Uma das grandes incógnitas da temporada de 2017 da Fórmula 1 é a McLaren. A tradicionalíssima equipe inglesa vem sofrendo com problemas de confiabilidade e de desempenho gritantes desde 2015, quando começou a parceria com a Honda para fornecimento de motores. Espera-se que, neste ano, a escuderia consiga evoluir nesse quesito e volte a brigar pelo menos por pontos em boa parte das corridas. Mas o começo não foi o ideal, e agora a própria McLaren admite isso.
Por conta de problemas justamente na unidade de potência da fornecedora japonesa, o time acabou abandonando de forma precoce dois dos quatro dias da primeira semana de pré-temporada, entre os últimos dias 27 de fevereiro e 2 de março no Circuito da Catalunha, em Barcelona, na Espanha. E em entrevista ao site Motorsport.com, o diretor de corridas da esquadra de Woking, Éric Boullier, assumiu que o desempenho da equipe foi decepcionante, e não apenas pela quantidade de voltas dadas, mas também pela falta de competitividade apresentada quando o carro esteve em condições.
“Não é bom, não está tudo no nível que queríamos mostrar aqui. Não corremos muito, não corremos o suficiente, e não necessariamente tivemos boa performance quando corremos. Mas ainda conseguimos alguma quilometragem, começamos a trabalhar no carro para entender como as coias funcionam”, afirmou o francês.
Com essas adversidades, Boullier também reconhece que não há solução para recuperar todo o tempo perdido nos primeiros dias em Barcelona. Assim, a McLaren terá que utilizar algumas sessões de treinos livres de sexta-feira (que abrem o fim de semana oficial de corridas) pelo menos durante o começo de temporada, para que possa fazer algumas experimentações que acabaram sendo abortadas. Para ele, a escuderia também terá que rever o programa de testes para a segunda semana da pré-temporada, mudando as prioridades inicialmente definidas.
“Não há solução para recuperar o tempo que perdemos. Agora temos que voltar ao ponto e remontar a lista do que precisamos fazer. Assim, infelizmente, algumas sessões de sexta-feira durante a temporada terão que ser usadas como testes do que deveríamos ter visto aqui. Nada pode ser feito, você não pode voltar no tempo. Quando ele se perde, se perde. Temos que mudar nossas prioridades para o que teremos testar, validar e o que será feito na próxima semana”, confessou.
Por fim, o diretor ressaltou que os objetivos para 2017 dependem do desempenho, e que a McLaren atingiu quase todas as metas de começo de ano, mas que na pista as coisas são diferentes. Ele encerrou dizendo que o time precisa esperar pela evolução dos motores da Honda para que as coisas funcionem de forma mais satisfatória.
“Os objetivos dependem em que sentido você fala. Os que foram definidos para a McLaren, por nós mesmos, quase todos foram alcançados. Mas os objetivos na pista são diferentes. Precisamos esperar pela Honda, de acordo com o que vi nessa semana, para fazer as coisas de forma um pouco mais correta”, complementou.
Nos quatro dias de teste da primeira semana de pré-temporada, a melhor posição da McLaren foi um sétimo lugar (entre dez carros) com o novato Stoffel Vandoorne, já no dia final. Além do desempenho ruim, os problemas no tanque de óleo e com a combustão interna do motor limitaram o belga e o espanhol Fernando Alonso a poucas voltas durante as sessões.
A segunda e última semana de pré-temporada também ocorre em Barcelona, entre 7 e 10 de março. Já ao fim do mês, no dia 26, o Grande Prêmio da Austrália abre a temporada de 2017, em Albert Park, Melbourne.