Após decepcionantes tentativas na grama londrina, Kevin Anderson está nas semifinais mostrando grande força mental. Nesta quarta-feira (11), o sul-africano venceu o favoritíssimo Roger Federer, cabeça de chave número um do torneio, por três sets a dois, com parciais de 2/6, 6/7(5), 7/5, 6/4 e 13/11, numa maratona das mais épicas com duração de 4h17 em partida válida pelas quartas de final de Wimbledon.

Do lado do suíço, há poucas coisas a se comemorar, incluindo as mais estranhas das estatísticas. Em 2011, Federer perdeu depois de ter dois sets acima contra Jo-Wilfried Tsonga, sendo essa derrota também nas quartas de final. É a quinta vez que ele toma esse tipo de virada na carreira. Além disso, é a quarta vez consecutiva que Federer perde para o número #8 da ATP: Zverev (Canadá, 2017), Goffin (ATP Finals, 2017), del Potro (Indian Wells, 2018) e Anderson (Wimbledon, 2018).

Para Kevin Anderson, apenas o que comemorar. O sul-africano chegou às quartas de final de Wimbledon pela primeira vez na carreira, e descartou o favoritismo de seu adversário para avançar às semis. É a primeira vez que conquista uma vitória sobre top-10 no torneio, e a décima sobre este grupo na carreira. Além disso, Anderson jamais havia vencido um número #2 na carreira: eram quatro derrotas em quatro jogos, sendo três deles contra Djokovic.

No entanto, os números e o favoritismo de Roger Federer não entraram em quadra. Ao menos, não nos três últimos sets. Nos dois primeiros, o suíço conseguiu um aproveitamento muito bom em seu jogo, conseguindo 20 winners e 10 erros, contra 17 winners e 15 erros não-forçados do sul-africano.

No entanto, Anderson evoluiu o seu jogo, marcando 48 bolas vencedoras e apenas 16 erros não-forçados nos últimos três sets. Federer, por outro lado, não conseguiu acompanhar o ritmo, cometendo 23 erros não-forçados em meio a 42 winners. No serviço, ambos tiveram aproveitamento de primeiro saque muito próximos aos 70%, o que dificultou a existência de quebras de saque. Nos aces, Anderson conseguiu marcar mais, como de costume. Foram 28 contra 16 de Federer.

Em entrevista, Anderson se mostrou bastante surpreso com a vitória, dizendo que estava 'sem palavras para descrever o momento'.  Sempre com uma atitude muito positiva, ele refletiu isso na entrevista, afirmando que continuou lutando, mesmo quando estava em situação de risco no terceiro set. Disse que, até em momentos mais complicados, dizia a si mesmo que aquele era o seu dia, e que, quando se tem dúvidas e incertezas quanto ao que irá acontecer, as coisas não correrão bem.

O suíço, apesar de ter criticado o seu jogo em entrevista, também elogiou o sul-africano. "Eu conheço o Kevin. Eu tive minhas chances, mas ele foi muito sólido e consistente". Quanto ao seu nível apresentado, Federer reclamou de seu início de rally, afirmando que não conseguiu encaixar o saque e o golpe em sequência muito bem.  Quando questionado sobre a questão da quadra — uma vez que havia sido colocado para jogar na quadra um, e não na central —, o suíço disse que não teria alterado nada e que não se importava tanto com a situação.

Com a vitória, Kevin Anderson terá um jogador no mínimo semelhante a ele para enfrentar nas semis: Milos Raonic ou John Isner. Em Wimbledon, o canadense já fez final em 2016, enquanto o americano jamais havia avançando às oitavas. No confronto direto, o canadense tem uma vitória e uma derrota contra o sul-africano, enquanto o estadunidense lidera o confronto direto por oito a três contra Anderson.