Poucos pensam que a ausência de apenas uma peça do time titular do Flamengo possa fazer tanta falta num jogo. Sim, estamos falando de Gabriel Barbosa. O camisa 9 não entrou em campo contra o Independiente del Valle, na ida da Recopa Sul-Americana, por ter recebido o cartão vermelho na decisão da Libertadores contra o River Plate, e isso prejudicou bastante a estrutura das jogadas ofensivas dos cariocas.

Caso a lógica fosse usada para manter o estilo de jogo padrão de Jorge Jesus, o pronto-reserva de Gabigol é o outro atacante Pedro. No entanto, o Mister optou por começar com Arão, Gerson, Diego Ribas, Everton Ribeiro, Arrascaeta e Bruno Henrique do meio para frente. Ou seja, Bruno Henrique estava como um casado sem seu parceiro numa festa de gala: um tão avulso.

A falta de entrosamento era nítida como o formato testado pelo treinador português. Tanto que o Flamengo conseguiu finalizar apenas cinco vezes no primeiro e outras quatro depois do intervalo. Na maior parte do tempo em jogadas ofensivas, a bola rolou no lado esquerdo do ataque flamenguista. Para ser mais preciso, 52% das ações de ataque  foram pelo lado esquerdo. Faltou um Gabigol na direita para equilibrar as subidas e ocupar a marcação adversária.

Quem é atento aos números do Fla verá que na Supercopa do Brasil o atual campeão da Libertadores também deu nove chutes em todo o confronto, e lá tinha Gabigol e Bruno Henrique. Mas os números não falam por si só, precisam ser contextualizados. Em Brasília, foram quatro grandes chances criadas, mas em Quito foram apenas duas. Ainda bem que, para a torcida, a eficiência customiza os jogadores do Mais Querido já que nessas duas oportunidades nítidas, dois gols foram marcado no Equador.

Outro ponto que chamou atenção foi a posse de bola. Desde a vitória contra o Grêmio, por 1 a 0 no Sul, em jogo válido pela 34ª rodada do Brasileirão (dia 17/11/2020), o Flamengo não tinha esse número inferior ao adversário — isso excetuando os jogos do Campeonato Carioca 2020. Contra o Tricolor Gaúcho, o Rubro-Negro teve apenas 32% da posse, mas vale ressaltar que Jorge Jesus estava com sua equipe alternativa. Frente ao Ind. del Valle, foram 47%.

E daí? A falta de Gabigol no esquema do Mister retira uma opção ofensiva que pega a bola e gera perigo de gol com sua intensidade. Até o momento, essa peça é insubstituível por mais que Pedro se apresente bem nos momentos que entra. É a ausência da famosa "entrosamento". Mas ele deve vir aos poucos na caixa de atacantes do Flamengo.