Ambição, consistência e humildade: a campanha de título do Atlético-GO na Série B

Equipe rubro-negra conquistou pela primeira vez o título de campeão brasileiro da Série B; Veja um resumo da campanha do Dragão

Ambição, consistência e humildade: a campanha de título do Atlético-GO na Série B
Dragão foi campeão com duas rodadas de antecedência (Foto: Divulgação/Atlético-GO)
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Por Wagner Oliveira

Após vencer a equipe do Tupi em um estádio Olímpico lotado, o Atlético-GO conquistou pela primeira vez na sua história, o título de campeão brasileiro da Série B. Não foi um título qualquer para o torcedor atleticano, que agora verá seu time disputando uma Série A novamente e também verá uma estrela a mais no escudo do time.

Com a conquista, o Atlético se tornou o maior campeão nacional do Centro-Oeste com três titulos no total: dois Brasileiros da Série C (1990 e 2008) e agora um Brasileirão da Série B (2016). Existe também a conquista do Torneio Integração Nacional (1971), mas que não é reconhecido pela Confederação Brasileira de Futebol.

No começo do campeonato, até pela decepção no primeiro semestre, o Atlético-GO podia ser apontado como mais um time na competição, que iria brigar em meio de tabela ou por uma permanência na Série B na pior das hipóteses, mas graças à um treinador com ambição e um elenco unido, superaram todas as críticas e desconfianças.

O ínicio surpreendente de Marcelo Cabo 

Depois de uma eliminação inesperada nas semifinais do Goianão para o Anápolis e uma queda na Copa do Brasil precocemente logo na primeira fase diante do Ypiranga de Erechim, poucos acreditavam numa campanha agradável do Atlético-GO na Série B. Tudo isso culminou na demissão do treinador Wagner Lopes, o então técnico no começo da temporada. O campeonato nacional estava batendo na porta e era necessário trazer um novo comandante, que unisse o elenco e que fizesse um bom trabalho.

Adson Batista, o diretor de futebol do clube, contratou Marcelo Cabo. Um nome desconhecido por todos e que foi muito criticado no começo, antes de começar a executar seu trabalho no Dragão. Os clubes que ele havia treinado, com exceção de passagem curta no Ceará, não eram de grande repercussão (Tombense, Volta Redonda, Macaé, Tigres-RJ, Resende), por isso a incerteza era muito grande.

Foto: Divulgação/Atlético-GO
Foto: Divulgação/Atlético-GO

Porém, Marcelo provou que não veio para brincadeiras. Logo de cara, nas quatro primeiras rodadas, venceu Oeste, Brasil de Pelotas, Ceará e Vila Nova. Algumas rodadas depois, chegou a vencer o Vasco da Gama por 2 a 1 jogando no Espírito Santo, em um estádio recheado de vascaínos. Naquele início, o clube carioca era cotado para toda a imprensa como o grande favorito ao título da Série B e estava invicto a mais de 30 jogos

Com o passar de um longo primeiro turno, a equipe atleticana conseguiu manter uma consistência desde o início e terminou o primeiro turno dentro do G-4, impressionando à todos os críticos e torcedores.

Não era nenhum "cavalo paraguaio"

Ainda existia um segundo turno inteiro pela frente atrapalhando o acesso do Atlético-GO, então, muitos passaram à considerar o clube como um "cavalo paraguaio". Em outras palavras, era um time que estava lá em cima, mas que tinha muitas chances de cair na tabela. 

Logo de cara, o Atlético vencia o Oeste em casa até os minutos finais, mas sofreu um gol nos acréscimos e a partida terminou empatada. Foi um vacilo feio e que reforçou a tese do "cavalo paraguaio" nas torcidas rivais e na imprensa, mas isso só durou uma rodada.

A equipe rubro-negra saiu para jogar com o Brasil de Pelotas, no Bento Freitas, onde o time gaúcho não havia perdido uma partida sequer. Bom, o Atlético quebrou esse tabu. Venceu por 1 a 0 e assim voltou a ser elogiado e a lutar por algo a mais durante o campeonato. 

A boa campanha atleticana não era devido apenas ao técnico, mas também à um grande jogador do clube: Magno Cruz. O meio-campista vinha agradando em várias partidas e era titular absoluto do time de Marcelo Cabo. Na partida contra o Bragantino, o atleta marcou dois gols e garantiu a vitória por 2 a 1 fora de casa. Aquele jogo e aqueles três pontos foi uma confirmação de que o Atlético não tinha nada de "paraguaio", mas sim, de um país de primeiro mundo.

