O torcedor do Flamengo viveu um ano de constante mudança. Se no início da temporada a expectativa era nova briga contra o rebaixamento ou meio de tabela, o segundo semestre com Zé Ricardo mostrou que o gás rubro-negro ainda poderia funcionar. Com os jogadores certos, um elenco fortalecido e um novo sentimento, a desconfiança virou esperança e, ao fim de 2016, o Mais Querido conquistou sua vaga na Copa Libertadores da América.

Um planejamento que começou com Muricy Ramalho e terminou com o novato Zé Ricardo. Esse foi o Flamengo em 2016. Após altos e baixos durante o ano, ausência do Maracanã por quase toda temporada e um encerramento que poucos esperavam, o Fla pode se orgulhar e projetar um 2017 com o único objetivo não alcançado: o título.

Melhor momento da temporada: A briga pelo título Brasileiro

O processo de reestruturação do Flamengo foi longo e duro, principalmente para a torcida. Depois de anos esperando pelo time que brigaria novamente pelo título do Campeonato Brasileiro, em 2016 os rubro-negros voltaram a vibrar e a ter esperança. Após um começo ruim, Zé Ricardo mudou completamente a equipe e, fazendo peças antes esquecidas começarem a render, deixou o Fla cada vez mais perto dos primeiros colocados.

O objetivo principal era a Libertadores da América e, depois de conseguir fazer uma campanha memorável e muito acima do esperado, o "cheirinho de hepta" começou a aparecer. No fim, o Flamengo não conquistou o título, mas, além do terceiro lugar, deu a seu torcedor algo que ele já ansiava: a chance de sonhar novamente.

(Foto: Gilvan de Souza/Flamengo)
(Foto: Gilvan de Souza/Flamengo)

Pior momento da temporada: Eliminações no primeiro semestre

Foi um início de ano muito conturbado para o Flamengo. Ainda com Muricy Ramalho, o clube acabou sofrendo e precisou contornar momentos complicados. Disputando a Primeira Liga e o Campeonato Carioca ao mesmo tempo, o rubro-negro precisou priorizar uma competição e, mesmo afirmando que o Estadual não era tão importante, colocou reservas contra o Atlético-PR na semifinal, sendo eliminado.

Pouco depois, a queda diante do Vasco no Carioca irritou mais os torcedores, que ainda viram o Flamengo quase ser eliminado pelo Confiança e cair diante do Fortaleza em Volta Redonda na Copa do Brasil.

A grande mudança de 2016 para 2017: Postura vencedora e Ninho do Urubu

É claro que muito mudou no Flamengo do último ano para o atual, principalmente a saída de um cenário instável para um momento muito mais estabilizado. Além disso, o clube conseguiu estruturar um elenco que é mais do que apenas um time, o que certamente será fator decisivo em 2017. A postura rubro-negra saiu daquela que visava apenas objetivos pequenos. Atualmente, o Fla quer voos mais altos e sempre pensa na vitória.

Outra questão definidora para o clube será a abertura oficial do Centro de Treinamento, o Ninho do Urubu. Com estrutura de ponta e um projeto inovador, o Flamengo se junta aos times brasileiros com melhor estrutura atualmente. A preparação durante o ano utilizando o CT já foi essencial para o resultado final da temporada, mostrando a importância do investimento. 

Quem foi destaque: Diego e Alex Muralha

É impossível citar destaques sem falar desses dois jogadores. Diego chegou ao Flamengo no meio do ano e virou clube e torcida de cabeça para baixo. Com recepção digna de grandes ídolos, aeroporto lotado e declarações que deixaram o coração do rubro-negro mais cético ficar esperançoso, o camisa 35 conseguiu corresponder em campo e foi peça muito importante para o Fla, que com Diego perdeu apenas uma vez diante do Internacional. Foram 18 jogos, 11 vitórias e seis empates.

Alex Muralha foi um dos grandes responsáveis pelo sucesso da defesa do Flamengo. Os apenas 35 gols tomados no Campeonato Brasileiro mostram que, se em outros anos fazer gol no Fla era tarefa fácil, desta vez não foi. Com dupla de zaga formada por Réver e Rafael Vaz em seu apoio, Muralha conseguiu sair da reserva e conquistar seu espaço rápido, bancando Paulo Victor e virando essencial para o time. O goleiro chegou a ser chamado para a Seleção Brasileira de Tite duas vezes.

