Marco Reus voltou aos holofotes, mas dessa vez longe dos campos. A revista GC alemã convidou o jogador para falar sobre a carreira e as várias lesões enfrentadas em tão pouco tempo que o afastaram da Copa do Mundo e da Eurocopa, e a entrevista na íntegra estará na próxima edição que sai nesta quinta (5). Parte da conversa foi disponibilizada no site da revista, transparecendo um Reus descontente, mas que continua lutando contra os momentos difíceis.

Considerado uma das joias do futebol alemão, o jogador do Borussia Dortmund está lesionado desde maio deste ano, quando rompeu parcialmente o ligamento cruzado do joelho direito na final da Copa da Alemanha, a DFB Pokal, na vitória contra o Eintracht Frankfurt por 2 a 1. Essa foi a terceira das lesões mais graves nos últimos três anos, contusões essas que tiraram Reus da Copa do Mundo de 2014 no Brasil, ao sofrer ruptura parcial dos ligamentos de seu tornozelo esquerdo durante o último amistoso antes do torneio mundial, e fora da Eurocopa 2016 após constantes problemas musculares na virilha enfrentado durante a temporada, recebendo a notícia que tinha sido cortado da convocação da seleção no dia do seu aniversário de 27 anos.

Tais contusões exigiram bastante de Reus que procurou manter a calma e se aproximar da família e namorada para processar os ocorridos e ganhar nova esperança. Quatro meses longe dos campos, o jogador aurinegro comentou sobre sua lesão pela primeira vez para Jan Mendelin da GC, revelando sobre o momento mais difícil de sua carreira. “Isso foi e já é um momento difícil, pois não é uma lesão normal. Demora seis ou sete meses e sabe que a cura não pode ser acelerada. Você deve estar estável emocionalmente. Você não pode ajudar a equipe neste momento, mas apenas sua própria melhora”.

O jogador comentou sobre o progresso na recuperação, mas que ainda é cedo: "É possível fazer treinamento de força, mas só posso colocar um pouco de tensão sobre a parte de trás da coxa porque o ligamento cruzado precisa estar suficientemente recuperado. Eu tenho a mesma vida cotidiana e, em parte, me sinto de alguma maneira não avançar. Meu joelho está bom, quase muito bom, mas ainda não consigo trabalhar mais, porque o risco é muito grande já que o joelho ainda está muito instável".

A lesão sofrida no dia do primeiro título de Reus não foi fácil, e o meio-campista afirma que foi estar no céu e inferno ao mesmo momento. “Nós voamos de Berlim para Dortmund - e quando a celebração começou com uma excussão de ônibus por Dortmund, voltei para o hospital e fiz uma tomografia e ressonância magnética. Gostaria de ter certeza rapidamente. Não consegui perceber o diagnóstico de rompimento no ligamento cruzado, porque ainda estava cheio de adrenalina. Você ainda não se dá conta. Só depois da cirurgia eu percebi que ficaria ausente por um longo período. Mas você sabe, o pior vem depois...”

Jan Mendelin então pediu que o jogador falasse mais sobre, e Reus continuou: "Você está sozinho durante a reabilitação. Isto é o que é extremamente difícil. Depois de três semanas fiquei farto porque não podia andar corretamente, mesmo depois de 12 ou 16 semanas ainda não podia andar direito. É um momento muito difícil, um teste brutal para a mente, porque você precisa se motivar sem poder fazer o que mais ama. Apesar dos médicos e fisioterapeutas, você não está com o restante do elenco e precisa se recuperar fisicamente e mentalmente para poder voltar aos poucos ao melhor futebol, enquanto cobram que seu retorno seja já em alto nível”.

Ainda sobre a última lesão, o entrevistador perguntou se o jogador aurinegro havida chorado e sem aparentar vergonha respondeu: "Quando fui substituído no intervalo da final da DFB Pokal, lágrimas já fluíram, porque estava amargurado. E dois ou três dias depois, quando reassisti tudo, as lágrimas voltaram. Mas eu acredito que isso é humano e é importante soltar suas emoções".

Após a terceira contusão grave, Reus se viu numa situação em que precisou lutar contra aquilo que parece o seu destino: “Você tem que ser realista. Grandes jogadores ganham muito dinheiro e sou muito realista quanto a isso, mas neste momento isso não interessa para nada. Posso garantir que abdicava de todo o dinheiro que tenho para não ter mais lesões e voltar a apresentar meu melhor futebol”.

Também foi questionado se pensou em desistir e sua resposta foi categórica: "Não, de jeito nenhum, nunca foi uma opção para mim! É claro que a reabilitação não é fácil, mas estou muito feliz por ter minha namorada, minha família e meus amigos que me ajudam nesse momento ainda difícil. Nesses momentos, você vê quem está realmente ao seu lado. Posso confirmar isso!"

Medelin indagou sobre a volta aos campos e o jogador afirma não saber, mas espera voltar quando seu corpo estiver realmente recuperado: "Eu não quero definir uma hora precisa. Eu voltarei em campo quando meu corpo me disser que ele está pronto. Isso é também sobre a confiança que preciso ter sobre o meu corpo. Então, quando as duas primeiras batalhas chegam, a primeira corrida, o primeiro tiro, a primeira situação infeliz, você pergunta naturalmente: o joelho aguenta? Se tudo correr positivamente, então vou poder jogar novamente. Isso deve ocorrer em janeiro, fevereiro ou março, eu não sei ainda e não me importo”.

Sobre a possibilidade de sair do Dortmund e o final da carreira, Reus alega: “Existem quatro ou cinco clubes internacionais que me interessam. Em 31 de maio, no próximo ano, completarei 30 anos. Esse seria o meu último grande contrato e a última oportunidade de tentar algo diferente. Eu tenho que ser honesto e justo dizendo que ainda não sei por onde vou terminar minha carreira. No momento, estou muito feliz em Dortmund e não penso no tempo depois de 2019. Mas é claro, o tempo virá e então vou sentar e tomar uma decisão calmamente".