A segunda derrota do Flamengo em duas rodadas neste Brasileirão teve requintes de crueldade. Em Goiânia, o atual campeão encarou o Atlético-GO, que fez sua estreia na competição. Ainda conhecendo o elenco, o técnico catalão Domènec Torrent fez alguns experimentos e levou uma surra do Dragão por 3 a 0 na noite desta quarta-feira (12).

Chegar e apostar em alguns esquemas táticos diferentes que os já usados é até rotineiro para treinadores que acabam de assumir equipes. Com Dome não é diferente. Para sair do 4-4-2 enraizado com Jorge Jesus, o espanhol experimentou o 3-4-3. Em contraponto, o técnico atleticano Vagner Mancini soube motivar bem seus jogadores e criar um espírito de finalíssima nos goianos, além de articular bem os contra-ataques.

Domènec e seus experimentos que deram errado logo no primeiro tempo

Muito isolado, Gabigol não apareceu bem no jogo (Foto: Alexandre Vidal / Flamengo)
Muito isolado, Gabigol não apareceu bem no jogo e segue no jejum de seis jogos sem marcar gol (Foto: Alexandre Vidal / Flamengo)

Primeiro tempo em Goiânia foi de pleno passeio atleticano. Com três zagueiros, o Flamengo ficou perdido com a troca de estilo de jogo. Dome deixou Léo Pereira, Gustavo Henrique e Rodrigo Caio, que sofreu muito com o atacante Ferrareis — trinca de zaga nunca atuou junta. Insistindo em jogadas pelas pontas, o Atlético-GO conseguiu facilmente abrir o placar com Hyuri, aos 15'. Os cariocas não conseguiram reagir a altura e ainda viram Jorginho ampliar aos 32 minutos. Estava nítido o desentrosamento da equipe flamenguista.

Antes de acabar o primeiro tempo, Ferrareis fez o terceiro gol, mas esse estava impedido e foi anulado pelo VAR. Ou seja, o primeiro tempo do Flamengo foi um desastre tanto defensiva quanto ofensivamente, já que na frente, Bruno Henrique estava deslocado apenas à ponta esquerda, Vitinho à direita, Gabigol isolado e, mais atrás, Everton Ribeiro, pelo meio. Destaque para Arrascaeta que começou no banco.

Foram 66% de posse de bola para o Flamengo e 34% para o Dragão, mas os donos da casa deram oito chutes (quatro a gol) contra só um dos visitantes (nenhum a gol). A verticalidade esteve nas mãos e nos pés do Atlético.

Novas mudanças e nada para o Fla no segundo tempo

Para o segundo tempo, Domènec colocou Pedro no lugar de Vitinho e retomou a defesa com quatro defensores ao pôr Rafinha na vaga de Gustavo Henrique. Então, o time passou ao 4-2-3-1. Ainda no começo da etapa final, Arrascaeta entrou no lugar de Everton Ribeiro, que saiu balançando a cabeça negativamente.

Mesmo com as novas mudanças, o Flamengo se apresentou de forma bastante pobre. Gabigol e Bruno Henrique não deixavam de mostrar raça e dedicação — mas só isso não é suficiente para virar o jogo. O ânimo era alto para a virada, porém o balde água fria aconteceu aos 61 minutos, com um golaço de Ferraris, arriscando de longe. A partir do 3 a 0, os cariocas ficaram nervosos em campo, principalmente o experiente Rafinha. Para provar tal sensação, o goleiro Diego Alves agrediu o atacante Matheus Vargas com um tapa aos 83' e foi expulso de maneira infantil. Já com o 3 a 0 consolidado no placar, o Atlético apenas conservou e cozinhou o jogo.

Melhores momentos

Desfecho e saldo do jogo

Domènec deixou claro que vai mudar aquele esquema de Jorge Jesus que foi vitorioso ano passado e metade deste 2020. O 4-4-2 do português deve dar lugar, com o tempo, ao 3-4-3 do catalão. Pôr o próprio estilo de atuar é totalmente válido, mas mudar drasticamente é o ideal? É justamente isso que martela na cabeça da torcida flamenguista. Em contraponto, o Atlético-GO de Mancini se mostrou uma equipe bem organizada e aplicada pelas pontas, principalmente com Hyuri e Ferrareis.

Próximos compromissos

Ainda em busca da primeira vitória, o Flamengo viaja ao Paraná para encarar o Coritiba às 19h30 do próximo sábado (15) — desde 1997 o Fla não perde nas duas primeiras rodadas do Brasileirão. No dia seguinte, o Atlético-GO joga novamente em casa, agora contra o Sport, às 19h.