Jürgen Klopp reprova anulação de pena ao Manchester City: "Não foi um bom dia ao futebol"

Citizens tiveram recurso impetrado à Corte Arbitral do Esporte (CAS) julgado e teve suspensão de competições europeias nas duas próximas temporadas revogada; além do treinador do Liverpool, José Mourinho comentou o assunto e discordou da decisão jurídica

Jürgen Klopp reprova anulação de pena ao Manchester City: "Não foi um bom dia ao futebol"
Jürgen Klopp, técnico do Liverpool | Foto: Divulgação/Liverpool FC
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Por Taynã Melo

A anulação da pena de suspensão do Manchester City pela participação em competições europeias nas duas próximas temporadas causou muita repercussão negativa.

No último mês de fevereiro, a Uefa puniu a equipe inglesa com a ausência esportiva e com multa de 30 milhões de euros por desrespeitar a política de fair play financeiro, além de não colaborar com as investigações feitas pelo departamento especializado da entidade máxima do futebol europeu. O City recorreu da decisão à Corte Arbitral do Esporte (CAS), que tirou qualquer punição no futebol e reduziu a multa para 10 milhões de euros, mesmo que reconhecesse a não colaboração da equipe.

Perguntados sobre esse assunto, dois dos treinadores mais destacados em escala mundial discordaram da decisão com a justificativa de que tal decisão promulgada pela maior escala jurídica do esporte no mundo pode abrir inúmeros precedentes para equipes com inúmero poder econômico e, consequentemente, o abismo entre os participantes de competições internacionais como Uefa Champions League e Uefa Europa League pode ficar ainda mais amplo. O técnico do Liverpool, Jürgen Klopp, manifestou total apoio ao fair play financeiro.

“Eu não sei se posso responder. É um assunto sério e não falar na minha língua nativa é um problema. Para ser honesto, não acho que tenha sido um bom dia ao futebol. O fair play financeiro é uma ótima ideia. Está lá para proteger as equipes e a competição, para que ninguém gaste demais e tenha que garantir que o dinheiro que eles querem gastar seja baseado nas fontes certas. Não cabe a mim julgar isso e não julgo. Só espero que nos apeguemos ao sistema de fair play financeiro e espero que permaneça, pois isso meio que dá fronteiras aonde pode ir e isso é bom ao futebol”, afirmou.

Jürgen Klopp, técnico do Liverpool | Foto: Divulgação/Liverpool FC
Jürgen Klopp, técnico do Liverpool | Foto: Divulgação/Liverpool FC

Klopp deixou bem evidente que na Alemanha, seu país natal, isso não ocorre porque existem clubes e não proprietários (conhecido no futebol europeu como “regra dos 50%+1”), o que acarreta a obtenção de licença todos os anos para disputar competições domésticas e internacionais.

“Se ninguém mais se importa, isso dificulta a competição. Sou da Alemanha, temos clubes, não temos proprietários. É necessário obter a licença todos os anos. Eu acho que todos nós devemos seguir as regras do fair play financeiro. Realmente eu espero que permaneça, isso dá algumas fronteiras. Se os clubes e países mais ricos puderem fazer o que querem, isso dificulta. Isso levaria a uma liga mundial, dependeria de quem é o dono dos clubes e não os nomes dos clubes, tendo uma espécie de Super Liga. Então, faz sentido que tenhamos essas regras do fair play financeiro. Do ponto de vista pessoal, estou feliz que o Manchester City possa jogar a Uefa Champions League. Eles teriam dez ou 12 jogos a menos e nenhum outro time teria chances na Premier League”, explicou.

Outro técnico que foi mais direto em suas declarações foi José Mourinho. O atual treinador do Tottenham afirmou não ter entendido a decisão do CAS sobre o caso. Na visão do português, se o Manchester City não cometesse nenhuma infração, todas as punições seriam desfeitas, inclusive a multa. O comandante dos Spurs afirmou que a atitude do tribunal foi desastrosa e vergonhosa.

“É uma decisão vergonhosa. Se o Manchester City não foi culpado, ser punido com alguns milhões é uma desgraça. Se não é culpado, não é banido. Por outro lado, se é culpado, deve ser banido. Portanto, também é uma decisão vergonhosa. De qualquer forma, é um desastre. Se não é culpado, não paga. Se não é culpado, não se deve receber uma multa, nem mesmo uma libra. Eu sei que o dinheiro é muito fácil para eles, mas é apenas um princípio. Por que pagar 9 milhões de libras se não é culpado?”, questionou.

José Mourinho, treinador do Tottenham | Foto: Divulgação/Tottenham Hotspur
José Mourinho, treinador do Tottenham | Foto: Divulgação/Tottenham Hotspur

Ao não culpar nem absolver o Manchester City sobre o descumprimento de regras do fair play financeiro e violações sérias sobre o licenciamento de clubes, Mourinho voltou a dizer que a responsabilidade é inteiramente do CAS para que tal “decisão vergonhosa” ocorresse e afirmou que, se tais situações acontecerem novamente, era melhor não ter nenhum controle ao destacar que outros clubes foram punidos por causa da mesma infração.

“Se o Manchester City não é culpado, a decisão é uma vergonha. Se eles são culpados, a decisão também é uma vergonha e devem ser banidos da competição. Não sei se o Manchester City é culpado ou não, mas é uma decisão vergonhosa de qualquer forma. Neste momento, falamos sobre o Manchester City. Mas, no passado, outros clubes estavam em uma situação semelhante e se sabem os resultados. Então eu acho melhor abrir a porta do circo e deixar todo mundo aproveitar. E entre de graça, saia, entre novamente, faça com total liberdade”, concluiu.

Josep Guardiola, técnico do Manchester City | Foto: Divulgação/Manchester City
Pep Guardiola, técnico do Manchester City | Foto: Divulgação/Manchester City

Por outro lado, o técnico do Manchester City, Pep Guardiola, afirmou estar incrivelmente feliz ao ver que a decisão do CAS comprovou a inocência do clube em meio às acusações e punições feitas pela Uefa.

“Estou incrivelmente feliz com a decisão. Isso mostra que todas as pessoas que falaram sobre o clube não eram verdadeiras. O que vencemos em campo defendemos em campo. Hoje é um bom dia, ontem (segunda-feira) foi um bom dia ao futebol, porque jogamos de acordo com as mesmas regras de todos os clubes da Europa. Se tivéssemos quebrado o fair play financeiro, teríamos sido banidos, mas temos que nos defender porque estávamos certos. Podemos jogar a Champions League da próxima temporada porque fizemos o que é certo. Eles precisam aceitar, entrar em campo e jogar contra nós”, declarou Guardiola.