Quem decepcionou: Muricy Ramalho

O treinador chegou com moral ao Ninho do Urubu e uma proposta inovadora. Entretanto, em poucos meses de trabalho, Muricy sofreu com diversas questões e o início das dúvidas sobre seu trabalho. Desta forma, três eliminações e um início ruim no Brasileirão depois, o técnico pediu para sair por motivos de saúde.

(Foto: Gilvan de Souza/Flamengo)
(Foto: Gilvan de Souza/Flamengo)

Entre os jogadores, a expectativa acabou sendo superada com a maioria dos casos. No gol, o questionado Paulo Victor deu lugar a Alex Muralha, destaque do elenco. Nas laterais, Jorge seguiu fazendo seu trabalho, enquanto Rodinei começou bem e perdeu a vaga para Pará, que se mostrou uma grande peça. A zaga, após saída de Wallace, César Martins e Marcelo, foi bem servida por Réver e Rafael Vaz.

Willian Arão fez um ano muito bom, assim como Éverton e Alan Patrick. Diego foi destaque e Ederson acabou perdendo o segundo semestre inteiro por lesão. Mancuello foi bem, mas acabou ficando muito tempo no banco de reservas. No ataque, quem melhorou foi Paolo Guerrero, que pouco a pouco mostra sua importância no Fla.

Márcio Araújo e Cuéllar foram os menos regulares do campeonato. O camisa 8 foi o mais criticado durante o ano e, sem paciência, a torcida acabou pegando no pé dele até o fim. Já o colombiano começou bem e teve espaço, mas a produtividade caiu pelo tempo sem jogar e ele acabou não conseguindo atuar bem quando solicitado.

Os treinadores: Muricy Ramalho e Zé Ricardo

O planejamento inicial do Flamengo foi feito com o experiente Muricy Ramalho, que chegava ao clube para tentar iniciar uma nova fase. Mesmo com a animação inicial, não demorou muito até que os rubro-negros começassem a encontrar problemas e, após a eliminação na Primeira Liga e no Campeonato Carioca, o alerta foi ligado.

As ideias de Muricy pareciam não se encaixar mais e, com isso, a queda na Copa do Brasil logo na segunda fase disputada acabou com a paciência. A pressão aumentou, as críticas começaram e o Flamengo não conseguia fazer bons jogos no Campeonato Brasileiro. Na terceira rodada, o treinador pediu para sair.

Campeão da Copa São Paulo de Futebol Juniores de 2016, Zé Ricardo foi chamado das categorias de base para assumir o furacão rubro-negro. Cercado por desconfiança, o treinador fez o que pôde e, pouco a pouco, conquistou os torcedores e a diretoria, que efetivou Zé. Seu trabalho, ainda mostrando sua forma e se acertando com os erros, ganhou o devido reconhecimento e terá continuidade no próximo ano.

As novas casas rubro-negras: De São Paulo a Cariacica

O Flamengo se acostumou, após anos de uma linda relação, a chamar o Maracanã de sua casa. Porém, com a dificuldade de ficar um ano distante do estádio, o clube precisou encontrar outro lugar para "chamar de seu". E não foi difícil.

Mané Garrincha, Pacaembu, Arena das Dunas, Kléber Andrade, Municipal Juiz de Fora, Édson Passos e Raulino de Oliveira. Além de tantos outros estádios, foram esses os escolhidos para receberem os mandos de campo do Fla. A história de amor em Cariacica foi intensa e, sem dúvidas, acabou se tornando a arma do Flamengo em 2016. De viagem em viagem, o rubro-negro se encontrou até chegar ao Maracanã nas rodadas finais do Brasileirão. Foi um longo caminho de volta.

(Foto: Gilvan de Souza/Flamengo)
(Foto: Gilvan de Souza/Flamengo)

O que esperar para 2017: Um Flamengo mais forte

Renovado, o Flamengo terá um 2017 promissor. Apesar do longo calendário, que contará com a pré-temporada no Ninho do Urubu, Campeonato Carioca, Primeira Liga, Libertadores e Campeonato Brasileiro, o clube terá um planejamento bem pensado e com objetivos traçados.

Além disso, o rubro-negro contará novamente com estádio no Rio de Janeiro, já que confirmou parceria com a Portuguesa e mantará algumas partidas no Estádio Luso Brasileiro. Outra opção passa a ser o Estádio Nilton Santos, ou Engenhão, pois o Botafogo sinalizou interesse em fazer acordos.