O duelo pela liderança com o Vasco da Gama ficava cada vez mais intenso, visto que o clube carioca estava vacilando em algumas partidas e perdendo pontos importantes, permitindo que o Atlético chegasse perto. No duelo em São Januário entre as duas equipes, o time goiano bem que tentou, mas perdeu por 2 a 0 para os cruzmaltinos e parecia que o sonho do título não passaria de um sonho.

Foto: Divulgação/Vasco da Gama
Foto: Divulgação/Vasco da Gama

A nova casa do Dragão da Campininha

Durante todo o campeonato, mesmo com a campanha impressionante do Atlético, o torcedor rubro-negro parecia ter uma antipatia enorme com o Serra Dourada. A média de público do clube era muito baixa, e era preciso fazer alguma coisa, pois os dirigentes queriam o máximo de torcedores por perto.

Sendo assim, o estádio municipal Pedro Ludovico, mais conhecido como Olímpico, estava pronto. Tinha capacidade para 12 mil pessoas e além de carregar uma história grande, visto que o Olímpico era a casa dos times goianos antigamente e foi demolido um pouco depois da construção do Serra Dourada. 

Foto: Divulgação/Atlético-GO
Foto: Divulgação/Atlético-GO

Não se esperava muito que a torcida atleticana abraçasse o novo estádio, mas o resultado foi surpreendente. Logo na estreia do time no Olímpico contra o Joinville, mais de 11 mil torcedores compareceram, colorindo as cadeiras de vermelho e preto.  Mas o resultado não foi dos melhores, a equipe novamente sofreu um gol nos acréscimos e o jogo terminou em 1 a 1.

Motivo para desacreditar? Não. O Atlético emplacou quatro vitórias seguidas vencendo CRB, Avaí, Paysandu e Criciúma. Dois deles no estádio Olímpico, sempre lotado. Após isso, a equipe viu sua liderança ser ameaçada após uma derrota para o Náutico em Recife, que culminou em uma série de reclamações do treinador Marcelo Cabo com a arbitragem.

Foto: Divulgação/Atlético-GO
Foto: Divulgação/Atlético-GO

Para continuar brigando pela ponta, era necessário vencer o clássico contra o Goiás na rodada seguinte. A equipe esmeraldina já não brigava mais por nada no campeonato, mas estava com vontade de atrapalhar a vida do rival, e como se tratava de um clássico, o jogo teve de ser no Serra Dourada. Isso não atrapalhou o Dragão, que venceu a partida por 4 a 2 e praticamente estava com o acesso garantido. Bastava apenas uma vitória para a equipe confirmar, de fato, sua vaga na elite do futebol brasileiro.

Brilhava a estrela do garoto Luiz Fernando

Não era apenas Magno Cruz que brilhava no time do Atlético. Luiz Fernando, meia de apenas 20 anos, já havia marcado dois gols no clássico contra o Goiás, e era uma das grandes apostas para o jogo contra o Londrina, no Estádio do Café. A partida contra os paranaenses era extremamente decisiva, visto que o adversário brigava por uma vaga no G-4. Se o clube rubro-negro vencesse, estaria matematicamente na Série A do Brasileirão.

Foto: Divulgação/Atlético-GO
Foto: Divulgação/Atlético-GO

A partida foi muito equilibrada e o Atlético sofreu com erros de arbitragem. O placar estava em 2 a 2 e os dois gols do Londrina foram irregulares, mas o tempo corria em aberto e era difícil saber quem venceria. Júnior Viçosa, autor de dois gols do Atlético no jogo, saiu para a entrada de Luiz Fernando, que no finalzinho, marcou o gol da vitória e do acesso.

A consagração e o título

Com o acesso nas mãos, faltava conquistar o tão sonhado título. Bastava uma vitória para o Atlético ser o campeão, e o melhor disso é que a partida seria no Olímpico, contra o Tupi, que entrou em campo praticamente rebaixado para a terceira divisão.

Os ingressos esgotaram rapidamente. A festa seria toda do Dragão odo começo ao fim. A equipe do Tupi até deu trabalho, mas era muito difícil parar o forte ataque do Atlético, que com gols de Gilsinho, Marllon, Luiz Fernando, Jorginho e Matheus Carvalho, garantiu o título com uma vitória por 5 a 3. 

Foto: Divulgação/Atlético-GO
Foto: Divulgação/Atlético-GO

O Atlético-GO em 2017

Faltam ainda duas rodadas para acabar o Brasileirão, mas o Atlético-GO já vai pensando em 2017. O clube quer manter o treinador Marcelo Cabo e uma boa base do elenco atual para o próximo ano, pensando na Série A. Será a quarta edição do clube disputando a elite do futebol brasileiro.