Um possível caso de doping na seleção da Rússia tem dado o que falar neste sábado. Uma reportagem do jornal inglês “Daily Mail” revela que toda a seleção russa que participou da Copa do Mundo de 2014 estaria envolvida em novo escândalo com substâncias proibidas. Entre os atletas envolvidos, cinco faziam parte do elenco russo que participou da Copa das Confederações 2017: neste sábado, os donos da casa foram eliminados na primeira fase do torneio após derrota para o México.

Akinfeev, Samedov, Glushakov, Zhirkov e Kanunnikov são os cinco nomes que estavam presentes tanto na Copa do Mundo de 2014 quanto na Copa das Confederações 2017. Esta é a primeira vez em que um elenco de futebol completo é investigado por doping na história. Além de outros 11 futebolistas profissionais, a investigação apurou que todos os 23 atletas relacionados para a Copa do Mundo de 2014 estão envolvidos no que pode se confirmar como o maior escândalo de doping da história do futebol.

A reportagem do jornal inglês também afirma que oficiais da FIFA possuem um dossiê completo com detalhes e evidências da investigação. Um dos porta-vozes da federação confirmou que “ainda estão investigando as alegações”. O jornal ainda teve acesso a e-mails do ex-chefe de controle do anti-doping da Rússia, onde o mesmo detalhava a manipulação das amostras de jogadores, além de falar abertamente sobre as ordens do governo russo para esconder quaisquer irregularidades.

Novo escândalo de doping envolvendo a Rússia após atletismo na Rio 2016

Este é o segundo grande escândalo de doping envolvendo a Rússia em torneios esportivos internacionais. Nas Olimpíadas Rio 2016, uma investigação flagrou um sistema de doping institucionalizado na Rússia – o sistema envolvia atletas, dirigentes, integrantes do governo russo, membros da Federação Internacional de Atletismo (IAAF), entre outros.

A investigação da Agência Mundial Anti-Doping (WADA) começou após uma “dica” de uma atleta. Yuliya Rusanova, uma corredora russa, foi suspensa no início de 2013 após seu exame antidoping apontar o uso de subtâncias proibidas. A atleta e seu marido, inconformados, entraram em contato com o jornalista alemão Hajo Seppelt em 2014 a fim de desmascarar todo o sistema de doping na Rússia. O repórter entrou em contato com outros atletas que pudessem confirmar a história de Yuliya e, a partir daí, produziu o documentário “Top-Secret Doping”. Antes da veiculação do documentário, o repórter encaminhou os dados recolhidos à WADA, que formou uma comissão independente para cuidar da investigação do caso.

A investigação desmascarou que o sistema de doping na Rússia partia de técnicos e dirigentes, que obrigavam os atletas a usarem substâncias proibidas. A Agência Russa de Anti-Doping (RUSADA) contrabandeava as substâncias, que são ilegais no país, e as oferecia a atletas. O sistema demorou a ser descoberto, já que a própria Federação Russa de Atletismo pagava propina ao laboratório para garantir que nada constasse nos exames antidoping.

Com a deflagração do sistema, o atletismo da Rússia foi banido de quaisquer participações na Olimpíada Rio 2016. Até os dias de hoje, este permanece sendo o maior escândalo de doping na história do esporte mundial.  

Relembre outros casos de doping na história do futebol

Caso os dados da investigação se confirmem, o escândalo russo entrará para a história como o maior caso de doping do futebol mundial – mas esta não é, nem de longe, a primeira vez em que isso acontece.

Entre os casos mais famosos, vale ressaltar o de Maradona, que foi flagrado em exame antidoping na Copa do Mundo de 1994. O argentino, que já havia se envolvido em escândalo de consumo de cocaína, foi pego em exame pelo consumo de cinco substâncias da família efedrina. Presentes em descongestionantes nasais e responsáveis por um estímulo adicional aos jogadores, os produtos foram utilizados por Maradona antes de partida contra a Nigéria. O jogador foi afastado e posteriormente excluído do Mundial de 1994. Era o ínicio do fim de Dieguito: após o escândalo, o camisa 10 da Seleção Argentina perdeu visibilidade, e pendurou suas chuteiras em 1997 depois de uma decadente passagem pelo Boca Juniors. Maradona ainda terminou sua carreira sob rumores de que teria sido pego em um novo exame antidoping.

Outro caso notório envolve a Juventus: o médico da equipe italiana, Riccardo Agricola, foi condenado por ter feito uso de substâncias ilícitas para melhorar a performance dos jogadores no período de 1994 a 1998. Riccardo passou 22 meses preso por fraude desportiva, mas foi posteriormente absolvido: o tribunal afirmou que a relação entre a melhora no desempenho dos atletas e o uso dos fármacos não pode ser comprovada.

O caso mais recente foi divulgado na última quinta-feira (22). Em entrevista, o médico da Conmebol anunciou que dois atletas do clube River Plate foram flagrados em exame antidoping. O uso de substâncias proibidas teria acontecido na primeira fase de Copa Libertadores da América. A Associação de Futebol Argentina (AFA) e o conselho disciplinar da Conmebol já estão cientes do caso – no entanto, as punições ao clube portenho ainda não foram decididas.