gramado, nas arquibancadas e nos arredores do palco esportivo, além de incidentes em outros bairros de Maceió.

Ao apresentar um resumo das ações policiais antes, durante e após o jogo, o comando militar afirma que houve falha em todos os pontos. Para o comandante de policiamento no esquema do Clássico das Multidões, tenente-coronel Túlio Roberto, Federação Alagoana de Futebol (FAF) e CSA são responsáveis pela falta de organização, enquanto os atletas do CRB foram principais agentes para incitar a violência que culminou na batalha campal nunca vista anteriormente nos estádios de futebol alagoanos.

De acordo com o tenente-coronel, o efetivo ficou comprometido quando parte dos militares precisou ser deslocado para o setor das catracas, pelo fato de torcedores com ingressos tentavam entrar no Rei Pelé. Segundo a PM, os portões foram fechados às 16h03, quando foi constatada a superlotação, e houve arrombamento às 16h15, o que foi necessário uma quantidade acima do esperado de agentes para conter o tumulto. "Em torno de mil ou 1.200 torcedores, munidos de seus ingressos, não tiveram acesso, o que ocasionou um problema por parte de torcedores do CSA nos portões 1 e 4", explicou Túlio Roberto.

A assessoria do CSA informou que o clube confeccionou 13 mil ingressos, a quantidade estipulada pela PM, e que havia 1.600 lugares disponíveis no estádio 20 minutos antes do jogo começar. Além disso, foi dito que existem relatórios que comprovam e dão embasamento à regularidade na organização por parte dos azulinos.

Sobre o tumulto após os 90 minutos que determinaram o bicampeonato regatiano, o comandante destacou que o estopim foi a provocação de alguns jogadores do CRB que estavam no banco de reservas. Quando Neto Baiano marcou o gol que sacramentou a conquista alvirrubra, aos 46 minutos do segundo tempo, os jogadores foram comemorar do outro lado do gramado, próximo dos torcedores azulinos, o que foi considerado conduta antidesportiva.

"Graças à rápida ação policial, uma tragédia de maiores proporções foi evitada. A ação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) durou menos de 40 segundos para conter os torcedores envolvidos nos conflitos. Os jogadores do CRB adotaram uma postura de incitação com gestos que insuflaram a torcida adversária, culminando com a invasão do campo e o confronto entre os torcedores", explanou Túlio Roberto.

A Federação Alagoana de Futebol (FAF) não comentou sobre o relatório feito pela Polícia Militar. O presidente da FAF, Felipe Feijó, destacou apenas que o material de imagens que tem em mãos será repassado ao Ministério Público (MP) e que vai solicitar uma reunião com a PM para evitar situações semelhantes.

"Vamos passar o material para o MP e veremos as medidas a serem tomadas, pois não podemos ser permissíveis com estes tipos de situações. Alguma medida enérgica tem que ser tomada para coibir a violência. É de se lamentar, porque já proibimos as torcidas organizadas e agora outras atitudes extremas terão que ser realizadas", afirmou Feijó.