Muitos se perguntavam como seria o futuro da Chapecoense após a tragédia que vitimou praticamente todo o elenco do clube catarinense. Oito meses após o trágico acidente, o Verdão do Oeste, representado por novos nomes e novos rostos, acalenta o seu fanático torcedor com grande espírito de luta e entrega.

Chegar em agosto de 2017 disputando competições nacionais e internacionais foi um enorme desafio para a equipe de Chapecó. As dúvidas sobre o futuro do clube eram imensas no início da temporada. Veja com a VAVEL Brasil como a Chapecoense driblou as incertezas e construiu uma linda história de superação.

O novo elenco

Recomeçando do zero, a Chape precisou de criatividade para seguir as atividades do seu futebol profissional. Promovendo jovens da base e recorrendo a negociações via empréstimos, a Chapecoense apresentou seu elenco oficial para a temporada no mês de janeiro.

Nomes conhecidos como Túlio de Melo, Diego Renan, Luiz Antônio, Reinaldo, Wellington Paulista e Andrei Girotto chegaram à Santa Catarina com grande responsabilidade de vestir a camisa do Verdão do Oeste. Vágner Mancini foi o escolhido para começar a reconstrução do futebol da Chape em 2017.

Da dor à glória: o bicampeonato catarinense

Começando a pré-temporada depois de todos os seus adversários, a Chape tinha pouco tempo hábil para adquirir entrosamento e encontrar uma formação ideal e competitiva. Disputar o Campeonato Catarinense seria o primeiro grande desafio do ano.

A estreia do Verdão no torneio regional aconteceu no dia 29 de janeiro. A Arena Condá pulsou empurrando a nova Chape, e ela estreou com vitória: 2 a 1 diante do Inter de Lages. O que o torcedor não sabia é que esta vitória era o pontapé inicial para o título estadual.

Jogo a jogo, a Chape conquistava vitórias e se enchia de confiança. A entrega da equipe unida à força das arquibancadas criaram uma sintonia praticamente imparável durante o Estadual. Em maio, com a melhor campanha da competição, a Chapecoense consagrou-se campeã catarinense de 2017. Menos de seis meses após a tragédia, o Verdão do Oeste erguia uma taça.

Jogadores da Chape comemoram título catarinense (Foto: Sirli Freitas/Chapecoense)

Chape internacional: a Libertadores da América e a Recopa Sul-Americana

No dia 7 de março, a Nova Chape viveu o seu primeiro compromisso internacional de 2017. Visitando o Zulia-VEN, pela Libertadores, a equipe brasileira venceu por 2 a 1 e voltou para Chapecó com muita expectativa. Todavia, a missão da Chape não era das mais fáceis. Em seu grupo também estavam a forte equipe do Lanús (ARG) e o tradicional Nacional (URU).

Entre os compromissos pela Libertadores, a equipe de Vágner Mancini disputava os primeiros jogos do Campeonato Brasileiro e se preparava para outra partida internacional de grande importância: a Recopa Sul-Americana. Em um confronto marcado pela emoção, a Chape retornaria à Colômbia para enfrentar o Atlético Nacional.

Na partida de ida, no dia 4 de abril, o Verdão fez seu dever de casa e venceu por 2 a 1, em um jogo repleto de homenagens e comoção. Entretanto, a equipe colombiana dominou a partida da volta, no Atanasio Girardot, venceu por 4 a 1 e conquistou o título.

Na reta final de abril e no início de maio, a Chapecoense viveu os duelos decisivos pela fase de grupos da Libertadores. Apesar de toda a luta para avançar às oitavas, o Verdão do Oeste somou apenas um ponto em quatro confrontos contra os adversários mais fortes de seu grupo e acabou eliminada do torneio.

Confronto repleto de homenagens e emoção pela Recopa (FOTO: Gabriel Aponte/LatinContent/Getty Images)

Copa do Brasil, instabilidade e mudança de comando

A participação da Chape na Copa do Brasil durou apenas uma fase. O sorteio colocou a equipe catarinense no caminho do Cruzeiro e, apesar de ter feito dois jogos duros - derrota por 1 a 0 em Minas e empate em 0 a 0 em Santa Catarina -, a Chape acabou caindo ante à equipe tetracampeã desta competição. 

A eliminação na Copa do Brasil seria o primeiro de muitos insucessos do Verdão no mês de junho. Neste mesmo mês, a equipe catarinense disputou sete partidas pelo Campeonato Brasileiro, somando cinco derrotas, incluindo duas goleadas para Grêmio e Flamengo.

A sequência de derrotas e as eliminações na Libertadores e na Copa do Brasil levaram à demissão do treinador Vágner Mancini, no dia 4 de julho. A Chape agiu rápido e, poucos dias depois, anunciou Vinícius Eutrópio como novo comandante.

Vinícius Eutrópio foi escolhido como substituto de Mancini (FOTO: Sirli Freitas/Chapecoense) 

Copa Sul-Americana e "espírito de Danilo"

A mudança de comando técnico não trouxe, no Campeonato Brasileiro, uma melhora significativa nos resultados do Verdão do Oeste. Entretanto, no mês de julho, a equipe  protagonizou uma classificação heroica que arrepiou o seu torcedor e o fez relembrar de um ídolo que partiu no acidente, há oito meses atrás.

Qualificada à disputa da Copa Sul-Americana através do regulamento da Libertadores, a Chape teve pela frente a equipe argentina do Defensa y Justicia. A derrota dramática por 1 a 0, fora de casa, parecia ser o indicativo de mais uma eliminação na dura temporada. Mas o Verdão do Oeste não esmoreceu e lutou.

No duelo da volta, no dia 25 de julho, a equipe de Chapecó venceu os argentinos por 1 a 0 no tempo regulamentar, gol de Túlio de Melo. A decisão foi para os pênaltis e, imediatamente, a lembrança de Danilo se fez presente. O ídolo, uma das vítimas do trágico acidente, ficou marcado em 2016 por suas defesas milagrosas.

Inspirado por Danilo, o goleiro Jandrei defendeu duas cobranças da equipe do Defensa y Justicia e classificou a Chape às oitavas da Copa Sul-Americana. Novamente, o Verdão emocionava seus torcedores em plena Arena Condá.

Jandrei defendeu duas cobranças de pênalti e foi o heroi da noite (FOTO: Nelson Almeida/AFP/Getty Images)

Agora, a Nova Chape rompe as fronteiras da América do Sul e escreverá um novo capítulo de seu ano de 2017. Próxima parada: Camp Nou, Barcelona.