Ndombélé x Darder: representação da mudança de estilo no meio-campo do Lyon

Demonstrando estruturas convincentes defensivamente diante do PSG, Lyon deu novas expectativas para seu torcedor; neste cenário, a potência física de Ndombélé foi essencial para maior competitividade dos Gones em Paris

Ndombélé x Darder: representação da mudança de estilo no meio-campo do Lyon
Mudança de perfil: os acréscimos gerais para o Lyon com Ndombélé em relação à Darder
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Por Higor Leonardo

Desde que Bruno Génésio assumiu o comando técnico do OL em meados de 2015/16 substituindo Hubert Fournier em um dos momentos mais críticos do clube nos últimos anos, a equipe que se acostumou a ser adepta do caos, nunca conseguiu fluxos coletivos organizados e sempre dependeu de individualidades para potencializar seu jogo - com os atacantes Nabil Fekir e Alexandre Lacazette conduzindo o time na maioria destas situações problemáticas.  

Neste início de Campeonato Francês, o Lyon está oscilando e alternando entre momentos caóticos e de controle sobre o rival, independentemente de resultados. Em seis rodadas, o clube acumula três vitórias, dois empates e uma derrota - se encontrando atualmente na quinta colocação, com 11 pontos ganhos. Na próxima rodada, em âmbitos locais, Lyon recebe o Dijon no sábado (23), às 15h de Brasília.

Para a atual temporada, o Lyon sofreu com uma enorme reformulação após não obter sucesso em 2016/17, ficando longe de conquistar acesso à Uefa Champions League e aceitando passivamente o mau desempenho no campeonato nacional. Com isto, era evidente a necessidade de encontrar outros meios para competir dentro da França depois de perder nomes que geravam o futebol da equipe através de soluções próprias, como os meias Mathieu Valbuena e Corentin Tolisso e o já citado Alexandre Lacazette

No geral, o histórico presidente Jean-Michel Aulas optou por depositar todas suas fichas em jogadores mais rodados - em especial, brasileiros, como os defensores Marcelo e Fernando Marçal - deixando de lado a alcunha de clube que preferencialmente dá espaço para atletas formados em casa. O onze considerado ideal no OL atualmente, conta com apenas dois jogadores lapidados na exitosa base do heptacampeão francês - sendo eles dois ícones do Lyon - o capitão Nabil Fekir juntamente do goleiro Antonhy Lopes.  

Em anos anteriores um dos grandes defeitos do Lyon, além de ser um time pouco criterioso com conceitos modernos, foi a irregularidade dos interiores do clube - que muitas vezes não ofereciam o dinamismo necessário para competir em alto nível. Com as exceções de Maxime Gonalons, Miralem Pjanic, Corentin Tolisso e em alguns momentos Clément Grenier - que ainda permanece no clube, porém perdeu o rumo de sua carreira por lesões e condutas extra campo - a faixa central do OL teve ocupação caracterizada por atletas pouco associativos e que solucionavam problemas da mesma forma em que criavam.

A mudança de perfil no meio-campo

Após negociar por empréstimo um dos únicos meio-campistas que representavam este perfil de atleta com maiores capacidades de potencializar os companheiros através de passes curtos e conduções para eliminar adversários, ficou claro quais eram as intenções do Lyon sem Darder - que após se livrar do mesmo, trouxe outra revelação da Ligue 2 da temporada passada - o jovem Tanguy Ndombélé, do Amiens

Neste contexto, toda brutalidade de Ndombélé para transformar sua capacidade corporal em competitividade para o Lyon se mostra consideravelmente superior aos dotes físicos de Sergi Darder - que praticamente sofreu com a adaptação ao futebol francês exatamente pela intensidade empregada no hexágono, que difere o jogo de pausa e estratégia encontrado na Espanha.

Além disto, Darder apesar de diferenciado tecnicamente e em certas fases da equipe importante para a realização de transições objetivas através de sua qualidade em associar acima da média, não condizia com os argumentos do OL - que diferentemente do estilo do jogador, preza por uma efetivação de jogo mais direto e brutal a partir de ritmo alto no terço final.

Com a fisionomia típica de interiores franceses na atualidade - que todavia, desde a base optam por procurar o embate físico e fugir de características mais cadenciadas - Ndombélé deve acrescentar para o Lyon aspectos cruciais no controle zonal do jogo - mesmo não sendo a solução de todos os problemas do clube.

Visando uma dupla com Lucas Tousart dentro do 4-2-3-1 dos Gones para a temporada, Ndombélé consegue ser um interior mais próximo do que era Tolisso - apesar de depender mais do corpo do que de sua inteligência para executar certos movimentos, efetua a função de meio-campista incansável perfeitamente.

Na partida fantástica que o mesmo fez contra o PSG no último domingo (18), que rendeu a ele uma aparição na seleção da rodada do L'Équipe, Tanguy demonstrou vitalidade tremenda para o funcionamento da marcação posicional do Lyon, que anulou os parisienses durante boa parte do jogo com maestria - mostrando organização.

Uma curiosidade pertinente sobre esta dupla no centro do campo que desponta pelo Lyon e que deve atuar junta também pelos Bleus sub-21, é que na França, ambos recebem comparações casuais com jogadores do setor que marcaram época no OL - para muitos, o imponente Tousart lembra o ex-jogador do clube e que hoje está no Bordeuax, Jérémy Toulalan - enquanto recentemente, o jornal MARCA da Espanha, comparou Ndombélé com Michael Essien.

Ademais, o Lyon conta com uma agressividade gigantesca para, através de soluções gerados por si só por parte de seus homens ofensivos, decidir jogos em lances esporádicos, sem tanto fluxo coletivo. Cabe a Génésio achar uma conciliação entre este poder de fogo e maiores critérios como um time - apesar de em contextos únicos, o OL já demonstrou ter condições de efetivar melhor organização e competir com dignidade. 

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Sobre o autor
Higor Leonardo
Sou guarulhense, natural de Pelotas e estudante de jornalismo. Amante de futebol europeu, especialmente francês. Analista de desempenho, 19 anos.