Acabou a temporada dos clubes brasileiros e para o torcedor do Fluminense o ano de 2017 ficou com gosto de decepção. Após início bom com título da Taça Guanabara, invencibilidade em clássicos e o vice-estadual, o clube sofreu com problemas financeiros, lesões, queda de rendimento e crises internas, o que prejudicou o trabalho na sequência do ano, terminando com risco de rebaixamento no Brasileirão e eliminação para o rival Flamengo na Sul-Americana.

Em 2017 o Fluminense jogou 75 partidas, venceu 29, empatou 21 e perdeu 25, marcou 118 gols e sofreu 97. O aproveitamento do Tricolor foi de apenas 48% e o trabalho do técnico Abel Braga virou alvo de críticas por conta de insistir em esquemas e jogadores que prejudicaram o time ao longo do ano.

O destaque do Fluminense no ano foi o atacante Henrique Dourado, artilheiro da temporada com 32 gols e do Brasileirão com 18. Gustavo Scarpa sofreu com irregularidade após sofrer uma grave lesão no tornozelo no início do ano, mas deu 15 assistências (12 no Brasileirão). Richarlison, que foi vendido em agosto ao Watford, da Inglaterra, terminou como o segundo do elenco com mais gols e assistências. O atacante fez muita falta no restante da temporada.

Gustavo Scarpa (à esquerda) foi o líder em assistências e Henrique Dourado o artilheiro do Fluminense no ano (Foto: Divulgação/Fluminense FC)

Título da Taça Guanabara, goleada na Copa do Brasil e lesão de Gustavo Scarpa

De presidente e técnico novo e com pouco dinheiro, o Fluminense começou 2017 apostando nos jogadores revelados em Xerém, na manutenção de alguns outros jogadores e nas contratações de Lucas, Orejuela e Sornoza. O início de ano do Flu foi promissor. Na Taça Guanabara, venceu todos os jogos e não sofreu nenhum gol até a final contra o Flamengo.

Em meio a Taça Guanabara, o Fluminense também estreou na Copa do Brasil contra o modesto Globo, do Rio Grande do Norte, e garantiu a classificação com goleada e a direito gol de "Puskas" feito por Gustavo Scarpa, acertando chute de rara felicidade de trás do meio de campo. Porém, a primeira baixa do ano veio na semifinal do torneio quando o camisa 10 sofreu uma fratura que o faria perder o restante do estadual.

Gustavo Scarpa acertou lindo chute de trás do meio de campo contra o Globo-RN, mas a Fifa não indicou para o prêmio Puskas (Foto: Divulgação/Fluminense FC) 

Explosão de Wendel e Richarlison, vice do Carioca e bom começo na Sul-Americana

O desfalque de Gustavo Scarpa foi essencial para Richarlison explodir entre os titulares e mostrar todo o seu potencial. Ao lado de Wellington Silva e Henrique Dourado, o atacante foi peça fundamental na equipe, criando jogadas e marcando gols. O Fluminense foi campeão da Taça Guanabara ao bater o Flamengo na decisão por pênaltis.

Com a vaga na semifinal do Carioca garantida por ter conquistado a Taça Guanabara, o técnico Abel Braga resolveu testar outros jovens e poupou os titulares para os jogos na Copa do Brasil e Sul-Americana. Entre os reservas, Wendel se destacou rapidamente e logo ganhou a titularidade graças a lesão do volante Douglas.

O grande início de ano do Fluminense com invencibilidade em clássicos e boas atuações foi coroado com a vaga na final do estadual contra o Flamengo. Porém, o rubro-negro venceu os dois jogos e conquistou o título do Carioca.

