Balotelli diz que teria tido 'menos problemas' caso fosse branco e acredita na 'próxima geração'

Atacante italiano do Nice abre o jogo sobre racismo e reflete: "Devemos ensinar nos filhos que todos são iguais, apesar das diferenças"

Balotelli diz que teria tido 'menos problemas' caso fosse branco e acredita na 'próxima geração'
charley-moreira
Por Charley Moreira

Vítima recorrente de racismo no futebol, o atacante Mario Balotelli, do Nice, afirmou, em entrevista à revista francesa So Foot, que teria passado menos perrengues em sua vida caso fosse branco. 

"Em alguns estádios, as pessoas gritavam 'não há italianos negros' para mim, mas eu sou a prova de que existem", disparou o atleta, que não é convocado para a Seleção Italiana desde a Copa do Mundo de 2014.

"Mesmo que eu seja italiano, nascido e criado na Itália, a lei afirma que eu só me tornei italiano quando completei 18 anos. A lei está errada e talvez seja por isso que até hoje algumas pessoas veem o preto como a cor da diversidade, da inferioridade de um erro no meio de uma fotografia em equipe", completou Balo, hoje com 27 anos.

A carreira de Balotelli é cheia de polêmicas. Por exemplo, chegou a vestir a camisa do Milan enquanto defendia a Internazionale – os dois times são rivais –; colocou fogo em sua casa em Manchester após soltar fogos artifício do banheiro da residência; brigas com colegas de equipe durante sua passagem pelo Manchester City; entre outras.

Balotelli é filho de dois imigrantes ganeses, mas nasceu e foi criado em Palermo, na Itália 

No entanto, o centroavante acredita que teria enfrentado mesmos problemas caso não fosse negro. "Eu acho que se eu fosse branco, teria tido menos problemas. Talvez eu tenha causado alguns dos meus próprios problemas e tenha tido a atitude errada às vezes, mas teria sido perdoado mais rapidamente? Absolutamente sim", bradou.

Balotelli tem esperança num futuro melhor, com menos preconceito. Mas para que haja mudança, afirma o jogador, é necessário que os pais ensinem questões de igualdade e respeito às crianças. "A Itália não é um país racista, mas tem alguns racistas nela. A mudança está nas mãos da próxima geração e devemos ensinar nossos filhos que todos são iguais, apesar das aparentes diferenças", refletiu.


+ Após temporadas ruins, atacante Mario Balotelli consegue redenção no futebol francês

+ Balotelli admite vontade de jogar Champions League e afirma: "Voltaria para o City de graça"