Cirúrgico novamente, Tottenham supera Arsenal e retoma liderança da Premier League 

Gunners repetem superioridade em posse de bola e falta de pontaria; Spurs vencem em contra-ataques 

Cirúrgico
novamente, Tottenham supera Arsenal e retoma liderança da Premier League 
Foto: Divulgação/Premier League
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Por Júlia Nascimento

No primeiro jogo das equipes com retorno parcial de público e em um grande confronto, o Tottenham venceu o Arsenal pelo placar de 2 a 0 neste domingo (6) pela 11ª rodada da Premier League e reassumiu sua posição de líder. No Tottenham Hotspur Stadium, Son e Harry Kane marcaram em dois contra-ataques fatais no primeiro tempo.

Clássico londrino, mas de desequilíbrio na atual tabela do campeonato nacional. Os Spurs entravam em campo com o objetivo de retomar a liderança, assumida pelo Chelsea com a vitória na rodada (3 a 1 sobre o Leeds United). Para isso, precisavam dos três pontos no confronto, pois um empate não bastaria devido ao saldo de gols superior dos Blues.

Já os Gunners ocupavam apenas a 15ª colocação e, com a vitória, não passariam da 11ª. Entretanto era importante não deixar o bloco superior continuar se afastando caso o objetivo fosse brigar pelo título ou por uma das vagas para a Liga dos Campeões. O time de Mourinho possuía apenas uma derrota na competição, na primeira rodada, enquanto o de Arteta tinha cinco, número maior que o de vitórias (quatro).

Estratégias

José Mourinho não pôde contar com Lamela por lesão. Porém Toby Alderweireld retornou após desfalcar a equipe nos últimos jogos machucado. Esquema tático: 4-2-3-1. No gol, Lloris. Alderweireld e Dier formaram a dupla de zaga. Nas laterais, Aurier pela direita e Reguilón pela esquerda. No meio-campo, Sissoko e Hojberg davam o primeiro combate, mas também iniciavam as subidas ao ataque; mais à frente, Son, Lo Celso e Bergwijn ficavam responsáveis pela criação e finalização. E, no ataque, o artilheiro Harry Kane.

Mikel Arteta teve o desfalque de Pépé por suspensão. Thomas Partey foi a novidade no time titular. Esquema tático: 3-4-3. Leno no gol. A trinca de zaga contou com Holding, Gabriel Magalhães e Tierney (improvisado). Nas laterais, Bellerín pela direita e Saka pela esquerda. No meio, Partey e Xhaka tinham as funções de transição e construção ofensiva. E, na frente, Willian atacava pela direita, Aubameyang pela esquerda, e Lacazette centralizava tomando conta da área.

Spurs dão outra aula de eficiência contra Gunners com má pontaria

A primeira etapa do clássico foi um exemplo fiel de como vêm atuando as duas equipes: o Tottenham jogando por uma bola, e o Arsenal não convertendo sua posse de bola em gols, nem mesmo em finalizações. A partida começou muito faltosa e, consequentemente, com pouca bola rolando. Ainda com cinco minutos, o jogo já era no campo de ataque dos Gunners, mas sem chegadas à área. Ao contrário do que estava no papel, Tierney não fazia um terceiro zagueiro, e sim a lateral-esquerda. A marcação adiantada do time de Arteta incomodava e segurava o de Mourinho.

Mais uma vez, os Spurs eram dominados quanto a posse de bola e troca de passes, deixando o adversário jogar no campo ofensivo e esperando o contra-ataque. Até que, aos 12 minutos, o primeiro acerto na primeira chegada, e com estilo. Justamente em contra-ataque, Kane fez mais uma boa assistência na temporada, Son recebeu e arrancou pela esquerda, puxou para o meio sem marcação e arriscou de longe para abrir o placar com um golaço colocado.

