Em uma época onde personagens que construíram a história do futebol brasileiro saem da ativa por conta da fragilidade e crueldade da vida, mais um grande nome sai da esfera humana e passa a estar nas recordações mais belas de vários clubes do país. Na manhã desta quinta-feira (27), Valdir Espinosa morreu aos 72 anos no Rio de Janeiro. Atualmente, Valdir era gerente de futebol do Botafogo, um dos times em que seu nome mais esteve em evidência de maneira gloriosa.

A carreira de Valdir Espinosa como jogador foi relativamente curta. Começou em 1970 como lateral-direito do Grêmio e seguiu por CSA, Esportivo e Caxias. Em 1978, parou a trajetória dentro das quatro linhas e permaneceu no mundo do futebol à beira do gramado. Em 1979, comandou o Esportivo. O primeiro ponto altíssimo de sua carreira foi a conquista da Taça Libertadores da América e do Mundial de Clubes com o Grêmio em 1983. Em um time composto por Renato Portaluppi, Paulo César Caju, Mário Sérgio, Baltazar, Hugo de León e outros, Valdir regeu o time que foi responsável pelos maiores títulos da história do Imortal Tricolor.

Anos depois, em 1989, a missão de Valdir Espinosa era tão grande quanto a enfrentada no Rio Grande do Sul. O Botafogo vivia um momento turbulento e não conquistava um troféu há 21 anos. O convite aceito virou mais uma página bela na história do futebol do Brasil e de sua carreira. Com gol de Maurício na reta final da partida contra o Flamengo, o Alvinegro da Estrela Solitária venceu por 1 a 0 e foi campeão carioca invicto. Na época em que as competições estaduais eram consideradas com muito mais valor e apreço, a festa em General Severiano foi enorme.

Ao longo da carreira, foram várias equipes treinadas no Brasil e no exterior. Clubes de vários tamanhos, curto, médio e longo alcance, mas com a dedicação e a bagagem de uma pessoa vitoriosa. No Brasil, comandou, além de Grêmio e Botafogo, Ceará, Londrina, Flamengo, Atlético-MG, Palmeiras, Portuguesa de Desportos, Corinthians, Fluminense, Coritiba, Vitória, Athletico Paranaense, Brasiliense, Fortaleza, Flamengo, Santa Cruz, Vasco da Gama, Duque de Caxias e Metropolitano. Fora do país, comandou Al-Hilal/SAU, Cerro Porteño/PAR, Tokyo Verdy/JPN e Las Vegas City/EUA. Além dos gramados, atuou também como comentaristas no rádio e na televisão. Chegou até a ser candidato a deputado estadual no Rio de Janeiro, mas não foi eleito.

Nos últimos anos, a fase de treinador foi deixada para trás e Valdir Espinosa passou a trabalhar nos bastidores, como coordenador técnico e gerente de futebol. Curiosamente, seus dois últimos trabalhos foram nos clubes que o colocaram em um nível singular na história. Voltou ao Grêmio em 2016 e novamente foi peça importante para o time conquistar o terceiro troféu da Libertadores e tirar o time gaúcho de uma grande seca de títulos nacionais e internacionais. No último mês de dezembro, retornou ao Botafogo para ser gerente de futebol.

No último dia 14, comunicou informalmente aos jogadores alvinegros, à comissão técnica e à imprensa sobre suas dores abdominais que forçadamente o tiraria do cotidiano do Fogão. Emocionado, recebeu o carinho e o aplauso de todo o grupo. Três dias depois, foi operado e a cirurgia inicialmente foi considerada um sucesso. Porém, no último dia 20, voltou ao hospital e não conseguiu se recuperar das complicações. O velório irá acontecer nesta quinta-feira (27), entre 15h e 22h, no Salão Nobre de General Severiano, sede do Botafogo.