Em tese, todos os clubes que participam de uma competição são postulantes ao título. Porém, em uma competição moldada em pontos corridos e espalhada em 38 rodadas, certamente alguns times entram sem condições de brigar pelo título. Fatores como maior deslocamento aos jogos, orçamentos mais reduzidos, elencos menores e poder de investimento limitado interferem em uma longa temporada. Na edição de 2020 do Campeonato Brasileiro da Série A, iniciado em meio a uma pandemia catastrófica, a situação fica ainda mais crítica pelas fontes de renda serem bastante afetadas.

Sempre é complicado apontar antes da competição quem irá brigar contra o rebaixamento. Os fatores citados no primeiro parágrafo podem ocorrer durante da competição ou até mesmo serem invertidos. Entretanto, um cenário preliminar ajuda a compreender como chegam às equipes para o Brasileirão 2020. (Detalhe: listagem em ordem alfabética não significa maior tendência à queda)

Atlético Goianiense

Após terminar a Série B de 2019 na quarta colocação, com 62 pontos, o Atlético-GO retorna à elite do futebol brasileiro após três anos. Será a 11ª participação da equipe na Série A. Por causa da pandemia do novo coronavírus, o Dragão teve poucos jogos oficiais disputados neste ano. O Campeonato Goiano foi interrompido na décima rodada e será retomado apenas em janeiro de 2021. Na Copa do Brasil, venceu União Rondonópolis na primeira fase, bateu o Santa Cruz nos pênaltis na segunda fase e venceu o primeiro confronto diante do São José-RS por 2 a 0. Isso significa que em 13 jogos oficiais disputados, foram nove vitórias, três empates e uma derrota.

O ponto positivo do clube é a experiência de Vagner Mancini à frente do comando técnico e os bons jogos disputados até março. Porém, o time goiano não enfrentou nenhum adversário de Série A e chega com um elenco um pouco abaixo em relação a outros concorrentes. O plantel tem uma base que está no clube há alguns anos e todos estão cientes de que o grande alvo é permanecer na primeira divisão para elevar o nível de arrecadação e investimento, como ocorreu entre os anos de 2010 e 2012.

Bragantino

Campeão da Série B com sobras, a equipe de Bragança Paulista voltou aos momentos gloriosos após receber um milionário investimento da Red Bull, que passou a administrar o clube vice-campeão nacional em 1991. Apesar de todo um aporte financeiro bem volumoso, a equipe volta à elite após muito tempo.

Competente contra adversários que estão no mesmo nível técnico, o aspecto muda quando joga contra equipes mais tradicionais. Prova disso são os confrontos eliminatórios nas duas últimas edições do Campeonato Paulista. Após ter feito melhor campanha na fase de grupos em 2019 e 2020, o Bragantino foi eliminado para Santos e Corinthians logo nas quartas de final. Apontar um risco de rebaixamento não é utopia, embora sua permanência na elite também não possa ser considerada algo extraordinário.

Ceará

O título da Copa do Nordeste conquistado nesta semana pode ter motivado o Ceará, animado o ambiente e promover a euforia ao torcedor pela maneira que a taça foi conquistada, com vitória sobre o arquirrival Fortaleza na semifinal e conquistar o bicampeonato regional invicto com duas vitórias diante do Bahia, como ocorreu em 2015. Porém, vale levar em consideração o retrospecto e algumas deficiências ainda existentes na equipe.

Nos dois últimos anos, o Alvinegro de Porangabuçu garantiu permanência na primeira divisão nacional graças a dois empates contra Vasco da Gama e Botafogo. Apesar de ter Guto Ferreira no comando técnico na atual temporada – ainda que seja o terceiro treinador do clube em 2020 – e o sistema defensivo ter sido bem postado, com uma forte marcação e anulação das investidas adversárias no campo de ataque, é realmente o setor de frente que o time precisa melhorar. Existem muitas opções, mas pouca correspondência. Destaque no Campeonato Cearense pelo Barbalha e autor de dois gols nas finais contra o Bahia, Cléber é a referência atual. Mas vale o alerta: vitórias vêm com gols e o ataque ainda pode ser melhorado, ainda mais em uma competição difícil e o deslocamento intenso, com pouco tempo para descanso.

