Dono de seis ouros paralímpicos, Clodoaldo Silva ensaia despedida na Rio 2016

Aos 37 anos, lendário nadador brasileiro deve encerrar sua participação em Jogos Paralímpicos em seu país natal

Dono de seis ouros paralímpicos, Clodoaldo Silva ensaia despedida na Rio 2016
Clodoaldo participará de três provas em sua quarta edição dos Jogos | Foto:  Leandro Martins/CPB/MIX
pedrohguimaraes
Por Pedro Henrique Guimarães

Desde seu complicado nascimento - quando acabou tendo paralisia cerebral devido à falta de oxigênio durante o parto, o nadador Clodoaldo Silva vem sendo exemplo de superação para muitos. Nos Jogos Paralímpicos Rio 2016, o atleta nascido no Rio Grande do Norte deverá encerrar sua vitoriosa trajetória no maior evento esportivo dentro de sua casa. 

Por conta da paralisia adquirida no parto, Clodoaldo teve o movimento das pernas e coordenação motora afetados. Considerado uma das maiores estrelas da Paralimpíada em Atenas-2004, o potiguar conquistou seis medalhas de ouro e uma de prata em oito provas disputadas. O desempenho na Grécia rendeu ao brasileiro comparações ao norte-americano Michael Phelps e ainda foi eleito o melhor atleta paralímpico em 2005 pelo Comitê Paralímpico Internacional (IPC). Clodoaldo também coleciona diversas medalhas nos Jogos Parapan-Americanos.

Aos 37 anos, o atleta mudou a história do esporte paralímpico brasileiro pós-Atenas. Seu incrível desempenho chamou a atenção para os atletas com deficiência, além de ter impulsionado o Brasil no quadro de medalhas em Londres-2012, quando o país chegou ao sétimo lugar. Doze anos depois, o Tubarão Olímpico está pronto para cair na água novamente, desta vez no Estádio Aquático Olímpico.

É de conhecimento de Clodoaldo que suas sucessivas idas ao pódio na Grécia serviram de motivação para jovens com deficiência a valorizarem a prática esportiva. Inclusive, alguns deles estarão ao seu lado em sua quarta participação nos Jogos. O melhor exemplo é Daniel Dias - dono de dez ouros na natação que sempre apontou o atleta potiguar como sua maior inspiração.

“Nunca pensei em ser inspiração para ninguém, mas conforme fui ganhando as medalhas virei um exemplo para os para-atletas mais jovens e fico feliz em saber que fui importante para o início da carreira deles. Sempre quis mostrar a todos que como atleta de alto rendimento você deve ser um exemplo dentro e fora das piscinas”, comentou Clodoaldo, que conquistou cinco pratas e dois bronzes em Sydney-2000.

O experiente nadador irá competir em três provas no Rio de Janeiro - revezamento 4x50m livre 20 pontos, nesta sexta-feira (9); nos 50m estilo livre da classe S5 na segunda-feira (12) e nos 100m livre da mesma classe no sábado (17). Independente dos resultados, o Tubarão quer aproveitar a oportunidade única de competir em casa.

“É algo incrível e uma oportunidade de mostrar ao mundo porque o Brasil é um lugar tão incrível. Vai trazer um grande legado ao Brasil, não só no aspecto esportivo, mas também no lado social e educacional. Vai ser especial competir em casa e isso nos motiva muito”, disse Clodoaldo.

Sem certezas sobre o futuro, o potiguar cogitou se aposentar após Londres e agora diz que deixaria as piscinas após os Jogos no Rio de Janeiro. A energia da Paralimpíada, porém, sempre faz com que Clodoaldo fique em dúvidas se seu desejo é realmente "pendurar" as toucas e os óculos.

“Eu pensei em aposentar após Londres e estou pensando nisso agora novamente, mas cada edição dos Jogos me mostra que ainda tenho disposição para seguir. A natação me deu tudo e me sinto como um traidor ao deixar as piscinas. A maioria dos atletas se aposenta quando não consegue mais ter bons resultados, mas estou muito bem preparado e vou lutar por medalhas nas duas provas. Competir em casa é uma grande responsabilidade e estrou pronto para dar tudo que tenho”, finalizou Clodoaldo.

Lendários nadadores paralímpicos, Clodoaldo e Diogo posam com medalhas nos Jogos Parapan-Americanos 2015, em Toronto | Foto: Washington Alves/CPB/MIX
Lendários nadadores paralímpicos, Clodoaldo e Daniel posam com medalhas nos Jogos Parapan-Americanos 2015, em Toronto | Foto: Washington Alves/CPB/MIX