Grandes no passado, esquecidos no presente: Por onde anda o Guarani?

A VAVEL Brasil apresenta o especial "Grandes no passado, esquecidos no presente", com equipes que mexeram com as emoções de diversos torcedores e que hoje estão distantes das principais competições nacionais ou até estaduais. No primeiro episódio, a situação do Guarani de Campinas

Grandes no passado, esquecidos no presente: Por onde anda o Guarani?
Campeão em 1978, Guarani disputa divisões inferiores nos dias atuais (Arte: Natália Furlan/VAVEL Brasil)
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Por VAVEL

Se você é um amante do futebol brasileiro, com certeza já parou para pensar por onde anda o São Caetano, que foi vice-campeão da Libertadores de 2002, ou o Brasiliense, vice-campeão da Copa do Brasil em 2002. Fique tranquilo, você não está sozinho. E por isso, a VAVEL tomou a iniciativa de mostrar a situação atual (e triste) de cada equipe, que causa lembranças ou até raiva por ter eliminado seu time do coração, no especial "Grandes no passado, esquecidos no presente". Nesta primeira edição, o foco é no Guarani, equipe natural de Campinas, no interior de São Paulo.

Guarani

O Guarani abre a lista com uma história repleta de conquistas: título do Campeonato Brasileiro de 1978 em cima do Palmeiras e dois vice-campeonatos na mesma competição, quarta colocação na Copa Libertadores de 1979 e dois vice-campeonatos do Campeonato Paulista em 1988 e 2012.

Jogadores como Careca, Djalminha, Evair, Neto, Ricardo Rocha, Zenon, entre muitos outros, já vestiram e honraram a camisa do Bugre, que hoje não tem nem lampejos da boa forma que mostrou nas décadas de 70 e 80.

Como está a situação atual do Guarani no Campeonato Brasileiro?

No Campeonato Brasileiro, a equipe conseguiu sobreviver a uma era de caos em que disputou a Série C nos anos de 2007 e 2008 e subiu para a Série A com dois acessos consecutivos.

O Bugre disputou a primeira divisão no ano de 2010, mas sem muito sucesso: rebaixado logo em sua volta. Em 2011, o time campineiro fez campanha intermediária na Série B. Terminando por ser rebaixado em 2012 para a Série C, acumulando dois descensos em três anos.

Na Série C de 2013 e 2014, campanha longe da esperada com apenas uma 14ª e 13ª posição, respectivamente, e se mantendo na competição para a disputa deste ano. O Guarani terá a presença de outras equipes grandes que estão em baixa, como o Juventude e o Fortaleza, por exemplo.

Montanha-russa: quatro quedas em menos de 20 anos (Foto: globoesporte)

Como está a situação do Guarani no Campeonato Paulista?

No setor estadual, o Bugre começou a ter problemas ao intercalar acessos e descensos desde 2006.

Mas em 2012 veio a redenção, com o time chegando à final do Paulistão e ficando com o vice-campeonato, após perder para o Santos. No ano seguinte, o Guarani começou o ano vindo de um rebaixamento no Brasileirão para a Série B, que aconteceu logo após a boa campanhano Paulistão e a situação parecia fora de controle. E foi. O time terminou o Paulistão de forma humilhante, caindo para a Série A-2 em último lugar, obtendo dez pontos em 19 partidas disputadas, com somente duas vitórias conquistadas.

Rebaixado novamente, o Guarani tinha 2014 como um ano para se recuperar e conseguir o acesso rapidamente na Série A-2, mas o que aconteceu foi uma agonizante competição para a torcida, que acompanhou apenas um 13º lugar.

Neste ano a situação parecia ter melhorado, pois a equipe vinha obtendo resultados satisfatórios e brigando pelo acesso (que ainda está rolando, por sinal), mas na penúltima rodada foi surpreendida ao perder em casa para o Velo Clube por 1 a 0. Com o resultado negativo, o Bugre não teve pontuação para alcançar o bloco dos quatro que conseguem o acesso à Série A-1 na última rodada e amargará mais um ano na A-2 do Paulistão.

Leilão de sua maior joia

O Guarani ainda vive outros apuros fora de campo. O maior deles é o problema com o Estádio Brinco de Ouro da Princesa, que registrava uma dívida de R$ 70 milhões, advindos de 300 processos trabalhistas.

Com todos os problemas, o estádio foi a leilão e arrematado pela empresa Maxion Empreendimentos Imobiliários, que pertence ao grupo de supermercados Zaffari, quinta maior rede do país e que concentra seus negócios no Rio Grande do Sul. O Guarani reclama pelo baixo preço pago no estádio (R$ 105 milhões), que teria o valor de quatro vezes mais. Sobre o caso, o grupo Zaffari ainda não se manifestou, mas com certeza teme a rejeição da população campineira quanto ao possível negócio que será aberto na área do estádio, principalmente pela torcida do Bugre, visto que isso poderá deteriorar a imagem do clube. Por outro lado, o grupo Zaffari tem histórico de compra de áreas que estão inutilizadas até hoje.

A história é muito extensa e há inúmeras variáveis dentro dela. Resta saber se o leilão será cancelado, se o Brinco será demolido, entre outras possibilidades. Enfim, o risco é grande de o Guarani ficar sem estádio próprio.

(Foto: ESPN)

Sem Copa do Brasil

A única fonte de acesso para a Copa Libertadores da América para o Bugre foi esgotada. Sem qualificação pelo Campeonato Paulista ou boa colocação no ranking na CBF para disputar a Copa do Brasil, o Guarani está fora da edição de 2015, após 17 anos consecutivos de participação.

Apesar de tudo, a torcida voltou a comparecer

Na Série C do Brasileirão de 2014, o Guarani registrou uma média beirando mil pagantes por jogo, mas neste ano os números melhoraram (e muito). Com a crescente da equipe durante a Série A-2 do Paulista, a torcida voltou ao Brinco de Ouro da Princesa e deu show, registrando o segundo maior público pagante em uma partida (Guarani 0-1 Velo Clube, 8.056 pagantes) e entre os dez maiores nesse mesmo quesito, o Guarani está em quatro deles. Tudo isso gerou um resultado muito positivo e que pode ser forte aliado na disputa da Série C do Brasileiro: a maior média de público da Série A-2 de 2015, com 4.339 pagantes.

Com uma folha salarial de R$ 350 mil por mês, o torcedor certamente irá cobrar a volta do Bugre para a Série B do Campeonato Brasileiro.