Richarlison marcou contra todos os rivais e foi decisivo contra o Vasco na semifinal do Carioca (Foto: Divulgação/Fluminense FC)

Após o vice do Campeonato Carioca, o Fluminense virou a chave para o Brasileirão. Na primeira rodada, venceu o Santos por 3 a 2 e viu o meia Gustavo Scarpa retornar de lesão. Na segunda rodada, conquistou uma grande vitória contra o Atlético-MG no estádio Independência, mas veio então outras duas baixas da temporada: Sornoza fraturou o tornozelo e Wellington Silva começou a sofrer com dores no púbis. Na quinta rodada, o Flu apenas empatou com o Atlético-PR e perdeu a chance de assumir a liderança.

O grande foco do Fluminense no ano era a Copa Sul-Americana. Na primeira fase, eliminou o Liverpool, do Uruguai, com atuação dominante na partida de ida, no Maracanã, em uma das melhores performances do ano. O auge da atuação tricolor aconteceu na segunda fase contra a Universidad Católica de Quito, do Equador, quando aplicou uma goleada de 4 a 0. O jogo contou com grande atuação do quinteto formado por Wendel, Gustavo Scarpa, Richarlison, Marquinhos Calazans e Henrique Dourado.

Fluminense fez contra a Universidad Católica de Quito, pela Sul-Americana, uma das melhores atuações do ano (Foto: Divulgação/Fluminense FC)

Venda de Richarlison, tragédia com filho de Abel, desfalques e queda de rendimento 

O ano do Fluminense começou a mudar no final de julho. No dia 29, o filho do técnico Abel Braga sofreu um acidente e morreu. Dois dias depois, o presidente Pedro Abad anunciou a venda do atacante Richarlison, vice-artilheiro e líder de assistências até então, para o Watford, da Inglaterra. A essa altura, o Flu estava com alguns meses de salários atrasados e precisava quitar a dívida com o elenco.

Além de Richarlison, por pouco o Fluminense não perdeu também Wellington Silva para o Bordeaux, da França, mas o atacante foi reprovado nos exames médicos devido uma lesão no púbis e os franceses se retiraram da negociação. Wendel também quase acertou com o Paris Saint-Germain, da França, mas o clube francês esfriou a negociação após acertar com Neymar e Mbappé.

Com Wellington Silva, Sornoza e Douglas lesionados, e Gustavo Scarpa tentando recuperar o ritmo de jogo e lutando contra a irregularidade, o Fluminense viveu sua pior fase na temporada. Na tentativa de melhorar a defesa, contestada por falhas e o alto número de gols sofridos (principalmente em bola aérea), Abel Braga tentou usar o esquema com três volantes, mas não deu resultado. 

Após a tragédia com o filho, Abel foi homenageado pela torcida do Fluminense na partida contra o Atlético-GO (Foto: Divulgação/Fluminense FC)

Classificação na base da superação contra a LDU

O Fluminense vivia um momento conturbado na temporada e se aproximou da zona do rebaixamento do Brasileirão. Em meio a irregularidade, o Tricolor tinha pela frente a algoz LDU, do Equador, pela oitavas de final da Copa Sul-Americana. A missão desta vez era mais difícil, já que a classificatória seria decidida na altitude de Quito e as lembranças não eram nada boas.

Na partida de ida realizada no Maracanã, o Fluminense foi superior a LDU, mas venceu apenas por 1 a 0, com gol de falta de Gustavo Scarpa ainda no começo da partida. No jogo da volta, os equatorianos abriram 2 a 0 e o Flu parecia entregue fisicamente e mentalmente. Porém, após cobrança de escanteio do camisa 10, Pedro surgiu como o herói improvável e marcou o gol da classificação.

Gustavo Scarpa marcou um gol na partida de ida e deu a assistência que garantiu a classificação contra a LDU na Sul-Americana (Foto: Divulgação/Fluminense FC)

Eliminação dolorosa na Sul-Americana e jejum contra o Flamengo

Depois de eliminar a LDU, o Fluminense tinha pelo caminho o seu maior rival: o Flamengo. Na partida de ida, a escalação escolhida por Abel Braga custou caro e o Flu foi derrotado para o rubro-negro pelo placar mínimo. 

