Presidente da Valle Express fala sobre problemas da relação com Fluminense

Entre as críticas, está a falta de ações de marketing por parte do clube

Presidente da Valle Express fala sobre problemas da relação com Fluminense
FOTO DE MAILSON SANTANA/FLUMINENSE FC
jessicaalbuquerque
Por Jéssica Albuquerque

Recentemente, o Fluminense anunciou que a empresa Valle Express não é mais patrocinadora do clube. O fim da parceria aconteceu, segundo o clube, devido a uma dívida de R$ 1,4 milhão da empresa do ramo de cartões.

E nesta quinta-feira (9), o site NetFlu divulgou a entrevista exclusiva com o presidente da Valle Express, César Malta. Ele afirmou que a rescisão pegou a empresa de surpresa.

Estamos prestes a virar um banco e o Fluminense abriu mão da parceria. É claro que a gente queria uma renegociação daquilo que foi acordado, porque ficamos durante meses sem ter a contrapartida do Fluminense completa pra gente. Inclusive, conversei com pessoas do Fluminense ontem (terça-feira), que me mandaram mensagem, dizendo que queria manter-se na camisa, fazer negociação para não gerar desgaste para o Fluminense, nem para a Valle. Mas, pelo visto, eles não tinham interesse” disse o presidente.

Quando foi perguntado se não houve notificação por parte do Fluminense, a respeito desse não pagamento, o presidente da empresa afirmou que eles notificaram em abril e maio.

Vieram notícias de não pagamento e o banco (que adquiriu a Valle) quando entrou, mandou um diretor de operações lá. Depois, mandou um escritório de advogados fortes do Rio para ir lá, dizendo que se não cumprisse, iriam queimar o nome da Valle. Quando viram que o banco ia se movimentar, ao invés de tentar acertar a coisa, eles preferiram rescindir”.

César Malta também declarou que a Valle nunca ficou inadimplente com o clube, que desde abril vinham notificando o clube que os pagamentos estavam suspensos até que eles regularizassem todos os compromissos que tinham com a empresa. E acusou o clube de esconder o nome da Valle nas fotos postadas nas redes sociais, inclusive.

Nós patrocinamos as categorias de base, que foi campeã no início do ano e a gente não estava nas camisas. Quando tem jogo, não muda muito o acesso pra gente, é insignificante a alteração. Mas uma matéria, reportagem, entrevista de um jogador, muda pra gente. Nós ficamos por vários meses sem estar na camisa de treino do Fluminense. Eles embaçavam praticamente todas as fotos. Era para estarmos na porta do ônibus do Fluminense e não estávamos; era para termos 32 ou 24 placas no CT, mas não tinham”.

No contrato, há uma cláusula que explica que a partir de três débitos, consecutivos ou não, o Fluminense teria direito a romper o vínculo. César Malta declarou não contar como atrasos esses débitos.

Não conta como atraso teoricamente, porque eles foram informados que estavam suspensos até regularizarem. Até uma, duas semanas atrás, eles simplesmente se omitiram, não falaram nada. Ou seja, eles aceitaram a sugestão”.

Em relação à participação do antigo CEO do Fluminense, Marcus Vinícius Freire, ao lado do Barcelos, no contrato entre Valle e Fluminense, César Malta afirmou que todos foram unânimes em deixar claro que ninguém tomaria decisão sozinho.

Foram lá na Valle pessoalmente, viram nossas contas, olharam e tinham ciência de que a nossa empresa estava em crescimento. Por isso a importância do marketing pra gente. Esperávamos muito que o Fluminense ajudasse a gente com marketing agressivo e forte, para crescermos mais. Isso não aconteceu, infelizmente”.

César Malta também afirmou que comentários sobre a modesta sede da empresa foram até motivo de piada. E que são uma empresa jovem, que entrou no mercado há cinco anos. Destacou que o principal a ser mostrado seriam os resultados.

A sede é até grande. Temos um prédio inteiro, de cinco andares, patrimônio da Valle, temos uma outra sede também, com cento e tantas pessoas trabalhando. Estamos com quase 700 franquias no país, fechamos com uma empresa norte-americana, estamos lançando um banco, tem cartão de crédito”.

O presidente da Valle declarou que não houve nenhum estudo de ação de marketing do clube. Tiveram que agir por eles mesmos. O clube não apresentava um projeto de marketing, além de complicar as ações feitas pela empresa.

A gente pagou um vídeo para passar no telão, que custou R$ 15 mil, mas falaram na última hora que não poderia passar, porque tinha um sombreado embaixo do escudo. A gente levou investidores com a gente e não passou. Em momento nenhum a gente teve um plano de marketing. A gente publicava e tinha que comunicar eles”.

Em seguida, ele também falou sobre os moldes do contrato, com pagamentos progressivos do menor para o maior valor. E explicou os motivos de tal contrato.

Eu dizia que não tinha como pagar um milhão por mês hoje, mas diziam que dariam apoio, que a empresa iria crescer, que teria jogador gravando vídeo. Questionei se me garantiriam isso e eles disseram que sim. Perguntaram se eu iria para manga, eu disse que não interessava, O que nos interessava era ser patrocinador master. Disseram que a gente iria evoluir, vender um milhão de cartões. Mas eu fiquei órfão lá da ajuda do marketing, infelizmente”.

César Malta falou sobre o grupo norte-americano que fez a aquisição da Valle Express, mas preferiu não revelar o nome deles. Disse que são um grupo de investidores que compraram 40% da Valle e estão criando uma empresa que ser uma holding.

É uma empresa de fundo de investimentos e aí ela vai criar essa holding, que estará pronta ano que vem. Infelizmente não deu tempo de lançar nada com o Fluminense”.

Quando questionado se a rescisão havia sido por conta de questões políticas do Fluminense, César Malta declarou que só se fosse por parte do clube.

Não do meu lado, mas pelo lado do Fluminense. Toda vez que a gente vai no campo, vemos a torcida xingando o presidente, a diretoria. O pessoal fica sem entender o que está acontecendo, até os próprios investidores” finalizou.