Aos 17, eram 68% de posse de bola para o visitante, 2 a 2 em finalizações e 1 a 0 em chutes a gol para o mandante. O Arsenal, então, recuou a marcação, mas o Tottenham não conseguia manter uma troca de passes no meio-campo para aproveitar. E os Gunners continuavam não sabendo o que fazer quando estavam dominando o campo de ataque, mérito também das linhas de marcação dos Spurs. E o time da casa chegou a melhorar ofensivamente, muito pelo afrouxamento e recuo da marcação do Arsenal. Do outro lado, Willian ia apagado no jogo pela ponta-direita, aparecendo mais nas cobranças de bola parada.

Os cinco minutos finais do primeiro tempo foram de extremos. O time de Arteta contabilizou 91% de posse de bola nesse período e fazia grande pressão no ataque. No entanto, aos 45, mais um contra-ataque fatal: Lo Celso recebeu e arrancou livre pelo meio, passou para Son na entrada da área pela esquerda, e o camisa 7 retribuiu o primeiro gol deixando para Kane, que chegava por trás, chutar forte e guardar, em uma verdadeira aula de eficiência no futebol. O centroavante se tornou o maior artilheiro do clássico, com 11 gols. Arteta nem esperou o juiz apitar para trocar Partey por Dani Ceballos. Números parciais: 61% em posse para o visitante, porém 5 a 4 em chutes e 3 a 0 no alvo a favor do mandante.

Nos últimos 45 minutos, sem mudanças táticas. Apenas ênfase ainda maior das características das duas equipes, resultando em um ataque contra defesa, mas sem oportunidades reais do time que tinha a iniciativa, o Arsenal. Bellerín aparecia bem desde o primeiro tempo, muito presente no campo de ataque, especialmente no último terço cruzando na área. Os Gunners jogavam com 100% dos homens de linha no campo ofensivo, rodando a bola para descobrir como infiltrar. Willian passou a chamar mais a responsabilidade, enquanto Aubameyang aparecia mais na área.

Foto: Divulgação/Premier League
Foto: Divulgação/Premier League

Aos 22 minutos, a primeira defesa com maior dificuldade de Lloris no jogo, em cabeceio de Lacazette. O Arsenal explorava os cruzamentos, principalmente pela esquerda com Tierney e Saka. Com 24 minutos, 4 a 0 em finalizações no segundo tempo para o visitante, provando o domínio. Os técnicos resolveram mexer: Lo Celso saiu para a entrada de Davies na lateral-esquerda, colocando Reguilón adiantado; do outro lado, Bellerín deu lugar a Nketiah, deslocando Saka para a lateral-direita.

Willian também mudou de posicionamento, ocupando a ponta-esquerda. A equipe de Arteta tinha uma superioridade mais perigosa que a da primeira etapa, dando menos contra-ataques ao adversário. Aubameyang continuava mais ativo e perigoso dentro da área. Entretanto Alderweireld havia retornado bem, ganhando todas na marcação e dificultando a vida do atacante.

Son e Bergwijn deixaram o campo para as entradas de Lucas Moura e Rodon, respectivamente, com a última troca servindo para fechar o time e o placar. E foi o que aconteceu: 2 a 0 Tottenham e liderança retomada. Números finais: 68% de posse de bola e 11 a 6 em finalizações, ambos a favor do Arsenal, porém 3 a 2 em chutes a gol para o vencedor, evidenciando problemas na pontaria dos Gunners e que os Spurs, realmente, deixaram a mira calibrada no primeiro tempo.

Classificação e próximos compromissos

Com outro resultado positivo na sequência contra os principais adversários, o Tottenham reassume o primeiro lugar da Premier League, agora com 24 pontos, dois a mais que o vive Chelsea. O próximo compromisso dos Spurs é pela Liga Europa contra o Royal Antwerp em casa na quinta-feira (10) às 17h. Já pelo Inglês, visitam o Crystal Palace no próximo domingo (13) às 11h15.

Já o Arsenal, com o quarto jogo seguido sem vencer na competição, permanece na 15ª posição com 13 pontos. A distância para o Liverpool, quarto colocado, é de oito pontos. Os Gunners voltam a campo também pela Liga Europa na quinta-feira (10) às 14h55 contra o Dundalk fora de casa. E, no próximo domingo (13), recebem o Burnley às 16h15 pelo campeonato nacional.