Já na partida de volta, Abel Braga escalou o que tinha de melhor e o Fluminense abriu 3 a 1 contra o Flamengo, resultado que garantia a classificação para a semifinal da competição. Porém, as substituições do treinador prejudicaram a equipe, que além de tudo recuou e deu a bola para o Flamengo buscar o empate e se classificar.

Diego marcou um dos gols do Flamengo na partida de volta da Sul-Americana (Foto: Mauro Pimentel/Getty Images)
Diego marcou um dos gols do Flamengo na partida de volta da Sul-Americana (Foto: Mauro Pimentel/Getty Images)

Aproveitamento ruim em clássicos

Apesar do bom início de temporada contra os rivais, o retrospecto do Fluminense em clássicos durante 2017 foi ruim. O único rival que o Flu não conseguiu vencer foi o Flamengo - foram oito jogos, quatro derrotas e quatro empates. 

Além dos oito jogos contra o Flamengo, o Fluminense fez quatro contra o Botafogo e Vasco, tendo conquistado duas vitórias contra cada e sendo derrotado duas vezes também por casa. No ano, foram 16 clássicos e apenas quatro vitórias, além de oito derrotas e quatro empates.

O Fluminense começou o ano vencendo o Vasco, Botafogo e o Flamengo (nos pênaltis na decisão da Taça Guanabara). O Flu perdeu somente para o Botafogo na Taça Rio, quando jogou com o time reserva. O Vasco voltou a ser vítima na semifinal do Carioca. Na final do Carioca, foi derrotado duas vezes pelo Fla.

No Brasileirão, perdeu para Vasco e Botafogo e empatou com o Flamengo no primeiro turno. No returno, novo empate com o Fla, nova derrota para o Vasco e vitória contra o Botafogo. Na Sul-Americana, um empate e uma derrota contra o rival rubro-negro.

Gustavo Scarpa não conseguiu ter bom rendimento nos clássicos em 2017 (Foto: Divulgação/Fluminense FC)

Henrique Dourado: artilheiro e destaque do Fluminense no ano

O ano do Fluminense não foi dos melhores e a torcida não teve muito o que comemorar. Em meio a crise, um jogador caiu nas graças da torcida: Henrique Dourado. O camisa 9 foi o destaque do Flu no ano com 32 gols e sua tradicional comemoração que caiu nas graças dos torcedores nas arquibancadas. 

Com 32 gols no ano sendo 18 deles no Brasileirão, Henrique Dourado superou sete das oito temporadas de Fred no Fluminense. Só fez menos gols que Washington (36 gols em 2008) e o próprio Fred (34 gols em 2011). Além disso, tornou-se o quarto jogador do Flu a conquistar a artilharia do Brasileirão, juntando-se ao seleto grupo com Washington, Fred e Magno Alves.

Henrique Dourado foi o artilheiro da temporada e do Brasileirão (Foto: Divulgação/Fluminense FC)

Gustavo Scarpa: temporada irregular, mas líder em assistências

Além de Henrique Dourado, outro que merece destaque pelo ano é o meia Gustavo Scarpa. O camisa 10 chegou a escutar algumas vaias nos últimos jogos do Fluminense no ano por conta das más atuações, resultado de uma temporada irregular, mas liderou a equipe em assistências. Foram 15 no ano, sendo 12 no Brasileirão (líder).

Além de ser o líder de assistências do Brasileirão, Gustavo Scarpa foi o segundo jogador que mais criou jogadas na competição. Em meio a irregularidade, muito por conta da lesão sofrida no início do ano, o camisa 10 nunca se escondeu e sempre tentou criar jogadas, além de levar muito perigo nas finalizações de bolas paradas.

Gustavo Scarpa foi o líder de assistências do Brasileirão (Foto: Divulgação/Fluminense FC)