Na vida de grande parte dos jovens, aos 17 anos, chega uma fase diferente, na qual - pela primeira vez - temos o destino em nossas mãos, ao ter a chance de escolher o curso e o local onde estudaremos pelos próximos anos. Dependendo da carreira escolhida, o futuro poderá ser mais ou menos pedregoso, principalmente, quando se opta por uma profissão menos usual.

Quando a escolha envolve cursos como Jornalismo ou até mesmo não estudar - e seguir a carreira de atleta, por exemplo - sabe-se que os desafios serão ainda maiores. Eles começam com os comentários, nem tão otimistas, vindos por parte de seus familiares, mestres e amigos. Seguem com as perspectivas de mercado não muito animadoras e, caso não se tenha certeza, podem acabar com a derrocada de um sonho. 

Dois mil e dezesseis foi, sem dúvidas, um ano inspirador para os que acompanham o universo esportivo.

Porém, é dever de cada um não deixar isso acontecer! Durante esse ano, quando passava por essa complicada fase da vida, tive diversos exemplos e inspirações que me impediram de desistir do futuro com o qual sempre sonhei. Dois mil e dezesseis foi, sem dúvidas, um ano inspirador para os que acompanham o universo esportivo.

Começou com a grande expectativa trazida pela primeira edição dos Jogos Olímpicos realizados na América do Sul. Antes do final do primeiro semestre, mostrou - através da conquista histórica feita por nomes como Jamie Vardy, Riyad Mahrez e Claudio Ranieri, do Leicester City - que nunca se deve perder a esperança.

Foto: Getty Images
Foto: Getty Images

Em agosto, tivemos o privilégio de acompanhar os maiores atletas de perto, na Rio 2016. Não faltaram lições de persistência e superação, como o tenista argentino Juan Martín del Potro - que foi finalista olímpico depois de três cirurgias no pulso - o ginasta brasileiro Diego Hypólito - que, enfim, conquistou a tão sonhada medalha de Prata - a judoca Rafaela Silva, a Seleção Masculina de Futebol e muitos outros mais. E, finalmente, nos últimos meses do ano com os paratletas em ação na "Cidade Maravilhosa", o título brasileiro do Palmeiras - com o goleiro Jailson - e, finalmente, o escocês Andy Murray atingindo o topo do mundo pela primeira vez na vida.

Foto: Clive Brunskill/Getty Images
Foto: Clive Brunskill/Getty Images

Porém, pessoalmente, um atleta bem menos badalado que me inspirou mais: trata-se do tenista Caio Zampieri. Profissional desde 2003, o nascido em Mogi Guaçu, São Paulo, tinha como melhor ranking da carreira a posição de 182, conquistada em 2010. Seis anos depois, agora, aos 30 anos, figurava apenas no top 400. Após resultados ruins nos primeiros meses do ano - e com idade para se aposentar - uma onda de pessimismo e reflexão se instaurava. 

Zampieri celebra vitória/ Foto: Divulgação/Claro Open Medellín
Zampieri celebra vitória/ Foto: Divulgação/Claro Open Medellín

No dia 22 de setembro, "Zampinha" desabafava através de uma mensagem nas redes sociais, na qual dizia amar sua profissão, apesar de todas as dificuldades. Imprevisível como o destino sempre é, mal sabia ele, que 15 dias depois, estaria vivendo um dos melhores momentos de sua carreira: superando favoritos como o compatriota Rogério Dutra Silva, o sueco Christian Lindell, o ex-top 70 Alejandro Gonzalez e o ex-top 50Alejandro Falla, Caio repetia o melhor resultado da carreira, ao ficar com o vice-campeonato do ATP Challenger de Medellín, na Colômbia. 

Agora, vivendo a melhor fase da vida, com improváveis 30 anos, o brasileiro ocupa a 164ª posição do ranking mundial. Confira a inspiradora mensagem de Zampieri:

"Hoje me peguei pensando na volta do treino pra casa: Estou com quase 30 anos e ainda não tenho nada, um carro do ano, um apartamento uma família!
Pensei em alguns amigos que deixaram o sonho de ser tenista profissional e foram ganhar a vida trabalhando, com
o tenis ou em outras áreas. 
A maioria deles, se não todos, estão melhores do que eu financeiramente e socialmente, com uma vida mais redonda digamos, com segurança, com família e tudo mais. 
Pensei nisso e disse pra mim mesmo: Será que vale a pena tudo isso Caio Zampieri? Tanto esforço mental, físico e financeiro? Tudo para correr atrás de um sonho de infância que virou uma profissão, muitas vezes, ingrata.
Pensei no que eu poderia ter, se tivesse trabalhando, na vida que eu poderia ter se fosse mais estável, e sei lá mais o que essa sociedade diz ser uma vida ideal.
Foram tantas coisas que escutei nos últimos tempos do tipo: E aí Caião até quando você pensa em jogar? Não está na hora de pensar em outras coisas? Não pensa em ter família ou ter uma situação financeira melhor? Felizmente não, porque diferente de pessoas que desistem de um sonho por causa dessa sociedade hipócrita e por causa do dinheiro, eu sou feliz. Trabalho de shorts e bermuda e viajo para os piores e melhores lugares do mundo. E o melhor de tudo que sou feliz. Enquanto eu tiver condições físicas e mentais para fazer do meu esporte a minha vida eu vou continuar, fazendo o que eu mais amo: Jogar Tênis!"

Challenger de Medellín: Caio Zampieri leva a virada de Bagnis e fica com o vice/ Foto: Facebook/ Divulgação
Challenger de Medellín: Caio Zampieri leva a virada de Bagnis e fica com o vice/ Foto: Facebook/ Divulgação