Quando falo de Fred, falo do ex-atacante do Fluminense. E quando digo que ele tem razão, é apenas em partes. Mas tem. Ele disse em 2015: “O campeonato carioca tem que acabar”! A competição não deve acabar. É a raiz, a tradição. De longe o campeonato mais charmoso do Brasil. O que deve acabar é o Campeonato Carioca da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FFERJ). Ou a própria FFERJ deveria acabar de uma vez.
Nessa briga mimada não vou dizer quando e quem eu acho certo ou errado pra cada situação. Vou focar em quem sempre esteve errado.
O lucro e a ganância munido da falta de ética, bom senso e ignorância sobre a boa imagem fizeram o Campeonato Carioca se tornar a maior chacota dentre os torneios estaduais do país. Hoje, pouco importa para quem o faz se está bom ou ruim. Se está dando problema ou não. Se está colocando a vida de alguém em risco ou se está tudo seguro. Tudo isso é esquecido desde que haja a maior quantidade de dinheiro possível no bolso de engravatados.
Não deve ser muito difícil perceber que algo bem feito e com uma imagem positiva demora mais, da mais trabalho porém também da mais retorno.
Sabe qual a diferença do Cariocão de hoje para o de 30 anos atrás? A diferença é que valia a pena você ganhar. Valia a pena você ficar ansioso e nervoso pra um clássico com seu rival. Valia a pena porque você tinha um campeonato carioca com o estilo do carioca: simples, charmoso e bom. Muito bom. Provavelmente hoje você não vai ver a torcida do Flu fazendo música pro gol do Luciano. Nem a do Vasco fazendo o mesmo pro gol do Danilo.
Não vale a pena fazer. Não vale a pena você comemorar com bastante êxtase alguma coisa do campeonato carioca. Ganhar é muito bom e todos querem, mas hoje você ganhar no campeonato carioca vale por ganhar do seu rival, e não pelo torneio em si. Você comemora coisas boas, o carioca da FFERJ só te traz estresse e revolta.
E é fácil enxergar isso. Vasco x Fluminense em um domingo a tarde no Maracanã. Que cenário, né? E que cenário foi. Uma praça de guerra, criança tomando cacetada de policial, era tanto gás e spray que não se via nem a multidão direito. O marco da final não foi a final. A final foi o de menos. O marco da final foi um caótico, perigoso e traumatizante fim de semana pra quem queria ver uma final de futebol.
E assim terminou a Taça Guanabara. Terminou como um retrato do que é o Rio de Janeiro hoje junto do seu futebol. Um retrato de caos, desordem, falta de humanidade e de extrema vergonha pra todos. Terminou no melhor estilo FFERJ.