Abel Braga sentiu novamente o sabor do título pelo Flamengo, em seu retorno ao clube após 15 anos. A vitória por 2 a 0 sobre o Vasco, neste domingo (21), no Maracanã, encerrou com chave de ouro a trajetória do time rubro-negro no campeonato. O treinador ressaltou o fato de que, no segundo jogo da final em si, a equipe cruz-maltina foi superior:

“Conquista não é feita de um jogo. Não foi a nossa melhor partida do ano, mas foi um jogo inteligente. No jogo em si o Vasco foi superior. Estávamos muito precavidos. Sabíamos que íamos sofrer, marcar pressão. Tentaram gol com 10, 15 minutos. Mas o adversário foi uma equipe muito digna. Em momento algum esmoreceram", destacou.

Logo após, o técnico do Flamengo creditou o trabalho dos técnicos anteriores da equipe. Citando Barbieri, Dorival e destacando Zé Ricardo,   hostilizado por botafoguenses no aeroporto, após ser demitido.

“Ele [Zé Ricardo] tem um pedaço dessa conquista porque tudo começou com ele. Começou com ele, passou pelo Barbieri, pelo Dorival... Esse pedaço do título que eu tenho direito eu ofereço ao Zé Ricardo. Nunca vi dentro do futebol, em um momento extremamente complicado, a postura que ele teve no aeroporto naquele episódio deplorável. Uma imagem covarde. Uma pessoa só, com sua consciência, seu caráter, contra várias pessoas. A torcida do Botafogo é muito grande, mas aqueles seis, dez torcedores. Ele mostrou que é um grande homem. Aquela atitude que ele teve me fez pensar muita coisa”, refletiu.

O treinador destacou a evolução da equipe nos jogos de maior importância, especialmente após as derrotas para o Fluminense, na semifinal da Taça Guanabara, e para o Peñarol-URU, pela Libertadores, ambas no Maracanã:

Coisa que estou muito contente é que depois daquela derrota inesperada para o Peñarol, antes perdemos para o Flu. O que escutei depois desses jogos, é que sempre que precisava ganhar ela (equipe) ia abaixo. Não foi isso. Ela cresceu. Seguiu. Voltamos na maior normalidade”.

Abel ainda afastou qualquer “oba oba” diante do título carioca. Já pensando no confronto diante da LDU-EQU pela Libertadores, o comandante do Mais Querido destacou o nível de dificuldade da partida em Quito.

“Estou feliz, mas com certeza não vou dormir por causa da conquista. Vou dormir já preocupado com o jogo de quarta-feira. Já joguei lá e sei como é que é. É a última chance da LDU. Um time que em casa é difícil de bater. Temos que ir com esse sentimento”

Ainda sobre o duelo no Equador, e pensando no restante da temporada, o técnico afirmou que a certeza de ter um time titular em mente caiu 'um  pouquinho' após a decisão do estadual, com as entradas de Vitinho e Lincoln, e a passagem de Diego para o comando do ataque, no segundo tempo:

"Achava que tinha uns 92%, 95% do time titular. E hoje caiu um pouquinho, porque aconteceu uma surpresa muito boa. Na hora que coloquei Diego entre atacantes. Eu falei para o Leomir que ia botar ele para flutuar e dois caras rápidos para fazer a diagonal. Entrou o Vitinho de um lado e o Lincoln do outro. É mais um problema, arrumei outra dúvida. O tal do falso 9 é mais uma função que podemos usar”.

Nessa quarta-feira (24), o Rubro-Negro entrará em campo conta a LDU, às 21h30, no Estádio Casablanca, precisando apenas do empate para garantir a classificação matemática na Libertadores, pelo segundo ano consecutivo, após três eliminações consecutivas na fase de grupos do torneio.