Jair credita fracasso do Botafogo à quantidade de jogos no ano: "Pagamos o preço por jogar 110%"

Treinador destaca jogadores da base do clube, afirma que fica para 2018 e que o planejamento para o ano já começou

Jair credita fracasso do Botafogo à quantidade de jogos no ano: "Pagamos o preço por jogar 110%"
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Por Juliana Azeredo

Após empatar com o Cruzeiro, o ano do Botafogo, que começou emocionante, terminou melancólico. O time de Jair Ventura, não dependia apenas de si para se classificar e ainda assim não cumpriu o dever de casa, o que resultou na não classificação para a Taça Libertadores. O técnico descreveu o fim de temporada como traumático e fez um balanço das possíveis causas. 

“O ano acabou de maneira traumática sim, mas não vai apagar o que fizemos. Temos que fazer um balanço. Não tem culpado. A diretoria fez todo o esforço para repor as perdas, mas não tem dinheiro. Hora de juntamos força e buscarmos a classificação no ano que vem”, disse em coletiva após o jogo. 

O Botafogo começou a temporada de 2017 em fevereiro pela Pré-Libertadores, antes da maioria dos times brasileiros. A partir de então, enfrentou um calendário repleto de decisões pelo Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil e Libertadores. Diante desse cenário, a queda de rendimento e cansaço apareceram no fim da temporada.

“Pagamos o preço por jogar 110%. A não classificação não veio hoje, mas de outros jogos que perdemos em casa. Começamos o ano muito cedo. Novembro foi nosso pior mês. Não conseguimos render e perdemos a vaga. Tivemos muitas perdas, fomos até as quartas da Libertadores, a Chapecoense não foi. Fomos até as semifinais da Copa do Brasil. Nossa briga é conosco”, comentou.

Com o fim do Brasileirão, o Gloriso entra de férias e apenas se reapresenta no dia 4 de janeiro, mas isso não é razão para tranquilidade em General Severiano. O clube, que estará sob uma nova administração, já se reunirá para projetar a próxima temporada, principalmente em relação aos gastos. “Vamos ter uma reunião sobre o ano que vem. Sabemos que ficar fora da Libertadores deixa de entrar dinheiro. Muitos jogadores já saindo agora. Vamos ter que repor. Mesmo fora da Libertadores, precisamos de uma equipe competitiva”. Quanto ao comando da equipe, Jair preferiu se reter ao contrato com o clube. “Eu tenho contrato até o final do ano que vem”, lembrou. 

Para Jair, um dos principais problemas da equipe alvinegra é a falta de jogadores no elenco. Para essa última rodada, Botafogo não pode contar com peças importantes como João Paulo, Pimpão e Bruno Silva, além de Roger, se recuperando de uma cirurgia, o que dificultou a escalação do time titular e obrigou o técnico a desgastar seus jogadores. Esse é um dos pontos que Jair espera ter mais tranquilidade no ano que vem. “Espero que tenhamos um pouco mais de opções para fazer um trabalho melhor. Se começarmos o ano com menos jogadores fica uma situação delicada”, alertou. “Quanto menos jogadores, mas difícil você fazer um grande trabalho. Se no ano que vem tivermos menos opções, a probabilidade de fazer um trabalho pior é maior”

Se o ano de 2017não trouxe a classificação, pelo menos pôde mostrar a força da base do Glorioso. Igor Rabello se tornou titular ao lado de Carli na zaga e já despertou interesse de clubes europeus. Além dele,  Matheus Fernandes e Ezequiel, responsável pelo gol de empate nesse domingo (03), também fizeram parte do elenco. “Ezequiel, Vinícius, Igor Rabello, Matheus Fernandes. O Botafogo usa muito a base, você tem que ser criativo. Eu como treinador gosto de mesclar experientes com a base”, explicou o técnico. Quanto à aquisição de novos jogadores e o uso da base, Jair ainda espera uma conversa com a diretoria. “Vamos ter uma reunião ao longo da semana para decidir, vamos ver a situação financeira do clube para que a gente possa decidir o planejamento”, completou. 

Agora, o técnico quer se espelhar na própria equipe de 2016 para trazer novas alegrias ao clube e a torcida. No ano passado, o Botafogo era dado como “rebaixado” no começo da temporada e acabou em quinto. Esta arrancada é um dos exemplos do jovem treinador para 2018. “Nós tínhamos um investimento baixo no ano passado também. Estávamos voltando da Série B. Mesmo sem investimento conseguimos uma arrancada e terminamos em quinto. Sabemos que a realidade financeira não é nada boa. Temos que nos reinventar, usar a base, para poder voltar a dar alegria à nossa torcida”,disse 

Com a confirmação da não-classificação do clube, muitos torcedores, que estavam no Estádio Nilton Santos, resolveram protestar no estacionamento onde costumam sair os jogadores e membros da diretoria. O protesto acabou em confusão e a polícia usou bombas de efeito moral e balas de borracha para conter os botafoguenses. Alguns torcedores arremessaram latas de lixo no portão para tentar invadir o local. 

Para o técnico da equipe, é triste ver esse distanciamento entre torcida e clube e reafirmou que o próximo objetivo é lutar como em 2016 para melhorar o clima. “A torcida fica muito triste, se afasta ainda mais do nosso estádio. Ela veio para comemorar e não conseguimos dar essa alegria para eles. Temos que reverter tudo de novo, como fizemos no ano passado”, finalizou.