Marieke Vervoort é um daqueles exemplos de como o esporte pode mostrar que a vida pode continuar mesmo com limitações que o próprio corpo impõem. Desde os 14 anos a belga convive com uma doença crônica, degenerativa e progressiva que, em 2000, a colocou em uma cadeira de rodas. Porém, isso não a fez parar. Descobriu no esporte um jeito de superar seus limites. 

Tem dois títulos de campeã mundial no triatlo, esporte pelo qual se apaixonou, mas teve de abandonar em 2008, devido às suas condições. Foi quando o diagnóstico veio e ela soube que não havia cura para sua doença. Em 2015 participou da corrida de cadeira de rodas em Doha e sagrou-se tricampeã mundial ao conquistar a medalha de ouro nos 100, 200 e 400 metros. Em Londres, Marieke alcançou a medalha de ouro nos 100 metros e de prata nos 200. 

Marieke Vervoort participará da Paralimpíada do Rio, que tem início no próximo dia 7. Competirá nas provas de 100 e 400 metros, mas diz que serão suas últimas competições, e que tem o ouro como objetivo.

A paratleta decidiu pela realização do suicídio assistido depois de competir no Brasil. Segundo ela, tornou-se impossível conviver com as dores. Conta que não dorme à noite, desmaia várias vezes por dia e quem a acorda é seu cachorro.

Ela diz que ao sentar-se na cadeira de rodas em que compete, tudo que há de ruim desaparece, as dores, as frustrações e tristezas, e que foi isso que deu forças para que ela continuasse e conquistasse tudo o que ganhou. Mas, apesar disso, e apesar da força que todos veem nela, existe esse lado que ninguém vê, e foi por isso que tomou a decisão, completamente satisfeita com todas as suas realizações.

A eutanásia se tornou legal na Bélgica em 2002. Vervoort já tem os documentos necessários e a autorização de superiores para realizar o procedimento após a Paralimpíada do Rio. 

Marieke espera e tem como último desejo conquistar o lugar mais alto do pódio no Rio, para, então, deixar de sofrer.