Quarta posição. 49 pontos conquistados em 29 rodadas. Apenas seis pontos atrás do líder Bayern de Munique. Brigando com o Bayer Leverkusen por vaga direta à próxima Champions League. Esse é o contexto do Borussia Mönchengladbach, time do brasileiro Raffael, na Bundesliga. Em meio à passagem da pandemia do coronavírus na Alemanha, o meia-atacante de 35 anos ídolo da torcida dos Potros conversa exclusivamente com a VAVEL Brasil sobre alguns reflexos da COVID-19 no clube e em sua busca pela titularidade.

A organização da liga já disse que está preparada para retomar o Campeonato Alemão, porém falta o aval do governo da Alemanha, cujo o qual anunciou nesta terça-feira (28) o adiamento da reunião entre a premiê Angela Merkel e os 16 ministros federais do esporte, que aconteceria na próxima quinta-feira (30).

Isso é um balde de água fria nas projeções da volta do futebol local no dia 9 de maio. De qualquer forma, a Bundesliga é, entre as principais ligas da Europa, a que mais parece próxima de um recomeço. Assim, o brasileiro Raffael se mostra a favor de resgatar o fim da temporada 2019-20, mesmo que se mostre um tão decepcionado por não haver público:

"A ideia de jogar é boa, porque todos querem começar a jogar. Uma pena que é com os portões fechados, sem torcedores, mas é necessário. A gente espera que volte a jogar, até para que o campeonato ser encerrado."

Interromper as atividades em pleno andamento da temporada é um dos maiores temores de quem busca espaço no time titular de qualquer equipe. Quando se trata de futebol alemão, o impacto pode ser ainda mais sentido. Se filtrarmos para uma equipe de ponta, como o Mönchengladbach, aí é que o buraco fica mais para baixo.

Nesta temporada 2019-20, Raffael foi utilizado em seis jogos da Bundesliga, por 49 minutos, e três da Liga Europa, por 64 minutos, o que mostra a necessidade do brasileiro manter um bom ritmo nos treinos do Borussia, principalmente após a lesão que sofreu no final de 2019. Ao buscar essa retomada, foi elogiado pelo treinador Marco Rose, porém a paralisação o atrapalhou, segundo o meia-atacante:

"Meu momento no Borussia estava bom. Eu vinha treinando bem. Estava preparado para jogar. Não vinha sendo utilizado nos últimos jogos, mas nos treinamentos eu estava muito bem, recebendo elogios do treinador. Era um momento bom, preparado para quando entrar aproveitar a oportunidade."

Raffael num treino do Borussia (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

O governo alemão adotou medidas que conseguiram conter, a um certo ponto, a intensidade do novo coronavírus no país. Seguindo orientações dos governantes, os clubes também passam instruções a seus atletas, como conta Raffael:

"As atividades aqui já voltaram. A gente treina em grupos separados, normalmente. A gente só está esperando uma definição para quando voltar o campeonato a gente souber quando que será os dias. Mas as atividades estão acontecendo normalmente, porém com grupos separados, não com todos os jogadores [...] O clube sempre nos passa para não se aglomerar tanto como outras pessoas. Pede para ter os cuidados necessários, como lavar as mãos e permanecer o máximo de tempo em casa."

Um pouco diferente do que se vê no Brasil, a população alemã  é até elogiada pelos órgãos do governo por estar cumprindo à risca as medidas de restrições, como evitar aglomerações em supermercados. A ótica de Raffael compartilha o fato:

"As autoridades até elogiaram a maneira em que a população alemã está cumprindo o que eles [autoridades] estabeleceram. Também vejo o cuidado aqui de cada um, onde qualquer lugar que eu vá, eu vejo que as regras todos procuram cumprir para que essa pandemia possa perder força."

Nunca é fácil para um jogador de futebol ver sua profissão ser barrada da prática. Não ir ao clube diariamente abre um espaço na rotina dos jogadores. Aí é onde entra a família para quem a tem, como é o caso de Raffael, que já voltou às atividades, mas ainda curte os filhos, já que as aulas seguem paralisadas:

"Minha rotina voltou ao normal. Vou ao treino, volto para casa. Fico em casa com meus filhos, aproveito o momento em casa com eles, porque eles não estão podendo ir para a escola. Treino, casa, supermercado, farmácia... essa é minha rotina por enquanto."

Uma coisa é certa: a pandemia brecou todo o ritmo mundial, inclusive a rotina do futebol. No entanto, o pico da COVID-19 no velho continente perde força aos poucos, o que permite os amantes do esporte mais popular do mundo começar a sonhar com o retorno do fim da temporada. E é na Alemanha que Raffael e Borussia Mönchengladbach buscam o melhor resultado possível na Bundesliga.