O Campeonato Brasileiro de 2020 não consagrará seu campeão no mesmo ano. Devido à paralisação mundial ocasionada pela pandemia de Covid-19, interrompendo todas as competições de futebol, os calendários precisaram ser readaptados.

A CBF divulgou, no dia 9 de julho, o calendário revisado de competições profissionais masculinas para 2020. Segundo ele, a Série A do campeonato nacional terá início no dia 8 de agosto e previsão de término apenas no dia 24 de fevereiro de 2021. Já as datas para as demais divisões do Brasileirão são similares: Série B de 7 de agosto a 30 de janeiro; Série C de 8 de agosto a 31 de janeiro; e Série D de 6 de setembro a 7 de fevereiro.

Já o Brasileirão Feminino A-1 conseguirá, ao que tudo indica, consagrar suas campeãs dentro de 2020. Diferentemente do masculino, as jogadoras já haviam dado o pontapé inicial no campeonato antes da paralisação, indo até a metade da quinta rodada. Desta forma, a retomada está prevista para o dia 26 de agosto, enquanto a decisão deve ocorrer nos dias 22 de novembro e 6 de dezembro.

Manoel Flores, diretor de competições da CBF, explicou ao SuperFC, do jornal "O Tempo", que a confederação realizou inúmeros estudos e análises visando a encontrar o melhor calendário possível a todos os clubes, que, por sua vez, possuem demandas muito diferenciadas. De acordo com ele, há um grupo seleto de até 10 clubes que disputam várias competições ao longo do ano, desde o estadual até Copa do Brasil e Libertadores. Mas há também o grupo abrangente, de 600 a 700 clubes profissionais, que possuem um calendário mais enxuto.

Apesar de poder parecer algo inédito a torcedores mais jovens, o Campeonato Brasileiro já teve seu encerramento apenas no ano seguinte em outras nove oportunidades. No entanto, diferentemente da motivação atual e da anterior, em 2000, as demais extensões de calendário tiveram justificativas burocráticas, além de competições marcadas pela grande quantidade de participantes.

Acidente em São Januário

Foto: Divulgação/Vasco da Gama
Foto: Divulgação/Vasco da Gama

A última vez em que tal fato ocorreu, 20 anos atrás, teve uma tragédia envolvida: a queda do alambrado em São Januário. Era disputada a Copa João Havelange, uma vez que uma questão jurídica impediu a CBF de organizar o Campeonato Brasileiro.

Vasco e São Caetano, a surpresa da competição, protagonizaram a final em dois jogos. Porém, durante o jogo de volta, em São Januário, o alambrado caiu, deixando dezenas de torcedores feridos. A partida foi suspensa e remarcada para o dia 18 de janeiro de 2001, quando o Vasco venceu e sagrou-se campeão.

A Copa União

A Copa União foi outra competição que não conseguiu seguir um cronograma anual. Em 1986, a CBF aumentou o número de times participantes no Brasileiro, o que levou a uma briga nos tribunais e resultou na formação do Clube dos 13. Esse grupo organizou a Copa União, que teve o São Paulo campeão em 25 de fevereiro de 1987.

Foto: Divulgação/São Paulo FC
Foto: Divulgação/São Paulo FC

A edição do mesmo ano, por sua vez, foi finalizada em fevereiro de 1988, título polêmico pelo qual Flamengo e Sport brigam, judicialmente, até hoje. Ocorreu que a CBF definiu que os finalistas do Módulo Verde deveriam enfrentar os dois primeiros colocados do Módulo Amarelo, porém Flamengo e Internacional não concordaram e recusaram-se a jogar. Então, Sport e Guarani protagonizaram a final oficial em duas partidas, com empate na primeira e vitória pernambucana na segunda.

Já pela edição de 1988, o Bahia apenas levantou a taça em 19 de fevereiro de 1989, em uma situação de total desorganização da CBF, a qual havia divulgado somente os grupos e as partidas da primeira rodada até o dia anterior ao início da competição.

Foto: Divulgação/EC Bahia
Foto: Divulgação/EC Bahia

Ditadura militar abrangendo o futebol

As edições da década de 1970 foram marcadas e influenciadas pela ditadura militar que governava o Brasil. Durante esse período, a CBD (Confederação Brasileira de Desportos), anterior à CBF, decidiu abolir a segunda divisão e adotou a política de convites para os clubes com o objetivo de agradar correligionários pelo país, o que inchou o campeonato nacional com 40 equipes. Logo, a edição de 1973 só pôde terminar em 20 de fevereiro de 1974, vencida pelo Palmeiras.

Foto: Divulgação/SE Palmeiras
Foto: Divulgação/SE Palmeiras

Já em 1977, o Campeonato Brasileiro conseguiu se alargar e saltou para 62 participantes. A demorada final ocorreu apenas em março de 1978, tendo o São Paulo campeão.

Foto: Divulgação/São Paulo FC
Foto: Divulgação/São Paulo FC

Taça Brasil: a primeira disputa nacional

A Taça Brasil, campeonato nacional disputado entre 1959 e 1968, teve na sua última edição mais um exemplo de extensão do calendário de futebol no país. Em outro caso de desorganização por parte da confederação, houve as desistências de Palmeiras e Santos por discordâncias do regulamento, problemas com datas, atraso para definir os jogos das equipes do Norte e adiamento de meses para um Botafogo x Metropol pelas quartas de final, sendo realizado apenas em abril de 1969.

Mas um apagão nos refletores de General Severiano, sede do alvinegro, obrigou a partida a ser adiada novamente, para o dia seguinte. Entretanto o confronto não ocorreu e mais alguns meses passaram para a resolução. Até que o Botafogo conquistou o título no distante dia 4 de outubro de 1969.

Foto: Divulgação/Botafogo FR
Foto: Divulgação/Botafogo FR

Para finalizar, outras duas edições da Taça Brasil. O Santos de Pelé, em 1962, teve permissão do regulamento para entrar na competição a partir das semifinais. Isso porque o calendário do clube paulista estava cheio de compromissos: disputa do Mundial Interclubes, Campeonato Paulista e amistosos pela Europa.

Assim sendo, o Santos estreou no nacional somente no início de 1963, sagrando-se campeão no dia 2 de abril daquele ano. E o mesmo ocorreu na edição de 1963, pela qual levantou a taça apenas em 28 de janeiro de 1964 após outro Mundial Interclubes.

Foto: Divulgação/Santos FC
Foto: Divulgação/Santos FC

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