O seminário "Somos Futebol 2019" realizado anualmente pela CBF teve início na manhã desta segunda-feira (22). Coube aos treinadores Tite, Jorge Sampaoli e Fernando Diniz realizarem a abertura do evento.

Os "professores" traçaram durante seus discursos o real motivo de o nível do futebol brasileiro estar abaixo do praticado na elite da Europa. Dentre várias hipóteses apresentadas, o imediatismo dos trabalhos foi o ponto mais abordado e por isso um futebol mais preso e muito defensivo.

"O jogo divertido se transformou em estresse, em apuro, fica difícil de desfrutar", exemplificou Sampaoli.

"Jogador está clamando por ajuda. A gente tem que conviver melhor (com o resultado). Futebol não é um lugar para assassinar as pessoas", analisou o treinador do Fluminense, Fernando Diniz.

Foto: Lucas Figueiredo/CBF
Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Primeiro dos três a falar, Tite afirmou que seu melhor momento foi no comando do Corinthians de 2015, e avaliou que ter estado no clube por quatro anos e meio ajudou no processo de construção da equipe.

"Não acredito em varinha mágica, em treinar três dias e ser campeão. Acredito em processos", ressaltou.

Na sequência, Sampaoli, treinador do Santos, partiu para a parte tática do jogo e separou o campo em três zonas, de alerta (defesa), conforto (meio-campo) e zona de definição (ataque). Segundo o argentino, seu objetivo nas três zonas é eliminar adversários e superá-los com passes ou dribles. No seu entendimento o jogo tem que ser construído até o meio-campo, mas com aceleração só na zona de conclusão.

"O jogador acelera porque o público acelera. O público celebra quando o zagueiro tira com um chutão. Os criativos não aparecem porque são oprimidos", contou. 

Foto: Lucas Figueiredo/CBF
Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Sampaoli usou como exemplo o Ajax e sua campanha na Liga dos Campeões para falar sobre a qualidade do jogador sul-americano.

"(Ajax) Essa qualidade que parece mais sul-americana, e que perdemos um pouco, nos esquecemos um pouco", disse o treinador. 

Último a subir no palco na sede da CBF, Fernando Diniz declarou que uma das principais abordagens deve ser em cima do jogador. Para ele, os atletas devem ser estimulados porque vêm sendo submetidos a grande pressão e por isso ficam com medo de errar. Ao mesmo tempo, entende que os técnicos têm que ser corajosos na proposta de seus jogos.

"A gente importou um jeito europeu jogar no passado. Nossos jogos são muito bem estruturados na base de defesa. Fazer jogo de construção dá mais trabalho. Já na base tem a pressa. Defender é mais fácil do que construir", explicou Diniz.

Foto: Lucas Figueiredo/CBF
Foto: Lucas Figueiredo/CBF

A VAVEL Brasil está presente na 3ª Semana de Evolução do Futebol realizada pela CBF. O evento reúne técnicos, gestores, profissionais de comunicação e marketing, árbitros, ex-atletas e outros especialistas do mercado internacional.