Coritiba

O Coritiba retorna à principal divisão do Brasileiro após duas temporadas na Segundona. Terceiro lugar em 2019, a equipe passou por algumas reformulações. Na comissão técnica, Jorginho não acertou permanência e deixou a equipe. Eduardo Barroca foi contratado, sofreu muita pressão, mas conseguiu colocar o clube na final do Campeonato Paranaense com uma formação consistente e evolução importante. Mas não foi páreo ao Atlhetico, que faturou mais um título.

Como ponto positivo, a sequência de um trabalho com um treinador jovem que realiza trabalhos considerados satisfatórios. Mas a grave lesão de Rafinha, principal jogador do Coxa, na final contra o CAP foi um baque grande. Com aspectos ofensivos que precisam de melhora, perder a mente pensante e experiente do time pode ser um sinal de dificuldade ao time do Alto da Glória.

Fluminense

O Fluminense enfrenta dificuldades financeiras por não ter mais um forte patrocinador, um elenco enxuto formado pelos meninos de Xerém, mas conta com peças importantes e experientes para a temporada de 2020. O goleiro Muriel assumiu em definitivo a titularidade do clube, o jovem atacante Evanílson segue como destaque e força da juventude tricolor, além da contratação do volante Hudson, do lateral-esquerdo Egídio e do atacante Fred, que retorna ao clube onde foi duas vezes campeão nacional, além da renovação do meia Nenê. A meta é não passar dificuldades neste ano, mas a equipe precisa estar alerta às armadilhas da competição e das dificuldades impostas, como foi o duro ano de 2019.

Fortaleza

O Fortaleza está no páreo como uma das melhores equipes do Norte-Nordeste do futebol brasileiro. Após se libertar dos grilhões da Série C e conseguir rápido retorno à Série A, o time atingiu feitos históricos com o nono lugar no Brasileirão de 2019. Porém, apesar da qualidade reconhecida do elenco, a equipe precisa ter cuidado com o aspecto físico. No ponto mais meridional dentre os 20 participantes, a logística será um grave empecilho ao Leão do Pici. Muito deslocamento, pouco tempo para a descanso, atletas experientes sem poderem atuar no máximo de seus condicionamentos físicos. Embora o Tricolor não possa ser considerado no momento uma equipe pronta para cair, vale destacar que a ascensão veio nas últimas rodadas da competição, o que pode ser um trunfo ao Fortaleza.

Goiás

O bom desempenho do Goiás em seu retorno à Série A em 2019 animou a torcida e o ano foi tranquilo quando a preocupação máxima era evitar uma gangorra que o recolocasse na Série B. Entretanto, a equipe perdeu o principal destaque do ano passado. Maior driblador do Brasileiro no ano passado, o atacante Michael foi comprado pelo Flamengo. A lacuna ainda não foi preenchida e os poucos jogos disputados deixam uma incógnita, assim como ocorre no rival Atlético-GO.

Sport

Sem dúvida, o Sport volta a disputar a Série A do Brasileiro sem querer estar nessa situação, mas não se pode fugir do rombo financeiro. Desde quando Milton Bivar assumiu a presidência do clube no começo de 2019, o Leão da Ilha apostou em não fazer grandes contratações, priorizar o conjunto, ainda que tenham algumas peças que possam desequilibrar e trazer experiência, como os atacantes Hernane Brocador e Elton. A equipe subiu e conquistou o vice-campeonato e os problemas não minimizaram. Não é porque aumentou a arrecadação que a situação, muito pelo contrário. O próprio mandatário rubro-negro deixou bem claro que, para cada um real de receita, o Sport deve três.

Além disso, a temporada de 2020 até o momento é um acúmulo de fracassos. As reposições não foram as mesmas, o time perdeu peças importantes do ano passado, além do Sport ser eliminado na primeira fase da Copa do Brasil pelo Brusque, cair nas quartas de final ao Fortaleza e disputar o quadrangular do rebaixamento no Campeonato Pernambucano. A missão de Daniel Paulista é árdua. Será uma peleja feroz a cada rodada.

Olho neles!

Times grandes, campeões nacionais e internacionais carregados de história. Estes são Corinthians, Santos e Vasco da Gama. Da mesma forma como as glórias são bem retratadas nos três clubes mais que centenários, os rombos financeiros são condizentes com o panorama das equipes. Com passivo trabalhista e dívidas com a União na casa dos muitos milhões, os três times têm elencos que podem ser caracterizados como razoáveis para bons, com folhas salariais altíssimas. Mas os problemas financeiros que não serão resolvidos da noite ao dia podem causar bastante influência no desempenho, principalmente em relação aos atrasos salariais.


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